Portugal já é o sexto maior centro de competências da Siemens. E a unidade nacional vai continuar a destacar-se a nível mundial. Ao Negócios, Sofia Tenreiro diz que a empresa está a focar os investimentos em IA e está a recrutar 250 pessoas para os dois centros inseridos na operação.
Sofia Tenreiro, que assumiu a liderança da Siemens Portugal este ano, garante que Portugal é "obestkeptsecref' e isso vê-se nas inovações que têm acontecido na Rua Irmãos Siemens.
Consciente de que Portugal tem de se posicionar face aos avanços tecnológicos, a gestora revela ao Negócios que a unidade portuguesa investiu na abertura de centros de inteligência artificial (IA) e "user experience" (UX) para alavancar a sua posição no mercado global.
"Temos mais de 1.500 pessoas a nível mundial a trabalhar em LA, especificamente, e em Portugal decidimos investir também. Temos mais duas equipas que vão aumentar nos próximos anos, uma de IA e outra de UX, porque cada vez mais as soluções tecnológicas que temos de produzir têm de ser apelativas para os clientes. A IA é cada vez um foco maior e estamos a aproveitar toda a informação que temos dentro de casa e os dados dos clientes para os diferentes usos e ajudá-los a tomarem decisões", afirma a primeira mulher a ser CEO da Siemens em Portugal.
Estes novos centros de competências focados nas novas tecnologias, que deverão começar a operar em 2026, chegam depois de a casa-mãe anunciar o investimento de mil milhões de euros nos próximos três anos para escalar as ofertas de LA E a unidade portuguesa, com Sofia Tenreiro aos comandos, está pronta para continuar a acelerar a sua contribuição, seja para os resultados do grupo ou para a economia nacional.
"Vamos contratar cerca de 250 pessoas para estas duas áreas", admitindo que este será apenas um número inicial, uma vez que o escalar da operação vai permitir mais contratações no futuro. "Isto é muito importante. Acho que nós, muitas vezes, em Portugal nos autolimitamos e achamos que somos um país pequeno, e como assim o somos, temos a relativa importância no mundo. Mas a Siemens Portugal é o exemplo de como uma estratégia e um investimento consistentes ao longo dos anos, mas também lideranças fortes, conseguem tornar numa empresa que exporta dois terços do valor que gera, e que consegue dar cartas a nível mundial e ter um papel muito relevante", destaca Sofia Tenreiro em entrevista ao Negócios, na mesma semana em que a empresa em Portugal celebra o seu 120.° aniversário.
"Estamos a fazer estes investimentos para robustecer a nossa presença e a nossa oferta em IA e UX, porque são áreas absolutamente críticas para o nosso futuro. Ao trazermos as pessoas, vamos conseguir aumentar a capacidade e acelerar", diz a gestora.
A beneficiar Portugal, considera, está "uma situação única de posicionamento geográfico e de proximidade ao continente americano, África e à própria Europa", sustenta, aliada "atodo o contexto de universidades, que estão em todos os rankings de qualidade, de talento, não só técnico mas também em termos de capacidades humanas, as chamadas 'soft skills', e também o próprio ecossistema".
Com o conglomerado alemão focado em eletrifícação, automação e digitalização, a empresa em território nacional - que passa por Matosinhos, Corroios e Amadora - quer ir mais além, acrescentando a IA "O nosso grande foco é como continuamos ajuntar o mundo real ao digital e extraímos valor, porque hoje está tudo ligado. E o que não está ligado tem que se ligar para conseguir ter eficiência".
Além do centro dedicado, onde cabe a IA na unidade portuguesa? "A IA é um dos nossos pilares de crescimento. Tem duas grandes finalidades: por um lado, aumentar a nossa própria eficiência e a nossa própria produtividade, porque acreditamos que a lA é um super poder, e aliado às equipas e à 'expertise' que já temos, conseguimos aumentar a produtividade e entregar o melhor resultado", explica Sofia Tenreiro, acrescentando que o segundo objetivo passa "por utilizar IA no portefólio que vai sendo criado e na forma como entregamos os projetos."
PERGUNTAS A SOFIA TENREIRO
CEO da Siemens Portugal
É possível "impactar de Portugal para o mundo"
Chegou à Siemens Portugal a 1 de maio deste ano, mas já bebe dos 120 anos de conhecimento da empresa (cada vez mais) tecnológica. Com um total de 4.300 colaboradores e em crescendo, devido ao impacto que os novos centros especializados vão ter na empresa, Sofia Tenreiro revela que a sede na Alemanha acompanha atentamente a atividade no território nacional e que a Siemens em Portugal está aberta para o mundo.
