Portugal está entre os cinco países da União Europeia em que as pequenas e médias empresas mais se preocupam com os temas da eficiência energética e de recursos.
De acordo com o Eurobarómetro Flash 549, apresentado em Budapeste, na Hungria, 44% das PME portuguesas investiram pelo menos l%do seu volume de negócios no uso eficiente dos recursos, nos últimos dois anos, uma subida de 3 pontos percentuais face a 2021. Acima só Espanha (58%), Irlanda (47%), Grécia (47%) e Bulgária (45%). A média europeia fica-se pelos 38%.
Em causa está um universo de 25,8 milhões de pequenas e médias empresas, que representam mais de 90% do tecido empresarial, e que dão emprego a mais de 88,7 milhões de trabalhadores. Constituem, diz a Comissão Europeia, a "espinha dorsal" da economia europeia e, embora tenham um impacto individual pequeno, em termos acumulados é "significativo".
0 6° Eurobarómetro sobre a eficiência de recursos e mercados verdes, que resulta das entrevistas realizadas a mais de 18 mil PME, das quais 13 mil do espaço comunitário, apresenta resultados "fascinantes", mostrando que 93% dos inquiridos estão já a tomar algum tipo de medidas, contra os 89% do inquérito anterior, em 2021, o leva Ludger Odenthal, membro da DG Grow, a assumir que as PME europeias "estão a fazer mais para se tomarem sustentáveis".
Mas os números globais escondem realidades muito diferentes. Por exemplo, em nove Estados-membros há pelo menos 10% de empresas que não estão a tomar
qualquer medida de sustentabilidade, sendo superior a isso em países como Roménia (16%), Estónia (17%), Hungria (17%), Eslovénia (18%) e Letónia (25%).
Em termos gerais, 42% dos inquiridos dizem ter em curso cinco ou mais medidas de sustentabilidade, sendo a redução de desperdícios e a poupança energética as
mais comuns, abrangendo dois terços das PME europeias. Seguem-se a poupança de matérias- -primas e de água, bem como medidas de economia circular.
Portugal está acima da média europeia ao nível da reciclagem e reutilização de materiais ou desperdícios, apontados por 55% das empresas nacionais contra 48% da média europeia, mas está abaixo em todas as outras medidas apontadas. A poupança energética e a redução de resíduos, medidas postas em prática por dois em cada três empresas europeias, são referidas por 42% e 20%, respetivamente, das PME nacionais. Quanto à poupança de materiais e de água, referidas por 57% e 49% dos inquiridos na UE, são assumidas apenas por 30% e 35%, respetivamente, das PME nacionais.
É ao nível da energia que Portugal se sai melhor. Está no Top-5 dos países em que as empresas mais consomem renováveis, com 44% das PME nacionais a indicar que compram energias de fontes renováveis, contra os 23% de média europeia. Já na produção própria, designadamente através de painéis solares, Portugal fica-se pelos 9%, contra os 12% de média na UE.
Positivo é também o resultado dos investimentos feitos pelas PME portuguesas em termos de sustentabilidade. É que 35% dos inquiridos a nível europeu referem que os investimentos levaram a um aumento dos custos de produção, em Portugal 46% das empresas indicam que tiveram uma redução de custos. São 4,4 pontos percentuais mais do que no inquérito anterior. Melhor só Chipre, que regista 50% das PME com menos custos de produção, um aumento de 16 pontos percentuais.
Quanto à neutralidade carbónica, há 4% das PME na Europa que são já carbon free e 21 % têm uma estratégia já implementada para reduzirem a sua pegada. Portugal cota bem em ambas as dimensões, com 7% das empresas com impacto neutro já e 26% com uma estratégia definida para lá chegarem.
A complexidade dos procedimentos administrativos e dos requisitos de comunicação e o custo das ações ambientais são as maiores dificuldades apontadas pelas empresas. Mas ao contrário da média europeia que, quando questionadas que tipo de apoios precisam para se tomarem ecológicas, apontam, à cabeça a necessidade de subsídios ou subvenções, 29% das PME portuguesas pedem aconselhamento sobre financiamento e planeamento financeiro para investimentos eficientes em matéria de recursos. Seguem-se os subsídios (27%), a consultoria sobre como melhorar a eficiência dos recursos (22%) e uma maior cooperação empresarial (20%) tendo em vista criar novos processos para reutilizar resíduos.
