Entre 2019 e 2023, os Países Baixos investiram perto de 41 mil milhões de euros em medidas para limitar as alterações climáticas. Estes dados, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística neerlandês (CBS), refletem a primeira análise feita segundo as novas diretrizes europeias sobre investimentos relacionados com o clima.
O crescimento observado foi impulsionado, sobretudo, pelo aumento das despesas com veículos elétricos, rede elétrica, painéis solares e bombas de calor, embora todas as cinco categorias analisadas tenham registado uma evolução positiva, sendo elas: mobilidade com baixo teor de carbono, energias renováveis, eficiência energética, redes de energia e outras.
No setor dos transportes, os investimentos passaram de 8,9 mil milhões de euros em 2019 para 18 mil milhões em 2023, dos quais 12 mil milhões foram aplicados em veículos de passageiros totalmente elétricos e híbridos.
Os investimentos em energias renováveis aumentaram 77% face a 2019, atingindo mais de 10 mil milhões de euros em 2023. A energia solar liderou este crescimento, com 4,6 mil milhões de euros, seguida da eólica (€2,7 mil milhões) e das bombas de calor (€2,1 mil milhões). Apesar do forte crescimento nos últimos anos, o CBS assinala um ligeiro abrandamento na expansão da energia solar em 2023. A necessidade de adaptação da rede elétrica à produção renovável levou também a um aumento significativo nos investimentos em infraestruturas da rede de energia (eletricidade e aquecimento), que duplicaram de 2,8 mil milhões em 2019 para 5,9 mil milhões de euros em 2023. Em contrapartida, os gastos com eficiência energética — melhorias em edifícios, residências e processos industriais — aumentaram apenas ligeiramente durante o mesmo período.
Entre os principais investidores, destacam-se as empresas, que concentraram cerca de 64% dos investimentos, direcionando-os para veículos elétricos e híbridos, energias renováveis e modernização da rede elétrica. Seguido das famílias, responsáveis por mais de 30% do total, que aplicaram os seus recursos na compra de veículos elétricos, instalação de painéis solares, bombas de calor e melhorias no isolamento das habitações. Já o governo neerlandês teve um papel direto limitado, exceto na área das infraestruturas de transportes, onde possui e financia projetos. No entanto, teve um papel fundamental no financiamento de investimentos por meio de subsídios e programas de incentivo como o ISDE, para famílias e PMEs ou o SDE++, direcionado a grandes empresas.
Tendo em conta estas dinâmicas de crescimento e investimento nos Países Baixos, é fundamental que as empresas e entidades portuguesas que desenvolvem soluções tecnológicas para a mitigação das alterações climáticas estejam atentas às oportunidades que este mercado em rápida expansão oferece, nomeadamente na resposta ao aumento da procura, tanto nos setores privado como público, bem como no desenvolvimento de parcerias estratégicas em projetos locais.