O anúncio de nova “tarifas recíprocas” globais anunciadas ontem por Donald Trump não apanharam a indústria portuguesa de calçado desprevenida.
“Do ponto de vista do princípio, rejeitamos medidas protecionistas. Pelo contrário, somos sempre favoráveis ao comércio livre, justo e equilibrado”, considera o porta-voz da APICCAPS. Ainda assim, estávamos preparados para este momento, uma vez que estamos a finalizar um fortíssimo investimento - 120 milhões de euros - em domínios como automação, robótica ou sustentabilidade”.
Nesta nova ordem económica mundial, os produtos europeus - como o calçado - deverão ser taxados em 20%, o que compara com um adicional imposto de 34% sobre a China ou 46% sobre os produtos vietnamitas.
De acordo com o World Footwear Yearbook, os EUA são o maior mercado mundial de calçado. Anualmente, importam mais de 1986 milhões de pares de calçado, em valores próximos dos 26 mil milhões de dólares. A China é tradicionalmente o maior fornecedor do mercado, com uma quota próxima dos 60% (o equivalente a 1200 milhões de pares), seguida de Vietname (quota de 23% referente a 461 milhões de pares) e Indonésia (quota de 6% alusivos a 129 milhões de pares em 2023).
Para Portugal, os EUA são um mercado estratégico, perfilando-se atualmente como o 6º mercado de destino das suas exportações. Na última década, as exportações portuguesas para os “states” duplicaram, atingindo valores próximos dos 100 milhões de euros no final de 2024. “Ainda que já exportemos mais de 90% da produção para 170 países, consideramos o mercado norte-americano estratégico e a grande aposta da indústria portuguesa de calçado para a próxima década”, considera Paulo Gonçalves.
“Calçado português Não desiste”’
Para o porta-voz da APICCAPS, “o setor do calçado não vai desistir do mercado”. Pelo contrário, do ponto de vista estratégico, “atendendo que os meios ao nosso dispor não são ilimitados, o esforço de promoção internacional exige uma eficiente aplicação de recursos”. Por esse motivo, no âmbito do Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030 foram selecionadas 145 cidades prioritárias, 30% das quais nos EUA. “Entre as economias avançadas, os EUA são o país que oferece melhores perspetivas”.
De acordo com Paulo Gonçalves “o setor do calçado tem hoje muito melhores condições para abordar ao mercado norte-americano, nomeadamente na sequência dos investimentos em curso nas áreas da automação e sustentabilidade”. “Estamos no mercado americano para durar”, concluiu.

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Comércio
Indústria de calçado não desiste do mercado americano
De acordo com o World Footwear Yearbook, os EUA são o maior mercado mundial de calçado.
APICCAPS/AICEP
03 abr. 2025