Portugal posiciona-se como o sexto centro de competências da Siemens e está a crescer. Como se passa de uma empresa de engenharia para este braço digital?
Não é difícil. Temos uma equipa incrível e uma grande diversidade de engenheiros que trabalham connosco há muitos anos e depois temos pessoas muito novas e muito digitais. Esta diversidade de população faz com que seja mais fácil, porque acabamos por fazer um intercâmbio de gerações com "skills" complementares.
Estamos habituados a fazer estas transformações e olhar para o médio e longo prazo é muito importante, até numa perspetiva de investimento. Somos uma empresa que abraça a inovação, e isso é muito valorizado pelos "headquarters", por isso é que somos o sexto maior centro de competências a nível mundial, não é porque sejamos o mais barato.
Vão buscar talento às universidades?
Vamos buscar muito talento às universidades e depois complementamos porque temos necessidades muito específicas. Temos parcerias muito fortes com as universidades, mas quando trazemos os mais jovens damos-lhes formação. Temos várias academias dentro de casa com diferentes tipos de tecnologia e, mediante as necessidades, damos formação de um ano e depois integramos. A nossa formação complementa a das universidades.
Há espaço para ir além do sexto lugar?
A Áustria é um país equiparável com Portugal, os outros são muito grandes, como a China, EUA, Alemanha ou índia. O nosso grande objetivo é continuarmos a manter este crescimento. A própria empresa vai crescendo e os centros de competência acompanham. Mais do que quer subir no "ranking" é continuar o impacto que temos, quer local, quer internacional.
Por exemplo, temos uma equipa portuguesa a trabalhar num projeto de metaverso com o Governo de Singapura. Isso enche-nos de orgulho, porque é o impacto que conseguimos gerar para o mundo inteiro com equipas e "expertise" português. Temos também a nossa fábrica de Corroios, que dizemos que é o nosso ecossistema de mobilidade, porque é mais do que uma fábrica: temos Investigação e Desenvolvimento, manutenção, serviços. Esta fábrica serve o mundo inteiro, exceto a América do Norte, desde Portugal.
Este é mais um motivo de orgulho, de como conseguimos com o talento e investimento português, e com muita resiliência, impactar de Portugal para o mundo. Estamos a mostrar que, da mesma forma que a Siemens conseguiu, e olhando para a frente com objetivos agressivos, há outras empresas que podem conseguir, depende do apetite de risco e do investimento, bipm
Somos uma empresa que abraça a inovação, e isso é muito valorizado pelos "headquarters". Não é porque sejamos o mais barato.
Sofia Tenreiro, que assumiu a liderança da Siemens Portugal este ano, garante que Portugal é "obestkeptsecref' e isso vê-se nas inovações que têm acontecido na Rua Irmãos Siemens.
Consciente de que Portugal tem de se posicionar face aos avanços tecnológicos, a gestora revela ao Negócios que a unidade portuguesa investiu na abertura de centros de inteligência artificial (IA) e "user experience" (UX) para alavancar a sua posição no mercado global.
"Temos mais de 1.500 pessoas a nível mundial a trabalhar em LA, especificamente, e em Portugal decidimos investir também. Temos mais duas equipas que vão aumentar nos próximos anos, uma de IA e outra de UX, porque cada vez mais as soluções tecnológicas que temos de produzir têm de ser apelativas para os clientes. A IA é cada vez um foco maior e estamos a aproveitar toda a informação que temos dentro de casa e os dados dos clientes para os diferentes usos e ajudá-los a tomarem decisões", afirma a primeira mulher a ser CEO da Siemens em Portugal.
Estes novos centros de competências focados nas novas tecnologias, que deverão começar a operar em 2026, chegam depois de a casa-mãe anunciar o investimento de mil milhões de euros nos próximos três anos para escalar as ofertas de LA E a unidade portuguesa, com Sofia Tenreiro aos comandos, está pronta para continuar a acelerar a sua contribuição, seja para os resultados do grupo ou para a economia nacional.
"Vamos contratar cerca de 250 pessoas para estas duas áreas", admitindo que este será apenas um número inicial, uma vez que o escalar da operação vai permitir mais contratações no futuro. "Isto é muito importante. Acho que nós, muitas vezes, em Portugal nos autolimitamos e achamos que somos um país pequeno, e como assim o somos, temos a relativa importância no mundo. Mas a Siemens Portugal é o exemplo de como uma estratégia e um investimento consistentes ao longo dos anos, mas também lideranças fortes, conseguem tornar numa empresa que exporta dois terços do valor que gera, e que consegue dar cartas a nível mundial e ter um papel muito relevante", destaca Sofia Tenreiro em entrevista ao Negócios, na mesma semana em que a empresa em Portugal celebra o seu 120.° aniversário.
