As empresas portuguesas têm de se começar a preparar para o Mercosul, porque muitas das suas concorrentes europeias já o estão a fazer, avisou Luís Faro Ramos, embaixador de Portugal no Brasil.
Estava tudo um pouco distraído quando que . se soube do acordo do Mercosul, em 6 de dezembro de 2024, porque não havia grande otimismo relativamente à sequência das negociações.
Há 25 anos que as negociações se arrastavam", afirmou Luís Faro Ramos, embaixador de Portugal no Brasil, ao programa do Negócios "Economia Sem Fronteiras" transmitido no canal Now.
Do acordo ainda terá de ser ratificado pelos 27 Estados-membros da União Europeia, o que apresenta os seus obstáculos.
"O caminho ainda não se fez na totalidade, mas, era um passo que tinha de ser dado. A Comissão Europeia assumiu finalmente com coragem o que tem que assumir. Há vários Estados -membros que são muito favoráveis ao acordo, entre os quais Portugal. Há outros que não são assim tão favoráveis".
Por isso, a Comissão Europeu tem de fazer um trabalho de comunicação para explicar os beneficios do acordo, com o qual as empresas e os europeus vão ter acesso a matérias-primas em mercados como o Brasil e a Argentina, por exemplo. Salientou ainda que as empresas portuguesas têm de se começar a preparar para o Mercosul, porque muitas das suas concorrentes europeias já o estão a fazer.
Os 27 Brasis
Luís Faro Ramos acrescentou que, apesar de as trocas comerciais de Portugal com o Brasil terem atingido em 2024 o valor mais elevado de sempre, há pouca diversificação. Baseiam-se muito no vinho, que tem uma quota de 35% no mercado brasileiro, no azeite, e nos veículos e outro material de transporte, em que a Embraer tem um papel significativo.
O embaixador de Portugal em Brasília salientou que, como cerca de metade das trocas comerciais são no agroalimentar, foi designada para a embaixada uma conselheira agrícola, que dialoga com as autoridades brasileiras, os ministérios da Agricultura dos dois países, com os empresários.
"Há um grande potencial para diversificar", defende Luís Faro Ramos, o que significa que as empresas portuguesas têm de compreender melhor o mercado brasileiro. O mercado brasileiro é de grande dimensão, muito competitivo, agressivo, com regulação diferente, por isso Luís Faro Ramos aconselha a olhar para o potencial de negócios de cada um dos 27 estados do Brasil.
Há estados como São Paulo, que tem mais 40 milhões de pessoas, a Bahia tem 20 milhões.
"São estados que têm muita população e um mercado também muito apetecível. Além disso, uma coisa é fazer negócios em Minas Gerais, outra coisa é fazer negócios com São Paulo, no sul, ou no Nordeste", disse Luís Faro Ramos, que sublinhou ainda a importância das parcerias e a necessidade de mostrar a excelência do produto português.
Comunidade brasileira
"A Web Summit de Lisboa tem contribuído muito para este conhecimento na área da tecnologia, sobretudo do Brasil em relação a Portugal, e já se organizam no Brasil web summits locais. Há uma web summit no Rio de Janeiro, onde estiveram cerca de 30 startups portuguesas", informou Luís Faro Ramos.
Adianta que "o mercado brasileiro é muito protecionista, mas quando as barreiras se levantarem, não vai poder ser tão protecionista, embora haja sempre, claro, expedientes para que as coisas funcionem um bocadinho como eles mais preferem".
Por outro lado, com o grande aumento da comunidade brasileira em Portugal, "a realidade portuguesa é hoje muito mais conhecida e muito mais apetecível para o investidor brasileiro", a que se junta o trabalho da embaixada e da delegação do AICEP no Brasil para criar "oportunidades tanto de diversificar as trocas comerciais como de aumentar os investimentos".
"Economia Sem Fronteiras" é o um programa semanal do Negócios no canal Now, na posição 9 das operadoras de televisão. É conduzido pelo economista e antigo presidente da AICEP Miguel Frasquilho e pela apresentadora Marta Dhanis.
Os dois países em números
O Brasil está no top 10 das maiores economias do mundo, e é 12.° destino das exportações portuguesas.
O Brasil é o maior parceiro comercial de Portugal na América Latina, sendo o 12.° maior cliente dos bens exportados por Portugal e, em termos de importações, é o 7.° mercado. Nos últimos cinco anos, terminados em 2023, as exportações de bens de Portugal para o Brasil cresceram em termos acumulados 28,9% e as importações oriundas do Brasil cresceram 265,2%.