O Eurobarómetro foi ontem apresentado, na Assembleia das PME, evento anual organizado pela Comissão Europeia para promover o empreendedorismo e dotar as PME das ferramentas adequadas à transição digital e verde. Duas transformações que, lembrou o ministro da Economia húngaro, Márton Nagy, na sessão de abertura do evento, exigem meios financeiros que não existem. "Precisamos de mais do que pequenos pacotes de ajuda, a transição verde e a transição energética requerem regras riscais temporariamente mais flexíveis", defende o governante.
Comparando o bloco europeu com os seus concorrentes americanos e chineses, Márton Nagy lembra que as empresas europeias se confrontam com preços energéticos que são "mais do dobro" das suas congéneres nos EUA e na China e sustenta: "Os EUA tem um défice orçamental correspondente a 9% do seu produto interno bruto que está a ser usado para apoiar a economia. Com dinheiro, também nós conseguimos fazer magia."
Lembrando que o Orçamento Comunitário é pequeno e que as solicitações e políticas a suportar, designadamente a nível de coesão, mas também de resiliência e competitividade, são muitas, este responsável considera que há apenas duas formas da UE abordar esta questão. Com ou sem protecionismo. Bruxelas já deu os primeiros passos em direção a um "protecionismo temporário", reconhece, coma imposição de novas barreiras tarifárias à entrada de veículos elétricos chineses no espaço europeu, mas falta ainda, para o ministro húngaro, meios financeiros para ajudar as empresas europeias, seja ao nível de apoios estatais, seja assegurando energia barata.
Lembrando que as regras comunitárias em vigor obrigam os Estados-membros a ter um défice orçamental abaixo de 1,5% do PIB, ou de apresentarem um plano fiscal para lá chegar, o governante considera que estas regras são "demasiado restritivas" para a corrente situação económica e geopolítica, "pondo em causa a competitividade da União Europeia", ao prejudicar o investimento.
A solução, defende, está em flexibilizar as regras orçamentais. "Temos de admitir um aumento do défice em um ou dois pontos percentuais, desde que se trate de meios para suportar transitoriamente a revolução digital e ambiental. Sem isso, não será possível assegurar a produtividade e a competitividade das empresas europeias", diz, sublinhando que terá de ser a Alemanha, pela sua dimensão e peso, a liderar este processo.
*A jornalista viajou a convite da Comissão Europeia
De acordo com o Eurobarómetro Flash 549, apresentado em Budapeste, na Hungria, 44% das PME portuguesas investiram pelo menos l%do seu volume de negócios no uso eficiente dos recursos, nos últimos dois anos, uma subida de 3 pontos percentuais face a 2021. Acima só Espanha (58%), Irlanda (47%), Grécia (47%) e Bulgária (45%). A média europeia fica-se pelos 38%.
Em causa está um universo de 25,8 milhões de pequenas e médias empresas, que representam mais de 90% do tecido empresarial, e que dão emprego a mais de 88,7 milhões de trabalhadores. Constituem, diz a Comissão Europeia, a "espinha dorsal" da economia europeia e, embora tenham um impacto individual pequeno, em termos acumulados é "significativo".
0 6° Eurobarómetro sobre a eficiência de recursos e mercados verdes, que resulta das entrevistas realizadas a mais de 18 mil PME, das quais 13 mil do espaço comunitário, apresenta resultados "fascinantes", mostrando que 93% dos inquiridos estão já a tomar algum tipo de medidas, contra os 89% do inquérito anterior, em 2021, o leva Ludger Odenthal, membro da DG Grow, a assumir que as PME europeias "estão a fazer mais para se tomarem sustentáveis".
Mas os números globais escondem realidades muito diferentes. Por exemplo, em nove Estados-membros há pelo menos 10% de empresas que não estão a tomar
qualquer medida de sustentabilidade, sendo superior a isso em países como Roménia (16%), Estónia (17%), Hungria (17%), Eslovénia (18%) e Letónia (25%).
Em termos gerais, 42% dos inquiridos dizem ter em curso cinco ou mais medidas de sustentabilidade, sendo a redução de desperdícios e a poupança energética as
mais comuns, abrangendo dois terços das PME europeias. Seguem-se a poupança de matérias- -primas e de água, bem como medidas de economia circular.
