Os vistos emitidos a cidadãos dos Estados Unidos têm vindo a aumentar nos últimos anos, apesar de os números preliminares de 2024 apontarem para um decréscimo. A eleição de Donald Trump poderá influenciar o interesse dos americanos pela emigração.
Nos últimos três meses, Gilda Pereira, diretora-executiva da Ei! Assessoria Migratória, conta que "quadruplicou o número de pedidos de esclarecimento sobre vistos de residência" por parte de cidadãos norte-americanos. A empresa que presta serviços sobre movimentos migratórios recebia, em média, 25 contactos de americanos. Agora, o valor chega quase aos cem pedidos de esclarecimento. Nos contactos recentes feitos com os clientes dos Estados Unidos, a responsável conta que a decisão dos próprios para mudar de país já estava tomada, caso Donald Trump fosse eleito. Um resultado que veio a confirmar-se.
Os principais motivos para emigrar para Portugal são a "segurança, a acessibilidade aos cuidados de saúde e o facto de Portugal ser um país com pouca discriminação racial", afirma Gilda Pereira.
Maioria são reformados
A conversa que o JN teve com a dirigente da consultora foi anterior à aprovação de dois projetos do Chega e do PSD e CDS, no Parlamento, sobre a restrição de acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) por estrangeiros não residentes em Portugal. Mas Gilda Pereira referia-se também aos seguros de saúde em Portugal, "mais atrativos e acessíveis" do que os existentes nos Estados Unidos, explica.
"Um padrão que nós registamos é que sempre que há um ataque nos Estados Unidos [em escolas], dispara o número de consultas", explica Gilda Pereira. A responsável esclarece que os números da empresa que dirige são referentes a pedidos de esclarecimento de americanos. Só, mais tarde, é possível saber se essas "consultas" se traduzem em pedidos de vistos de residência. "A maioria são reformados, sobretudo professores universitários, investigadores e pessoas ligadas às artes, como cinema, música e literatura", aponta ao JN. Outros trabalham remotamente ou têm negócio próprio.
Entre 2019 e 2024, foram emitidos 15 218 vistos de residência a cidadãos norte-americanos, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Nos últimos anos, o número de autorizações tem aumentado: em 2019, foram emitidos 835 vistos; em 2023, chegaram aos 4265 vistos de residência. Em 2024, a tutela contabilizou 2859 vistos a americanos, menos 33% face ao ano anterior.
Porém, o ministério atenta que "os dados de 2024 não incluem a quase totalidade do mês de dezembro". São também conhecidos os atrasos no processamento dos vistos de residência em Portugal, que levaram o Governo de Luís Montenegro a criar uma Estrutura de Missão para a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
"De acordo com o mais recente relatório de migrações e asilo elaborado pela AIMA, referente ao ano de 2023, residem em território nacional, 14126 cidadãos norte-americanos", acrescenta fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.»
Em 2023, havia 14126 norte-americanos a residir em Portugal, segundo dados oficiais, um número que poderá subir
pretexto
Gilda Pereira
Diretora-executiva da Ei! Assessoria Migratória
"Um padrão que nós registamos é que sempre que há um ataque nos Estados Unidos [em escolas], dispara o número de consultas"
Saber mais
Autorizações
Em 2019, Portugal emitiu 835 vistos de residência para norte-americanos; em 2023, chegaram aos 4265. Em 2024, a tutela contabilizou 2859 vistos, menos 33% face ao ano anterior, mas com dados incompletos de dezembro.
Pesquisas
A consultora imobiliária Athena Advisers revelou que as pesquisas na net com expressões como "Portugal property" ["propriedade em Portugal"] e "Portugal golden visa" [visto gold"] registaram em novembro as maiores subidas dos últimos cinco anos.
Vistos
15 218
Entre 2019 e 2024, foram emitidos 15 218 vistos de residência a cidadãos norte-americanos, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"País é ótimo para viver, mas terrível para enriquecer"
Associação acredita que virão mais pessoas a partir Thomas Murray, presidente do clube "Americans in Portugal" ("Americanos em Portugal"), confirma que muitos dos seus compatriotas estão a sair do país e não vêm apenas para Portugal. A escolha do território luso deve-se ao "estilo de vida e ao clima que Portugal tem para oferecer", refere. São sobretudo "reformados com algum dinheiro". Até porque, diz, "Portugal é um ótimo país para viver, mas é um lugar terrível para enriquecer".
O responsável acredita que o número de americanos emigrantes vai crescer nos próximos meses e anos, sobretudo pela "aversão" que sentem por Trump, presidente eleito em 5 de novembro de 2024 e que tomará posse a 20 de janeiro de 2025.
Semestre trabalhoso
Gilda Pereira admite que, face aos atrasos registados na obtenção de vistos de residência, a empresa que dirige tenta gerir as expectativas junto dos estrangeiros. A chegada de mais americanos a Portugal "dependerá muito do que acontecer nos Estados Unidos" nos próximos tempos, refere. No entanto, a empresária antevê um primeiro semestre de 2025 de muito trabalho. Neste momento, "os clientes norte-americanos representam cerca de 40% " nos serviços da consultora de imigração, aponta a responsável.
Mudar de país implica procurar uma casa para morar. A consultora imobiliária Athena Advisers revelou, em novembro, que registou um aumento de 26% da expressão "visto gold" no seu site, logo após as eleições norte-americanas.»
