Comunicado do Banco de Portugal sobre o Boletim Económico de outubro de 2024.
A economia portuguesa cresce 1,6% em 2024, 2,1% em 2025 e 2,2% em 2026, continuando a convergir para os níveis de rendimento europeus. A inflação reduz-se para 2,6%, em 2024, e fixa-se em valores consistentes com a estabilidade de preços nos anos seguintes.
O mercado de trabalho continua a evoluir favoravelmente, com aumento do emprego ― de 1,1% em 2024, 0,6% em 2025 e 0,9% em 2026 ― e dos salários reais ― de 4,6% em 2024, 2,2% em 2025 e 2,0% em 2026. A taxa de desemprego permanece baixa.
O crescimento da atividade em 2024 é sustentado pelo consumo privado e pelas exportações. A aceleração em 2025–26 reflete o contributo do consumo e melhores perspetivas para o investimento. A maior sustentação do crescimento na componente do consumo privado é menos virtuosa para a sustentabilidade da economia portuguesa.
Ao longo do horizonte de projeção, a taxa de poupança mantém-se elevada, acima de 11%, refletindo as taxas de juro mais elevadas e comportamentos de precaução por parte das famílias.
O investimento abranda em 2024, mas acelera nos anos seguintes, com o alívio das condições financeiras, a melhoria das perspetivas globais e o estímulo dos fundos europeus.
O crescimento das exportações reflete o contexto de normalização dos padrões de consumo globais, e a aceleração das exportações de bens. O turismo, apesar de abrandar, continuará a crescer acima do total das exportações.
Os riscos destas projeções são equilibrados. Para a atividade, mantêm-se riscos de revisão em baixa associados às tensões geopolíticas internacionais e ao cumprimento atempado das metas do PRR. Em contrapartida, o consumo privado pode aumentar acima do esperado, em reação ao crescimento projetado do rendimento das famílias. Para a inflação, efeitos desfasados da política monetária mais marcados geram riscos em baixa. Estes riscos são contrabalançados por possíveis choques sobre os preços das matérias-primas internacionais, bem como por um maior dinamismo dos salários.
A resistência da economia aos choques recentes é reflexo do progresso verificado na redução de desequilíbrios macroeconómicos e outras fragilidades estruturais. Mas, no futuro próximo, haverá desafios importantes ― associados às transformações tecnológicas, às alterações geopolíticas e à gestão da transição climática. A orientação expansionista da política orçamental em todos os anos do horizonte de projeção, num contexto em que a economia se encontra acima do seu potencial, gerará a necessidade de um ajustamento posterior numa fase menos favorável do ciclo económico.

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Macroeconomia
Boletim Económico de outubro de 2024
A economia portuguesa cresce 1,6% em 2024, 2,1% em 2025 e 2,2% em 2026.
Banco de Portugal/AICEP
08 out. 2024