Dados compilados pela AICEP mostram que o valor do comércio entre os países da CPLP chegou aos 7,8 mil milhões em 2023, menos 20% do que em 2022 devido a factores como o preço do petróleo.
As trocas comerciais de bens entre os nove países que formam a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) valeram 7842 milhões de euros em 2023, valor que representa uma descida de 20% face ao montante do ano anterior.
Os dados, compilados pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) na sequência de um pedido do PÚBLICO, mostram que os motores da compra e venda de produtos entre os nove países da CPLP são o Brasil e Portugal, seguidos por Angola.
Segundo os dados disponibilizados pela AICEP, Portugal surge como eixo principal, já que, além de se distinguir nas vendas, destaca-se também nas compras. Os três grandes fluxos, por ordem de importância, são as trocas entre Portugal e o Brasil (57,1% do total do comércio bidireccional entre a CPLP, com Portugal a surgir como cliente do Brasil), entre Portugal e Angola (18,4%), e entre o Brasil e Angola (12,3%).
Seguem-se depois os negócios entre Portugal e Cabo Verde (4,7%), entre Portugal e Moçambique (3%) e entre Portugal e Guiné-Bissau (1,6%). Todos os restantes, e que envolvem também São Tomé e Príncipe e a Guiné Equatorial (o mais recente membro da CPLP, mas onde a língua portuguesa é quase inexistente), são inferiores a 1%, como o caso de Angola-Moçambique (0,1% das trocas entre os nove países da CPLP).
Uma das razões para a queda do valor de bens transaccionados entre a CPLP em 2023 está relacionada com a compra de petróleo por parte de Portugal ao Brasil e a Angola, principal produto adquirido a estes dois países.
Nesse ano, o petróleo desceu de preço, tendo Portugal até adquirido mais petróleo ao Brasil (principal fornecedor, responsável por 43% do total importado) do que em 2022, ao mesmo tempo que gastou menos com essas compras, segundo os dados do INE e da Direcção-Geral de Energia e Geologia (o preço médio por tonelada, em dólares, caiu 22%). No caso de Angola, oitavo maior fornecedor em 2023, Portugal comprou menos 71% face ao ano anterior, além de mais barato.
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Brasil e Portugal destacam-se no turismo
A língua, mesmo enquanto potencial agregador, não supera por si só barreiras como a distância geográfica ou factores como a capacidade económica e necessidade ou vontade de comprar determinados produtos. No caso do Brasil, por exemplo, verifica-se que os principais parceiros são a China, os EUA, a Argentina e a Alemanha.
Mesmo olhando para os dados oficiais apenas referentes ao Brasil e a África, Angola surge na sexta posição entre os compradores de produtos brasileiros deste continente, e na terceira posição entre os vendedores.
No caso de Moçambique, os principais destinos das suas exportações são a Índia, Reino Unido e África do Sul, e as maiores compras têm origem em mercados como a Coreia do Sul, África do Sul e Emirados Árabes Unidos, segundo dados de 2022.
A posição mais relevante na troca de bens de países de língua portuguesa, em termos absolutos, diz respeito a Portugal e a Angola, com o mercado português a posicionar-se como o maior fornecedor de Luanda, atrás da China (que domina também as compras a Angola).
Para a componente de trocas comerciais de serviços, não foi possível à AICEP compilar esses dados, pela dificuldade que existe na sua obtenção. Aqui, a língua deverá assumir maior relevo do que na troca de bens, uma vez que envolve mais o contacto directo (como no turismo).
Portugal, por exemplo, exportou mais serviços, em valor, do que bens para o Brasil em 2023, onde o domínio é claramente de países como os EUA, Países Baixos ou a Alemanha.
No turismo, o fluxo no seio da CPLP com mais destaque é o que liga os turistas do Brasil a Portugal e vice-versa, mas também aqui os dois países são superados por outros mercados, e sofrem com factores como a distância/preço e as oscilações cambiais.
