A AICEP realizou no dia 17 de setembro, na Casa da Música, no Porto, a VI Conferência Exportar Online. O encontro centrou-se no impacto da Inteligência Artificial no comércio eletrónico internacional e destacou a importância da digitalização na relação das empresas com clientes e mercados externos.
Na sessão de abertura, o secretário de Estado da Economia, João Rui Ferreira, afirmou que o e-commerce é um “tema incontornável para quem quer estar em Portugal mas com o mundo na sua plataforma de negócios”. Sublinhou que o e-commerce se tornou “um motor central da modernização económica e consolidou-se como ferramenta para a exportação das empresas”. E a AICEP, acrescentou João Rui Ferreira, “será um parceiro das empresas na procura pelas ferramentas certas, para adaptar e customizar as estratégias para o e-commerce”.
O administrador da AICEP, Paulo Rios de Oliveira, recordou que este não é um tema novo para a AICEP. “Esta já é a VI Conferência Exportar Online. E o potencial do e-commerce está longe de esgotável, uma vez que menos de 15% das PME usa os canais digitais para exportar regularmente”. O administrador da AICEP reforçou ainda que a necessidade de as empresas estarem online “é transversal” e recordou que o programa Exportar Online da AICEP assenta em três pilares: “capacitar as empresas, produzir conteúdos relevantes e aconselhar as melhores estratégias”.
No painel “O fim da fronteira digital”, Liliana Silva, Digital Marketing Manager da Meia Dúzia, defendeu a importância de adaptar o produto e investir em imagem, vídeos, fotografia e bons textos. Teresa Poças, Diretora de Marketing da TemaHome, reforçou a relevância dos parceiros e da adaptação local: “Tudo isto é gerido caso a caso, consoante as plataformas que usam. Adaptamos o modelo de negócio consoante o mercado”. Já Alexandre Gomes, Managing Partner da Portugal Jewels, recordou que “o primeiro erro da empresa foi assumir que as mensagens usadas em Portugal também resultam lá fora. Apesar de serem histórias incríveis, não há elementos e referências a que o publico lá fora se possa agarrar”. Acrescentou que a confiança deve ser trabalhada “onsite e offsite”, e defendeu que “a parte importante é que a marca tem de se sentir viva, tem de estar presente nas redes e mostrar ao público que estão coisas a acontecer”.
O painel dedicado à Inteligência Artificial procurou desconstruir mitos e identificar boas práticas. Ivo Bernardo, Co-Founder and Senior Data Scientist da Dare Data, destacou dois mitos, considerar que os custos associados à IA são muito elevados e acreditar que a IA não erra. “O investimento não é assim tão elevado como muitos acreditam e a IA erra porque é feita a base de probabilidades. Muitas vezes assumimos de forma errada que a IA está sempre certa”. Em relação aos custos, recomendou aceitar a necessidade de investir em ferramentas pagas, pelo menos nos primeiros meses, para identificar quais são as mais adequadas. Acrescentou ainda a importância de confiar nos colaboradores e nas ferramentas que estes preferem para otimizar o seu trabalho, incentivando a que sejam efetivamente aplicadas.
Rui Guedes, Founder da Ground Control Studios, reforçou que há ainda outro mito relacionado com a complexidade de adoção da IA na empresa, mas adiantou que não é necessária uma grande equipa altamente especializada, basta "uma pessoa que tenha conhecimento sobre o assunto".
André Novais de Paula, CEO da Directimedia e especialista em Marketing Digital, na sua intervenção sobre tendências em marketing digital, afirmou que “vivemos uma nova revolução industrial, a da inteligência”. Entre os benefícios apontados estiveram ganhos de tempo, redução de custos, eficiência, automatização de tarefas repetitivas, personalização, segmentação avançada e geração automática de conteúdos. O especialista destacou ainda que a IA permite “aceleração criativa, inspiração, produção em escala, personalização em massa”. Alertou, contudo, que a privacidade é um tema importante e vai ser cada vez mais falado. Concluiu que, na internacionalização, o e-commerce elimina barreiras geográficas e coloca o mundo ao alcance das empresas.
No encerramento da conferência, a diretora comercial da AICEP, Mónica Moreira, salientou que “todos os conhecimentos convergem para uma conclusão: e-commerce não é uma opção, mas uma necessidade estratégica.”