Nos últimos três meses, Gilda Pereira, diretora-executiva da Ei! Assessoria Migratória, conta que "quadruplicou o número de pedidos de esclarecimento sobre vistos de residência" por parte de cidadãos norte-americanos. A empresa que presta serviços sobre movimentos migratórios recebia, em média, 25 contactos de americanos. Agora, o valor chega quase aos cem pedidos de esclarecimento. Nos contactos recentes feitos com os clientes dos Estados Unidos, a responsável conta que a decisão dos próprios para mudar de país já estava tomada, caso Donald Trump fosse eleito. Um resultado que veio a confirmar-se.
Os principais motivos para emigrar para Portugal são a "segurança, a acessibilidade aos cuidados de saúde e o facto de Portugal ser um país com pouca discriminação racial", afirma Gilda Pereira.
Maioria são reformados
A conversa que o JN teve com a dirigente da consultora foi anterior à aprovação de dois projetos do Chega e do PSD e CDS, no Parlamento, sobre a restrição de acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) por estrangeiros não residentes em Portugal. Mas Gilda Pereira referia-se também aos seguros de saúde em Portugal, "mais atrativos e acessíveis" do que os existentes nos Estados Unidos, explica.
"Um padrão que nós registamos é que sempre que há um ataque nos Estados Unidos [em escolas], dispara o número de consultas", explica Gilda Pereira. A responsável esclarece que os números da empresa que dirige são referentes a pedidos de esclarecimento de americanos. Só, mais tarde, é possível saber se essas "consultas" se traduzem em pedidos de vistos de residência. "A maioria são reformados, sobretudo professores universitários, investigadores e pessoas ligadas às artes, como cinema, música e literatura", aponta ao JN. Outros trabalham remotamente ou têm negócio próprio.
Entre 2019 e 2024, foram emitidos 15 218 vistos de residência a cidadãos norte-americanos, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Nos últimos anos, o número de autorizações tem aumentado: em 2019, foram emitidos 835 vistos; em 2023, chegaram aos 4265 vistos de residência. Em 2024, a tutela contabilizou 2859 vistos a americanos, menos 33% face ao ano anterior.
Porém, o ministério atenta que "os dados de 2024 não incluem a quase totalidade do mês de dezembro". São também conhecidos os atrasos no processamento dos vistos de residência em Portugal, que levaram o Governo de Luís Montenegro a criar uma Estrutura de Missão para a Agência para a Integração, Migrações e Asilo (AIMA).
"De acordo com o mais recente relatório de migrações e asilo elaborado pela AIMA, referente ao ano de 2023, residem em território nacional, 14126 cidadãos norte-americanos", acrescenta fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.»
Em 2023, havia 14126 norte-americanos a residir em Portugal, segundo dados oficiais, um número que poderá subir
pretexto
Gilda Pereira
Diretora-executiva da Ei! Assessoria Migratória
"Um padrão que nós registamos é que sempre que há um ataque nos Estados Unidos [em escolas], dispara o número de consultas"
Saber mais
Autorizações
Em 2019, Portugal emitiu 835 vistos de residência para norte-americanos; em 2023, chegaram aos 4265. Em 2024, a tutela contabilizou 2859 vistos, menos 33% face ao ano anterior, mas com dados incompletos de dezembro.
Pesquisas
A consultora imobiliária Athena Advisers revelou que as pesquisas na net com expressões como "Portugal property" ["propriedade em Portugal"] e "Portugal golden visa" [visto gold"] registaram em novembro as maiores subidas dos últimos cinco anos.
Vistos
15 218
Entre 2019 e 2024, foram emitidos 15 218 vistos de residência a cidadãos norte-americanos, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
"País é ótimo para viver, mas terrível para enriquecer"
Associação acredita que virão mais pessoas a partir Thomas Murray, presidente do clube "Americans in Portugal" ("Americanos em Portugal"), confirma que muitos dos seus compatriotas estão a sair do país e não vêm apenas para Portugal. A escolha do território luso deve-se ao "estilo de vida e ao clima que Portugal tem para oferecer", refere. São sobretudo "reformados com algum dinheiro". Até porque, diz, "Portugal é um ótimo país para viver, mas é um lugar terrível para enriquecer".
O responsável acredita que o número de americanos emigrantes vai crescer nos próximos meses e anos, sobretudo pela "aversão" que sentem por Trump, presidente eleito em 5 de novembro de 2024 e que tomará posse a 20 de janeiro de 2025.
Semestre trabalhoso
Gilda Pereira admite que, face aos atrasos registados na obtenção de vistos de residência, a empresa que dirige tenta gerir as expectativas junto dos estrangeiros. A chegada de mais americanos a Portugal "dependerá muito do que acontecer nos Estados Unidos" nos próximos tempos, refere. No entanto, a empresária antevê um primeiro semestre de 2025 de muito trabalho. Neste momento, "os clientes norte-americanos representam cerca de 40% " nos serviços da consultora de imigração, aponta a responsável.
Mudar de país implica procurar uma casa para morar. A consultora imobiliária Athena Advisers revelou, em novembro, que registou um aumento de 26% da expressão "visto gold" no seu site, logo após as eleições norte-americanas.»