Em 2024, ano em que o Brasil registou um máximo histórico de 6,6 milhões de visitantes, Portugal ficou na sétima posição, abaixo da França. Já os EUA superaram o Brasil nas visitas a Portugal contabilizadas pelo INE, e que são lideradas pelo Reino Unido, ficando os brasileiros no sexto lugar.
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A língua como ponte para migração
Na obra Potencial Económico da Língua Portuguesa, editada em 2012 e coordenada por Luís Reto (que na altura era o reitor do Iscte), refere-se que o factor de proximidade linguística é muito mais importante para o IDE [investimento directo estrangeiro] do que para as trocas comerciais.
Neste caso, também não foi possível recolher os fluxos de IDE entre os países que compõem a CPLP, mas verifica-se que, no caso de Portugal, dos 196,4 mil milhões de IDE presentes no território há 6,7 mil milhões que têm origem na CPLP (como a brasileira Embraer e a angolana Sonangol).
Este valor está longe dos 145 mil milhões da área do euro (que, além da proximidade geográfica, conta com factores com o mercado comum e a moeda única). No eixo África-América do Sul, é a África do Sul que assume a primazia dos investimentos no Brasil.
Na obra, que contou com o apoio do Instituto Camões e com a participação de mais quatro autores (José Paulo Esperança, Mohamed Azzim Gulamhussen, Fernando Luís Machado e António Firmino da Costa), destaca-se que a existência de uma língua em comum favorece os fluxos migratórios entre dois territórios.
Isto, argumenta-se, actuando sempre a par dos determinantes económicos principais, que são as diferenças de rendimento e probabilidade de emprego.
No caso de Portugal, de acordo com o último relatório da Agência para a Integração, Migração e Asilo (AIMA), referente a 2023, a maior comunidade imigrante em Portugal é a brasileira, com 368,4 mil pessoas (35% do total), seguindo-se Angola com 55,6 mil e Cabo Verde com 48,9 mil. Dados que atestam a importância de se falar uma língua em comum, mesmo com as respectivas diferenças.
Só no ano de 2023 foram concedidos 328.978 novos títulos de residência, mais do dobro do ano anterior. Destes, 147 mil eram brasileiros, seguindo-se os angolanos com 24.374, os cabo-verdianos com 14.623, os são-tomenses com 14.504 e os indianos com 12.185.
Ao entrar em Portugal, estes migrantes procuram empregos, criando negócios ou colmatando necessidades de mão-de-obra em diversos sectores económicos e contribuindo para a segurança social. A rede de migrantes destaca-se também no fluxo de remessas entre os países de origem e de chegada.
EUA são principal destino dos brasileiros
Portugal não é, no entanto, o principal ponto de chegada dos brasileiros. Em 2023, de acordo com os dados das autoridades do Brasil, havia cerca de 4,9 milhões de cidadãos deste país residentes no exterior, dos quais dois milhões nos EUA. No caso de África, o principal ponto de destino é Angola, com 25 mil brasileiros.
Quanto maior o número e a riqueza dos utilizadores de um idioma, maior o seu valor para o utilizador
"Potencial económico da língua portuguesa", obra coordenada por Luís Reto
Invertendo o olhar, Portugal não está entre as dez nacionalidades que registaram o maior número de emigrantes para o Brasil entre 2010 e Agosto de 2024 (o valor mais baixo coube ao Peru, com 38.923).
Em termos consolidados, os últimos dados do Observatório da Emigração apontam para um total de 146 mil portugueses a viver no Brasil, ocupando um dos lugares cimeiros de uma tabela liderada pelos venezuelanos.
Na obra coordenada por Luís Reto em 2012, afirma-se que o valor económico da língua resulta sobretudo das economias de rede que lhe estão associadas. Quanto maior o número e a riqueza dos utilizadores de um idioma, maior o seu valor para o utilizador, notam os autores.
Se hoje o grande motor da língua portuguesa é o Brasil, inclusive por via dos conteúdos disponíveis na Internet, as estimativas oficiais apontam para que sejam Angola e Moçambique a dar o impulso para o reforço do número de falantes nas próximas décadas.
