O peso da economia não registada no PIB atinge 24%, com Portugal a entrar no top 3 dos países europeus com uma taxa mais elevada de economia paralela, a par de Espanha, permanecendo nove pontos percentuais acima da média europeia, conclui estudo do Centro de Investigação Económica e Política (CEPR), organização independente pan-europeia que produz estudos sobre políticas públicas, com base em dados desagregados do IVA e inquéritos ao consumo usados pelas entidades estatísticas nacionais. Os autores do estudo alertam; "para países que enfrentam pressões orçamentais, encontrar formas de trazer a economia informal para as entidades pagadoras de impostos oferece uma margem crítica para melhoria".
Portugal fica acima da média de 17% registada pelas economias avançadas, com uma média de 24% do PIB entre 1999 e 2020, apenas superada, a nível europeu, pela Grécia (36%) e Itália (31%). No extremo oposto, com níveis inferiores a 10%, estão a Áustria (0,9%), a Dinamarca (0,9%), a Estónia (0,8%), a Eslovénia (0,7%), a Suécia (0,6%) e a Bélgica (0,5%), segundo o relatório do CEPR elaborado pelos autores Francesco Pappadà, professor da Universidade de Veneza, e o reputado economista norte-americano Kenneth Rogoff, professor da Universidade de Harvard.
Estes economistas salientam que a economia paralela permanece um grande ponto cego para a política macroeconómica e financeira, que tem merecido pouca atenção dos economistas e não deve continuar à margem da pesquisa económica.
Este alerta é partilhado por Óscar Afonso, professor catedrático da faculdade de economia da Universidade do Porto (FEP), que estudou o período entre 1996 e 2022, durante o qual se assiste "a uma subida gradual da economia paralela", e concluiu que o peso da economia não registada no PIB deverá ter atingido um recorde de 34,37% em 2022, o correspondente a 82.232 milhões.
Fenómeno devia merecer maior atenção
"Acompanho o artigo de opinião do CEPR ao dizer que o fenómeno da economia paralela deveria merecer maior atenção, dado o impacto negativo nas receitas fiscais e no bem-estar", afirma ao JE o autor do estudo da FEP, salientando que "enquanto algumas das propostas contidas no estudo (e no artigo científico publicado a que deu origem), como a criminalização do enriquecimento ilícito - no setor público e no setor privado - não forem implementadas, continuaremos com um elevado peso da economia paralela em Portugal, impedindo um maior desenvolvimento".
Embora a economia paralela, prosseguem os autores do estudo da CEPR, tenha um grande peso na economia, tem sido difícil para os especialistas medi-la, uma vez que tem sido "praticamente impossível" fornecerem números exatos sobre o dinheiro real que circula no mundo. Assim, os dados mais aproximados atestam que esta tem um peso de 17% do PIB nas economias avançadas e de 33% nas economias em desenvolvimento e mercados emergentes.
Segundo os autores do estudo do CEPR, até agora, todas as medições feitas da economia informal foram muito irregulares; alguns utilizam vários fatores de produção, tais como dinheiro em circulação ou consumo de eletricidade; enquanto outros analisam números macroeconómicos para tentar deduzir a produção e o consumo em falta.
Sem entrar em grandes detalhes técnicos, Óscar Afonso sublinha que há várias metodologias para estimar o peso da economia paralela e que a apresentada pelo estudo dos professores Francesco Pappadà e Keneth Rogoff "é apenas mais uma, porventura inovadora, como sustentam os autores, mas captando apenas uma parte dos fenómenos incluídos na economia não registada, mais vulgarmente conhecida como economia paralela".
Sobre o estudo da CEPR e a metodologia usada, que compara 20 países europeus, Óscar Afonso diz que "as discrepâncias encontradas são uma medida da fuga ao IVA. Resta saber se apenas no consumo final ou também há uma extrapolação para os consumos intermédios - ou seja, o IVA nas transações entre empresas nas etapas do processo de desenvolvimento dos produtos antes de se chegar à venda final aos consumidores -, pois nada é referido a esse respeito".
Portugal fica acima da média de 17% registada pelas economias avançadas, com uma média de 24% do PIB entre 1999 e 2020, apenas superada, a nível europeu, pela Grécia (36%) e Itália (31%). No extremo oposto, com níveis inferiores a 10%, estão a Áustria (0,9%), a Dinamarca (0,9%), a Estónia (0,8%), a Eslovénia (0,7%), a Suécia (0,6%) e a Bélgica (0,5%), segundo o relatório do CEPR elaborado pelos autores Francesco Pappadà, professor da Universidade de Veneza, e o reputado economista norte-americano Kenneth Rogoff, professor da Universidade de Harvard.
Estes economistas salientam que a economia paralela permanece um grande ponto cego para a política macroeconómica e financeira, que tem merecido pouca atenção dos economistas e não deve continuar à margem da pesquisa económica.
Este alerta é partilhado por Óscar Afonso, professor catedrático da faculdade de economia da Universidade do Porto (FEP), que estudou o período entre 1996 e 2022, durante o qual se assiste "a uma subida gradual da economia paralela", e concluiu que o peso da economia não registada no PIB deverá ter atingido um recorde de 34,37% em 2022, o correspondente a 82.232 milhões.
Fenómeno devia merecer maior atenção
"Acompanho o artigo de opinião do CEPR ao dizer que o fenómeno da economia paralela deveria merecer maior atenção, dado o impacto negativo nas receitas fiscais e no bem-estar", afirma ao JE o autor do estudo da FEP, salientando que "enquanto algumas das propostas contidas no estudo (e no artigo científico publicado a que deu origem), como a criminalização do enriquecimento ilícito - no setor público e no setor privado - não forem implementadas, continuaremos com um elevado peso da economia paralela em Portugal, impedindo um maior desenvolvimento".
Embora a economia paralela, prosseguem os autores do estudo da CEPR, tenha um grande peso na economia, tem sido difícil para os especialistas medi-la, uma vez que tem sido "praticamente impossível" fornecerem números exatos sobre o dinheiro real que circula no mundo. Assim, os dados mais aproximados atestam que esta tem um peso de 17% do PIB nas economias avançadas e de 33% nas economias em desenvolvimento e mercados emergentes.
Segundo os autores do estudo do CEPR, até agora, todas as medições feitas da economia informal foram muito irregulares; alguns utilizam vários fatores de produção, tais como dinheiro em circulação ou consumo de eletricidade; enquanto outros analisam números macroeconómicos para tentar deduzir a produção e o consumo em falta.
Sem entrar em grandes detalhes técnicos, Óscar Afonso sublinha que há várias metodologias para estimar o peso da economia paralela e que a apresentada pelo estudo dos professores Francesco Pappadà e Keneth Rogoff "é apenas mais uma, porventura inovadora, como sustentam os autores, mas captando apenas uma parte dos fenómenos incluídos na economia não registada, mais vulgarmente conhecida como economia paralela".
Sobre o estudo da CEPR e a metodologia usada, que compara 20 países europeus, Óscar Afonso diz que "as discrepâncias encontradas são uma medida da fuga ao IVA. Resta saber se apenas no consumo final ou também há uma extrapolação para os consumos intermédios - ou seja, o IVA nas transações entre empresas nas etapas do processo de desenvolvimento dos produtos antes de se chegar à venda final aos consumidores -, pois nada é referido a esse respeito".