Estas são muito influenciadas pelas importações de combustíveis minerais, ou seja, o petróleo, em que a empresa portuguesa Galp tem um papel, e por produtos agrícolas. Isto significa que a balança comercial foi negativa Luís Faro Ramos salientou que, mesmo não tendo ainda dados definitivos, em 2024 registou-se provavelmente "o maior volume de trocas comerciais de sempre entre Portugal e Brasil. Tivemos um ano em que, provavelmente, a balança comercial se torna outra vez superavitária para Portugal, isto muito por via dos serviços, mais do que pelos bens".
Brasil no top 10
O Brasil foi o 7.° maior investidor em Portugal em 2023, investidor externo com cerca de 100 milhões de euros, o que fez elevar o stock de investimento para 5,3 mil milhões.
No turismo, o Brasil é o 6.° maior cliente de Portugal, tanto em número de hóspedes como de dormidas, e o 7º em receita.
Luís Faro Ramos salientou ainda a reentrada do Brasil no top 10 das economias mundiais e a presidência do G20, que agrupa as 20 maiores economias do mundo, em 2024, onde Portugal e Angola estiveram presentes pela mão do Brasil.
O Brasil está longe do valor de economias como os Estados Unidos ou a China, e mesmo a Alemanha, mas com possibilidades de ultrapassar o Canadá e a Itália.
Mas, mesmo assim, o PIB do Brasil, segundo o Fundo Monetário Internacional, é 2.125 biliões de euros em 2024, o que é sete vezes e meia Portugal. Mesmo assim, "é uma economia pouco aberta, onde as exportações e as importações não pesam 20% do produto", concluiu Luís Faro Ramos.
A realidade portuguesa é hoje muito mais conhecida e muito mais apetecível para o investidor brasileiro.
LUÍS FARO RAMOS
Embaixador de Portugal no Brasil
O Brasil é uma economia pouco aberta, onde as exportações e as importações não pesam 20% do produto.
LUÍS FARO RAMOS
Embaixador de Portugal no Brasil
APEX Brasil vai instalar-se em Portugal
Após investimentos como os da Embraer e da Weg, é a vez da AICEP brasileira se instalar em Portugal.
"Gostávamos que este ano, como vamos ter em fevereiro uma cimeirabilateral, em Brasília, e um fórum empresarial em São Paulo, que o Brasil olhasse para um próximo grande investimento no nosso país", salientou Luís Faro Ramos. Recordou aparceriabem sucedida com a Embraer porque "tem beneficiado não só o Brasil, mas também Portugal".
Referiu que Portugal comprou cinco aviões de carga KC- -390 à Embraer, o que significa cerca de 50 milhões de euros para a economia portuguesa. Portugal fechou acerca de um mês um contrato de compra de 12 aviões caça-de-treino, A29 Super Tucano, da Embraer, que é um negócio de 200 milhões de euros, com componentes que vão ser montados em Portugal.
Luís Faro Ramos lembrou que além da Embraer, a Weg, que produz motores, geradores, transformadores e acionamen- tos elétricos, que está instalada em Portugal desde 2002, fez recentemente um investimento de 24 milhões de euros numa nova unidade industrial.
Cátedras Camões
Revelou que a Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que é a homóloga da AICEP, decidiu abrir um escritório em Lisboa, que vai representar e agregar outras instituições, nomeadamente o Sebrae, que apoia empreendedores e pequenas e médias empresas, e a Fiocruz, um laboratório científico de referência no Brasil.
"No Brasil estamos muito bem nas áreas da energia, da construção, do turismo. Não fazendo publicidade, há uma empresa na área da hotelaria que está afazer um trabalho fantástico no Brasil e está a crescer cada vez mais", disse Luís Faro Ramos.
Durante o seu mandato de três anos como presidente do Instituto Camões, Luis Faro Ramos apostou em cátedras Camões com universidades- -parceiras. Como embaixador no Brasil, apoiou essa estratégia e, anuncia que há nove cátedras Camões em nove universidades de vários estados do Brasil. A última das quais tem, como patrona, a escritora Lídia Jorge. F a primeira cátedra, no Brasil, com o nome de umamu- lher escritora, e viva". Considera que estas cátedras contribuem para o conhecimento e a difusão da língua portuguesa falada nos países da CPLR 'A questão cultural está muito enraizada, de facto, é preciso alimentá-la", concluiu Luís Faro Ramos.
Programa Economia Sem Fronteiras. Ao domingo, de manhã, no Now. Conteúdos podem ser consultados em Economia Sem Fronteiras, no site do Negócios.
No Brasil estamos muito bem nas áreas da energia, turismo e construção.