"A língua portuguesa constitui um activo essencial para a dinâmica dos negócios
Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial do Porto
Trocas acima e abaixo do natural
Este ano deverá ser editado no livro História Global da Economia e Gestão de Portugal um novo trabalho sobre o português de Luís Reto, em parceria com Nuno Crespo, professor do Iscte Instituto Universitário de Lisboa, onde os autores referem que, quando se analisa o valor económico de uma língua, a ideia fundamental a reter é a de que a partilha de uma língua comum é um factor potenciador dos principais fluxos económicos internacionais, sejam eles exportações, investimentos, turismo ou até a mobilidade de estudantes universitários.
Todos estes fluxos excedem o que seria 'natural' quando estamos em presença de países (de origem e destino) que partilham uma determinada língua, sendo que por 'natural' se pode entender uma situação aproximada à que decorreria de uma distribuição proporcional a uma dada variável económica de referência, usualmente o PIB, afirmam os dois autores numa nota do livro enviada ao PÚBLICO.
Se o valor for superior a 1, dizem estes investigadores ao explicar os indicadores apurados entre os países de língua portuguesa, isso demonstra que há um peso superior ao que seria expectável atendendo à variável de referência.
Por exemplo, no caso das exportações [de bens], Cabo Verde tem um valor de 7,65 [o maior neste indicador], ou seja, exporta mais para países de língua portuguesa do que aquilo que seria razoável esperar se a distribuição das suas exportações se fizesse em função proporcional ao PIB. Neste caso, esse valor referência é excedido mais de sete vezes, adiantam.
Nas importações, o destaque vai para São Tomé, com 22,21, tal como nos fluxos de entrada e saída de IDE (29,96 e 38,4, respectivamente), também analisados por estes dois investigadores.
Há, no entanto, situações em que o indicador é inferior a 1, como o de Cabo Verde na saída de IDE, com 0,68. Da mesma forma, nas importações de bens, Moçambique tem um indicador de 0,59 e Timor-Leste de 0,20. Já nas exportações é onde há mais casos inferiores a 1, a começar pela Guiné-Bissau (0,10), seguindo-se Moçambique (0,15) e Timor-Leste (0,28).
As trocas comerciais de bens entre os nove países que formam a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) valeram 7842 milhões de euros em 2023, valor que representa uma descida de 20% face ao montante do ano anterior.
Os dados, compilados pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) na sequência de um pedido do PÚBLICO, mostram que os motores da compra e venda de produtos entre os nove países da CPLP são o Brasil e Portugal, seguidos por Angola.
Segundo os dados disponibilizados pela AICEP, Portugal surge como eixo principal, já que, além de se distinguir nas vendas, destaca-se também nas compras. Os três grandes fluxos, por ordem de importância, são as trocas entre Portugal e o Brasil (57,1% do total do comércio bidireccional entre a CPLP, com Portugal a surgir como cliente do Brasil), entre Portugal e Angola (18,4%), e entre o Brasil e Angola (12,3%).
Seguem-se depois os negócios entre Portugal e Cabo Verde (4,7%), entre Portugal e Moçambique (3%) e entre Portugal e Guiné-Bissau (1,6%). Todos os restantes, e que envolvem também São Tomé e Príncipe e a Guiné Equatorial (o mais recente membro da CPLP, mas onde a língua portuguesa é quase inexistente), são inferiores a 1%, como o caso de Angola-Moçambique (0,1% das trocas entre os nove países da CPLP).
Uma das razões para a queda do valor de bens transaccionados entre a CPLP em 2023 está relacionada com a compra de petróleo por parte de Portugal ao Brasil e a Angola, principal produto adquirido a estes dois países.
Nesse ano, o petróleo desceu de preço, tendo Portugal até adquirido mais petróleo ao Brasil (principal fornecedor, responsável por 43% do total importado) do que em 2022, ao mesmo tempo que gastou menos com essas compras, segundo os dados do INE e da Direcção-Geral de Energia e Geologia (o preço médio por tonelada, em dólares, caiu 22%). No caso de Angola, oitavo maior fornecedor em 2023, Portugal comprou menos 71% face ao ano anterior, além de mais barato.
