A digitalização e a transição para a mobilidade elétrica são desafios estruturais para a indústria automóvel, sublinha Helder Barata Pedro, secretáriogeral da Associação Automóvel de Portugal (ACAP). A indústria nacional representa 4 por cento do PIB e 40.000 milhões de euros de volume de negócios. Mas o momento é marcado por pressões externas como a dependência da cadeia de valor chinesa e as barreiras impostas pelos EUA. Para o responsável da ACAP, a aposta na inovação é essencial para garantir que Portugal se mantém competitivo num mercado global cada vez mais dinâmico.
A ACAP representa as empresas do setor automóvel há mais de 100 anos, tem por missão promover o crescimento e a competitividade das empresas associadas. Como tem evoluído a atividade da associação e quais são hoje os seus principais desafios?
A ACAP tem desempenhado um papel essencial na defesa e promoção do setor automóvel português ao longo de mais de um século, adaptando-se à evolução do mercado e às necessidades das empresas associadas. Além da representação institucional, tem reforçado o apoio à inovação, à digitalização e implementação de políticas que garantam um ambiente competitivo favorável.
Atualmente, os principais desafios incluem a transição energética, que exige uma infraestrutura de carregamento mais robusta e incentivos eficazes para tornar os veículos elétricos mais acessíveis. A renovação do parque automóvel é outra prioridade, dado que a elevada idade média das viaturas compromete a segurança rodoviária e os objetivos ambientais.
A competitividade da indústria automóvel nacional enfrenta ainda pressões externas, nomeadamente a dependência da cadeia de valor chinesa nos veículos elétricos e as barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos da América. A ACAP continua a atuar como um interlocutor entre as empresas do setor e as entidades governamentais, garantindo que as políticas adotadas promovem a sustentabilidade, a inovação e o crescimento do setor em Portugal. Participa, ainda, nos trabalhos das Associações Europeia e Mundial dos Construtores de Automóveis.
O setor automóvel português é composto por cerca de 35.000 empresas, mais de 160.000 trabalhadores e cerca de 40 mil milhões de euros de volume de negócios. Representa aproximadamente 4 por cento do PIB. Que atividades consideram incluídas no setor automóvel e como prevê a evolução destes números?
O sector automóvel é um dos mais relevantes da economia portuguesa. Representa aproximadamente 4 por cento do PIB, e gerou 10,9 mil milhões em receitas fiscais – 17,8 por cento das receitas fiscais do Estado. Inclui atividades, desde a produção e comercialização de veículos ao fabrico e distribuição de componentes, serviços de manutenção e mobilidade sustentável.
A evolução destes números dependerá de diversos fatores, como a estabilidade do mercado, a adaptação às exigências ambientais e o investimento em inovação. O setor enfrenta desafios estruturais, como a digitalização e a transição para a mobilidade elétrica, que exigem investimentos elevados e um reajuste nas infraestruturas e modelos de negócio. Apesar destes desafios, o setor automóvel português tem potencial para continuar a crescer, especialmente se forem criadas condições que incentivem a produção nacional de veículos elétricos e eletrificados e o desenvolvimento de uma cadeia de abastecimento mais autónoma e sustentável. A aposta na inovação e na internacionalização será essencial para garantir que Portugal se mantém competitivo num mercado global cada vez mais dinâmico.
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