LUÍS RAMOS FARO
Embaixador de Portugal no Brasil
Estava tudo um pouco distraído quando que . se soube do acordo do Mercosul, em 6 de dezembro de 2024, porque não havia grande otimismo relativamente à sequência das negociações.
Há 25 anos que as negociações se arrastavam", afirmou Luís Faro Ramos, embaixador de Portugal no Brasil, ao programa do Negócios "Economia Sem Fronteiras" transmitido no canal Now.
Do acordo ainda terá de ser ratificado pelos 27 Estados-membros da União Europeia, o que apresenta os seus obstáculos.
"O caminho ainda não se fez na totalidade, mas, era um passo que tinha de ser dado. A Comissão Europeia assumiu finalmente com coragem o que tem que assumir. Há vários Estados -membros que são muito favoráveis ao acordo, entre os quais Portugal. Há outros que não são assim tão favoráveis".
Por isso, a Comissão Europeu tem de fazer um trabalho de comunicação para explicar os beneficios do acordo, com o qual as empresas e os europeus vão ter acesso a matérias-primas em mercados como o Brasil e a Argentina, por exemplo. Salientou ainda que as empresas portuguesas têm de se começar a preparar para o Mercosul, porque muitas das suas concorrentes europeias já o estão a fazer.
Os 27 Brasis
Luís Faro Ramos acrescentou que, apesar de as trocas comerciais de Portugal com o Brasil terem atingido em 2024 o valor mais elevado de sempre, há pouca diversificação. Baseiam-se muito no vinho, que tem uma quota de 35% no mercado brasileiro, no azeite, e nos veículos e outro material de transporte, em que a Embraer tem um papel significativo.
O embaixador de Portugal em Brasília salientou que, como cerca de metade das trocas comerciais são no agroalimentar, foi designada para a embaixada uma conselheira agrícola, que dialoga com as autoridades brasileiras, os ministérios da Agricultura dos dois países, com os empresários.
"Há um grande potencial para diversificar", defende Luís Faro Ramos, o que significa que as empresas portuguesas têm de compreender melhor o mercado brasileiro. O mercado brasileiro é de grande dimensão, muito competitivo, agressivo, com regulação diferente, por isso Luís Faro Ramos aconselha a olhar para o potencial de negócios de cada um dos 27 estados do Brasil.
Há estados como São Paulo, que tem mais 40 milhões de pessoas, a Bahia tem 20 milhões.
"São estados que têm muita população e um mercado também muito apetecível. Além disso, uma coisa é fazer negócios em Minas Gerais, outra coisa é fazer negócios com São Paulo, no sul, ou no Nordeste", disse Luís Faro Ramos, que sublinhou ainda a importância das parcerias e a necessidade de mostrar a excelência do produto português.
Comunidade brasileira
"A Web Summit de Lisboa tem contribuído muito para este conhecimento na área da tecnologia, sobretudo do Brasil em relação a Portugal, e já se organizam no Brasil web summits locais. Há uma web summit no Rio de Janeiro, onde estiveram cerca de 30 startups portuguesas", informou Luís Faro Ramos.
Adianta que "o mercado brasileiro é muito protecionista, mas quando as barreiras se levantarem, não vai poder ser tão protecionista, embora haja sempre, claro, expedientes para que as coisas funcionem um bocadinho como eles mais preferem".
Por outro lado, com o grande aumento da comunidade brasileira em Portugal, "a realidade portuguesa é hoje muito mais conhecida e muito mais apetecível para o investidor brasileiro", a que se junta o trabalho da embaixada e da delegação do AICEP no Brasil para criar "oportunidades tanto de diversificar as trocas comerciais como de aumentar os investimentos".
"Economia Sem Fronteiras" é o um programa semanal do Negócios no canal Now, na posição 9 das operadoras de televisão. É conduzido pelo economista e antigo presidente da AICEP Miguel Frasquilho e pela apresentadora Marta Dhanis.
Os dois países em números
O Brasil está no top 10 das maiores economias do mundo, e é 12.° destino das exportações portuguesas.
O Brasil é o maior parceiro comercial de Portugal na América Latina, sendo o 12.° maior cliente dos bens exportados por Portugal e, em termos de importações, é o 7.° mercado. Nos últimos cinco anos, terminados em 2023, as exportações de bens de Portugal para o Brasil cresceram em termos acumulados 28,9% e as importações oriundas do Brasil cresceram 265,2%.