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Brasil e Portugal destacam-se no turismo
A língua, mesmo enquanto potencial agregador, não supera por si só barreiras como a distância geográfica ou factores como a capacidade económica e necessidade ou vontade de comprar determinados produtos. No caso do Brasil, por exemplo, verifica-se que os principais parceiros são a China, os EUA, a Argentina e a Alemanha.
Mesmo olhando para os dados oficiais apenas referentes ao Brasil e a África, Angola surge na sexta posição entre os compradores de produtos brasileiros deste continente, e na terceira posição entre os vendedores.
No caso de Moçambique, os principais destinos das suas exportações são a Índia, Reino Unido e África do Sul, e as maiores compras têm origem em mercados como a Coreia do Sul, África do Sul e Emirados Árabes Unidos, segundo dados de 2022.
A posição mais relevante na troca de bens de países de língua portuguesa, em termos absolutos, diz respeito a Portugal e a Angola, com o mercado português a posicionar-se como o maior fornecedor de Luanda, atrás da China (que domina também as compras a Angola).
Para a componente de trocas comerciais de serviços, não foi possível à AICEP compilar esses dados, pela dificuldade que existe na sua obtenção. Aqui, a língua deverá assumir maior relevo do que na troca de bens, uma vez que envolve mais o contacto directo (como no turismo).
Portugal, por exemplo, exportou mais serviços, em valor, do que bens para o Brasil em 2023, onde o domínio é claramente de países como os EUA, Países Baixos ou a Alemanha.
No turismo, o fluxo no seio da CPLP com mais destaque é o que liga os turistas do Brasil a Portugal e vice-versa, mas também aqui os dois países são superados por outros mercados, e sofrem com factores como a distância/preço e as oscilações cambiais.
Em 2024, ano em que o Brasil registou um máximo histórico de 6,6 milhões de visitantes, Portugal ficou na sétima posição, abaixo da França. Já os EUA superaram o Brasil nas visitas a Portugal contabilizadas pelo INE, e que são lideradas pelo Reino Unido, ficando os brasileiros no sexto lugar.
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A língua como ponte para migração
Na obra Potencial Económico da Língua Portuguesa, editada em 2012 e coordenada por Luís Reto (que na altura era o reitor do Iscte), refere-se que o factor de proximidade linguística é muito mais importante para o IDE [investimento directo estrangeiro] do que para as trocas comerciais.
Neste caso, também não foi possível recolher os fluxos de IDE entre os países que compõem a CPLP, mas verifica-se que, no caso de Portugal, dos 196,4 mil milhões de IDE presentes no território há 6,7 mil milhões que têm origem na CPLP (como a brasileira Embraer e a angolana Sonangol).
Este valor está longe dos 145 mil milhões da área do euro (que, além da proximidade geográfica, conta com factores com o mercado comum e a moeda única). No eixo África-América do Sul, é a África do Sul que assume a primazia dos investimentos no Brasil.
Na obra, que contou com o apoio do Instituto Camões e com a participação de mais quatro autores (José Paulo Esperança, Mohamed Azzim Gulamhussen, Fernando Luís Machado e António Firmino da Costa), destaca-se que a existência de uma língua em comum favorece os fluxos migratórios entre dois territórios.
Isto, argumenta-se, actuando sempre a par dos determinantes económicos principais, que são as diferenças de rendimento e probabilidade de emprego.
No caso de Portugal, de acordo com o último relatório da Agência para a Integração, Migração e Asilo (AIMA), referente a 2023, a maior comunidade imigrante em Portugal é a brasileira, com 368,4 mil pessoas (35% do total), seguindo-se Angola com 55,6 mil e Cabo Verde com 48,9 mil. Dados que atestam a importância de se falar uma língua em comum, mesmo com as respectivas diferenças.
Só no ano de 2023 foram concedidos 328.978 novos títulos de residência, mais do dobro do ano anterior. Destes, 147 mil eram brasileiros, seguindo-se os angolanos com 24.374, os cabo-verdianos com 14.623, os são-tomenses com 14.504 e os indianos com 12.185.