"Estamos a fazer estes investimentos para robustecer a nossa presença e a nossa oferta em IA e UX, porque são áreas absolutamente críticas para o nosso futuro. Ao trazermos as pessoas, vamos conseguir aumentar a capacidade e acelerar", diz a gestora.
A beneficiar Portugal, considera, está "uma situação única de posicionamento geográfico e de proximidade ao continente americano, África e à própria Europa", sustenta, aliada "atodo o contexto de universidades, que estão em todos os rankings de qualidade, de talento, não só técnico mas também em termos de capacidades humanas, as chamadas 'soft skills', e também o próprio ecossistema".
Com o conglomerado alemão focado em eletrifícação, automação e digitalização, a empresa em território nacional - que passa por Matosinhos, Corroios e Amadora - quer ir mais além, acrescentando a IA "O nosso grande foco é como continuamos ajuntar o mundo real ao digital e extraímos valor, porque hoje está tudo ligado. E o que não está ligado tem que se ligar para conseguir ter eficiência".
Além do centro dedicado, onde cabe a IA na unidade portuguesa? "A IA é um dos nossos pilares de crescimento. Tem duas grandes finalidades: por um lado, aumentar a nossa própria eficiência e a nossa própria produtividade, porque acreditamos que a lA é um super poder, e aliado às equipas e à 'expertise' que já temos, conseguimos aumentar a produtividade e entregar o melhor resultado", explica Sofia Tenreiro, acrescentando que o segundo objetivo passa "por utilizar IA no portefólio que vai sendo criado e na forma como entregamos os projetos."
PERGUNTAS A SOFIA TENREIRO
CEO da Siemens Portugal
É possível "impactar de Portugal para o mundo"
Chegou à Siemens Portugal a 1 de maio deste ano, mas já bebe dos 120 anos de conhecimento da empresa (cada vez mais) tecnológica. Com um total de 4.300 colaboradores e em crescendo, devido ao impacto que os novos centros especializados vão ter na empresa, Sofia Tenreiro revela que a sede na Alemanha acompanha atentamente a atividade no território nacional e que a Siemens em Portugal está aberta para o mundo.
Portugal posiciona-se como o sexto centro de competências da Siemens e está a crescer. Como se passa de uma empresa de engenharia para este braço digital?
Não é difícil. Temos uma equipa incrível e uma grande diversidade de engenheiros que trabalham connosco há muitos anos e depois temos pessoas muito novas e muito digitais. Esta diversidade de população faz com que seja mais fácil, porque acabamos por fazer um intercâmbio de gerações com "skills" complementares.
Estamos habituados a fazer estas transformações e olhar para o médio e longo prazo é muito importante, até numa perspetiva de investimento. Somos uma empresa que abraça a inovação, e isso é muito valorizado pelos "headquarters", por isso é que somos o sexto maior centro de competências a nível mundial, não é porque sejamos o mais barato.
Vão buscar talento às universidades?
Vamos buscar muito talento às universidades e depois complementamos porque temos necessidades muito específicas. Temos parcerias muito fortes com as universidades, mas quando trazemos os mais jovens damos-lhes formação. Temos várias academias dentro de casa com diferentes tipos de tecnologia e, mediante as necessidades, damos formação de um ano e depois integramos. A nossa formação complementa a das universidades.
Há espaço para ir além do sexto lugar?
A Áustria é um país equiparável com Portugal, os outros são muito grandes, como a China, EUA, Alemanha ou índia. O nosso grande objetivo é continuarmos a manter este crescimento. A própria empresa vai crescendo e os centros de competência acompanham. Mais do que quer subir no "ranking" é continuar o impacto que temos, quer local, quer internacional.
Por exemplo, temos uma equipa portuguesa a trabalhar num projeto de metaverso com o Governo de Singapura. Isso enche-nos de orgulho, porque é o impacto que conseguimos gerar para o mundo inteiro com equipas e "expertise" português. Temos também a nossa fábrica de Corroios, que dizemos que é o nosso ecossistema de mobilidade, porque é mais do que uma fábrica: temos Investigação e Desenvolvimento, manutenção, serviços. Esta fábrica serve o mundo inteiro, exceto a América do Norte, desde Portugal.
Este é mais um motivo de orgulho, de como conseguimos com o talento e investimento português, e com muita resiliência, impactar de Portugal para o mundo. Estamos a mostrar que, da mesma forma que a Siemens conseguiu, e olhando para a frente com objetivos agressivos, há outras empresas que podem conseguir, depende do apetite de risco e do investimento, bipm
Somos uma empresa que abraça a inovação, e isso é muito valorizado pelos "headquarters". Não é porque sejamos o mais barato.