Estas são muito influenciadas pelas importações de combustíveis minerais, ou seja, o petróleo, em que a empresa portuguesa Galp tem um papel, e por produtos agrícolas. Isto significa que a balança comercial foi negativa Luís Faro Ramos salientou que, mesmo não tendo ainda dados definitivos, em 2024 registou-se provavelmente "o maior volume de trocas comerciais de sempre entre Portugal e Brasil. Tivemos um ano em que, provavelmente, a balança comercial se torna outra vez superavitária para Portugal, isto muito por via dos serviços, mais do que pelos bens".
Brasil no top 10
O Brasil foi o 7.° maior investidor em Portugal em 2023, investidor externo com cerca de 100 milhões de euros, o que fez elevar o stock de investimento para 5,3 mil milhões.
No turismo, o Brasil é o 6.° maior cliente de Portugal, tanto em número de hóspedes como de dormidas, e o 7º em receita.
Luís Faro Ramos salientou ainda a reentrada do Brasil no top 10 das economias mundiais e a presidência do G20, que agrupa as 20 maiores economias do mundo, em 2024, onde Portugal e Angola estiveram presentes pela mão do Brasil.
O Brasil está longe do valor de economias como os Estados Unidos ou a China, e mesmo a Alemanha, mas com possibilidades de ultrapassar o Canadá e a Itália.
Mas, mesmo assim, o PIB do Brasil, segundo o Fundo Monetário Internacional, é 2.125 biliões de euros em 2024, o que é sete vezes e meia Portugal. Mesmo assim, "é uma economia pouco aberta, onde as exportações e as importações não pesam 20% do produto", concluiu Luís Faro Ramos.
A realidade portuguesa é hoje muito mais conhecida e muito mais apetecível para o investidor brasileiro.
LUÍS FARO RAMOS
Embaixador de Portugal no Brasil
O Brasil é uma economia pouco aberta, onde as exportações e as importações não pesam 20% do produto.
LUÍS FARO RAMOS
Embaixador de Portugal no Brasil
APEX Brasil vai instalar-se em Portugal
Após investimentos como os da Embraer e da Weg, é a vez da AICEP brasileira se instalar em Portugal.
"Gostávamos que este ano, como vamos ter em fevereiro uma cimeirabilateral, em Brasília, e um fórum empresarial em São Paulo, que o Brasil olhasse para um próximo grande investimento no nosso país", salientou Luís Faro Ramos. Recordou aparceriabem sucedida com a Embraer porque "tem beneficiado não só o Brasil, mas também Portugal".
Referiu que Portugal comprou cinco aviões de carga KC- -390 à Embraer, o que significa cerca de 50 milhões de euros para a economia portuguesa. Portugal fechou acerca de um mês um contrato de compra de 12 aviões caça-de-treino, A29 Super Tucano, da Embraer, que é um negócio de 200 milhões de euros, com componentes que vão ser montados em Portugal.
Luís Faro Ramos lembrou que além da Embraer, a Weg, que produz motores, geradores, transformadores e acionamen- tos elétricos, que está instalada em Portugal desde 2002, fez recentemente um investimento de 24 milhões de euros numa nova unidade industrial.
Cátedras Camões
Revelou que a Apex Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que é a homóloga da AICEP, decidiu abrir um escritório em Lisboa, que vai representar e agregar outras instituições, nomeadamente o Sebrae, que apoia empreendedores e pequenas e médias empresas, e a Fiocruz, um laboratório científico de referência no Brasil.
"No Brasil estamos muito bem nas áreas da energia, da construção, do turismo. Não fazendo publicidade, há uma empresa na área da hotelaria que está afazer um trabalho fantástico no Brasil e está a crescer cada vez mais", disse Luís Faro Ramos.
Durante o seu mandato de três anos como presidente do Instituto Camões, Luis Faro Ramos apostou em cátedras Camões com universidades- -parceiras. Como embaixador no Brasil, apoiou essa estratégia e, anuncia que há nove cátedras Camões em nove universidades de vários estados do Brasil. A última das quais tem, como patrona, a escritora Lídia Jorge. F a primeira cátedra, no Brasil, com o nome de umamu- lher escritora, e viva". Considera que estas cátedras contribuem para o conhecimento e a difusão da língua portuguesa falada nos países da CPLR 'A questão cultural está muito enraizada, de facto, é preciso alimentá-la", concluiu Luís Faro Ramos.
Programa Economia Sem Fronteiras. Ao domingo, de manhã, no Now. Conteúdos podem ser consultados em Economia Sem Fronteiras, no site do Negócios.
No Brasil estamos muito bem nas áreas da energia, turismo e construção.
LUÍS RAMOS FARO
Embaixador de Portugal no Brasil