Ao entrar em Portugal, estes migrantes procuram empregos, criando negócios ou colmatando necessidades de mão-de-obra em diversos sectores económicos e contribuindo para a segurança social. A rede de migrantes destaca-se também no fluxo de remessas entre os países de origem e de chegada.
EUA são principal destino dos brasileiros
Portugal não é, no entanto, o principal ponto de chegada dos brasileiros. Em 2023, de acordo com os dados das autoridades do Brasil, havia cerca de 4,9 milhões de cidadãos deste país residentes no exterior, dos quais dois milhões nos EUA. No caso de África, o principal ponto de destino é Angola, com 25 mil brasileiros.
Quanto maior o número e a riqueza dos utilizadores de um idioma, maior o seu valor para o utilizador
"Potencial económico da língua portuguesa", obra coordenada por Luís Reto
Invertendo o olhar, Portugal não está entre as dez nacionalidades que registaram o maior número de emigrantes para o Brasil entre 2010 e Agosto de 2024 (o valor mais baixo coube ao Peru, com 38.923).
Em termos consolidados, os últimos dados do Observatório da Emigração apontam para um total de 146 mil portugueses a viver no Brasil, ocupando um dos lugares cimeiros de uma tabela liderada pelos venezuelanos.
Na obra coordenada por Luís Reto em 2012, afirma-se que o valor económico da língua resulta sobretudo das economias de rede que lhe estão associadas. Quanto maior o número e a riqueza dos utilizadores de um idioma, maior o seu valor para o utilizador, notam os autores.
Se hoje o grande motor da língua portuguesa é o Brasil, inclusive por via dos conteúdos disponíveis na Internet, as estimativas oficiais apontam para que sejam Angola e Moçambique a dar o impulso para o reforço do número de falantes nas próximas décadas.
"A língua portuguesa constitui um activo essencial para a dinâmica dos negócios
Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial do Porto
Trocas acima e abaixo do natural
Este ano deverá ser editado no livro História Global da Economia e Gestão de Portugal um novo trabalho sobre o português de Luís Reto, em parceria com Nuno Crespo, professor do Iscte Instituto Universitário de Lisboa, onde os autores referem que, quando se analisa o valor económico de uma língua, a ideia fundamental a reter é a de que a partilha de uma língua comum é um factor potenciador dos principais fluxos económicos internacionais, sejam eles exportações, investimentos, turismo ou até a mobilidade de estudantes universitários.
Todos estes fluxos excedem o que seria 'natural' quando estamos em presença de países (de origem e destino) que partilham uma determinada língua, sendo que por 'natural' se pode entender uma situação aproximada à que decorreria de uma distribuição proporcional a uma dada variável económica de referência, usualmente o PIB, afirmam os dois autores numa nota do livro enviada ao PÚBLICO.
Se o valor for superior a 1, dizem estes investigadores ao explicar os indicadores apurados entre os países de língua portuguesa, isso demonstra que há um peso superior ao que seria expectável atendendo à variável de referência.
Por exemplo, no caso das exportações [de bens], Cabo Verde tem um valor de 7,65 [o maior neste indicador], ou seja, exporta mais para países de língua portuguesa do que aquilo que seria razoável esperar se a distribuição das suas exportações se fizesse em função proporcional ao PIB. Neste caso, esse valor referência é excedido mais de sete vezes, adiantam.
Nas importações, o destaque vai para São Tomé, com 22,21, tal como nos fluxos de entrada e saída de IDE (29,96 e 38,4, respectivamente), também analisados por estes dois investigadores.
Há, no entanto, situações em que o indicador é inferior a 1, como o de Cabo Verde na saída de IDE, com 0,68. Da mesma forma, nas importações de bens, Moçambique tem um indicador de 0,59 e Timor-Leste de 0,20. Já nas exportações é onde há mais casos inferiores a 1, a começar pela Guiné-Bissau (0,10), seguindo-se Moçambique (0,15) e Timor-Leste (0,28).