“Há uns anos, tivemos o caso de um funcionário muito especial, um operário com 20 anos de casa que teve uma situação terrível. Um cancro. E cuidámos dele, levámo-lo à Clínica Mayo, nos EUA. Está na nossa disponibilidade dar.” Na Metaloviana há uma máxima que move tudo o resto: “Os recursos humanos à frente de tudo. Eles emprestam-nos as mãos, os olhos, o esforço físico. Ajudam-nos a atingir a riqueza”, considera o administrador, Duarte Parente.
PORTUGAL EXPORT Esta é a 2ª edição do Portugal Export +60’30, da Associação Empresarial de Portugal (AEP) e do Novo Banco — a que o Expresso se associa como media partner —, que pretende incentivar as exportações nacionais a atingir 60% do PIB em 2030. Este projeto é apoiado por patrocinadores, sendo todo o conteúdo criado, editado e produzido pelo Expresso (ver código mde conduta online), sem interferência externa.
É por isso que grande parte do dinheiro desta empresa de metalomecânica de Viana do Castelo é aplicado nas pessoas. “Para fazer qualidade é preciso investir em recursos humanos. Investimos forte em formação profissional, na segurança no trabalho, mas também na assistência social. Vamos ao ponto de cuidar da higiene oral dos trabalhadores, para que mantenham a autoestima. Temos cuidado na escolha do fardamento. É seguro, mas sem subestimar a beleza, para que se sintam respeitados”, conta. Porque “quem semeia colhe”, acrescenta. E a qualidade é um fator muito importante numa empresa, mais ainda quando se trabalha para o exterior, que exige maior rapidez na entrega e produtos inovadores.
Daí que, neste último almoço da edição deste ano do projeto Portugal Export +60’30, Mário Jorge Silva, administrador da Tintex, tenha mencionado os dois tipos de investimento que as empresas têm de fazer, e de forma contínua: “No aumento da produção e em inovação.” Mas também em sustentabilidade, acrescenta Duarte Parente. Tem sido assim na Metaloviana, que lhes permitiu ganhar obras em duas construções carbono zero em França ou na linha de alta velocidade entre Birmingham e Manchester, no Reino Unido. E, claro, na Tintex, uma empresa têxtil de Vila Nova de Cerveira que tem investido “em acabamentos de grande nível técnico” e “em processos de otimização das águas usadas no tingimento das malhas”, o que lhes deu clientes como a Hugo Boss, Balenciaga ou Louis Vuitton.
Por isso é que uma das sugestões dos empresários presentes neste almoço foi que o Governo e a banca tenham especial atenção às organizações que implementam inovação. “O investimento no aumento de produção dá logo retorno, mas em inovação só quatro ou cinco anos depois. Neste caso, a banca devia dar dois anos de período de carência ou um prazo de pagamento mais longo. Há muitas empresas que inovam e estão sempre endividadas”, repara Mário Jorge Silva. Até porque, acrescenta, “os subsídios [europeus] vêm sempre muito tarde”. E quando vêm. De acordo com Helena Painhas, administradora do grupo Painhas, existe “uma desadequação do acesso aos apoios europeus”. “Na Europa sou uma empresa pequena, mas em Portugal sou uma grande empresa e não me posso candidatar aos fundos. Devia haver uma revisão do estatuto de PME em Portugal”, defende.
Outra solução para ajudar as empresas portuguesas a crescer, nomeadamente para o exterior, diz Luís Ribeiro, administrador com o pelouro das empresas do Novo Banco, passa por encontrar investidores estrangeiros. De acordo com Ricardo Arroja, presidente da AICEP — Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, a metalomecânica e o têxtil são alguns dos “sectores em alta [neste momento] para captar investimento”. Contudo, “a escala pode ser por parceria, não tem de ser por fusão ou aquisição”, tranquiliza Luís Ribeiro.