Portugal está acima da média europeia ao nível da reciclagem e reutilização de materiais ou desperdícios, apontados por 55% das empresas nacionais contra 48% da média europeia, mas está abaixo em todas as outras medidas apontadas. A poupança energética e a redução de resíduos, medidas postas em prática por dois em cada três empresas europeias, são referidas por 42% e 20%, respetivamente, das PME nacionais. Quanto à poupança de materiais e de água, referidas por 57% e 49% dos inquiridos na UE, são assumidas apenas por 30% e 35%, respetivamente, das PME nacionais.
É ao nível da energia que Portugal se sai melhor. Está no Top-5 dos países em que as empresas mais consomem renováveis, com 44% das PME nacionais a indicar que compram energias de fontes renováveis, contra os 23% de média europeia. Já na produção própria, designadamente através de painéis solares, Portugal fica-se pelos 9%, contra os 12% de média na UE.
Positivo é também o resultado dos investimentos feitos pelas PME portuguesas em termos de sustentabilidade. É que 35% dos inquiridos a nível europeu referem que os investimentos levaram a um aumento dos custos de produção, em Portugal 46% das empresas indicam que tiveram uma redução de custos. São 4,4 pontos percentuais mais do que no inquérito anterior. Melhor só Chipre, que regista 50% das PME com menos custos de produção, um aumento de 16 pontos percentuais.
Quanto à neutralidade carbónica, há 4% das PME na Europa que são já carbon free e 21 % têm uma estratégia já implementada para reduzirem a sua pegada. Portugal cota bem em ambas as dimensões, com 7% das empresas com impacto neutro já e 26% com uma estratégia definida para lá chegarem.
A complexidade dos procedimentos administrativos e dos requisitos de comunicação e o custo das ações ambientais são as maiores dificuldades apontadas pelas empresas. Mas ao contrário da média europeia que, quando questionadas que tipo de apoios precisam para se tomarem ecológicas, apontam, à cabeça a necessidade de subsídios ou subvenções, 29% das PME portuguesas pedem aconselhamento sobre financiamento e planeamento financeiro para investimentos eficientes em matéria de recursos. Seguem-se os subsídios (27%), a consultoria sobre como melhorar a eficiência dos recursos (22%) e uma maior cooperação empresarial (20%) tendo em vista criar novos processos para reutilizar resíduos.
O Eurobarómetro foi ontem apresentado, na Assembleia das PME, evento anual organizado pela Comissão Europeia para promover o empreendedorismo e dotar as PME das ferramentas adequadas à transição digital e verde. Duas transformações que, lembrou o ministro da Economia húngaro, Márton Nagy, na sessão de abertura do evento, exigem meios financeiros que não existem. "Precisamos de mais do que pequenos pacotes de ajuda, a transição verde e a transição energética requerem regras riscais temporariamente mais flexíveis", defende o governante.
Comparando o bloco europeu com os seus concorrentes americanos e chineses, Márton Nagy lembra que as empresas europeias se confrontam com preços energéticos que são "mais do dobro" das suas congéneres nos EUA e na China e sustenta: "Os EUA tem um défice orçamental correspondente a 9% do seu produto interno bruto que está a ser usado para apoiar a economia. Com dinheiro, também nós conseguimos fazer magia."
Lembrando que o Orçamento Comunitário é pequeno e que as solicitações e políticas a suportar, designadamente a nível de coesão, mas também de resiliência e competitividade, são muitas, este responsável considera que há apenas duas formas da UE abordar esta questão. Com ou sem protecionismo. Bruxelas já deu os primeiros passos em direção a um "protecionismo temporário", reconhece, coma imposição de novas barreiras tarifárias à entrada de veículos elétricos chineses no espaço europeu, mas falta ainda, para o ministro húngaro, meios financeiros para ajudar as empresas europeias, seja ao nível de apoios estatais, seja assegurando energia barata.
Lembrando que as regras comunitárias em vigor obrigam os Estados-membros a ter um défice orçamental abaixo de 1,5% do PIB, ou de apresentarem um plano fiscal para lá chegar, o governante considera que estas regras são "demasiado restritivas" para a corrente situação económica e geopolítica, "pondo em causa a competitividade da União Europeia", ao prejudicar o investimento.
A solução, defende, está em flexibilizar as regras orçamentais. "Temos de admitir um aumento do défice em um ou dois pontos percentuais, desde que se trate de meios para suportar transitoriamente a revolução digital e ambiental. Sem isso, não será possível assegurar a produtividade e a competitividade das empresas europeias", diz, sublinhando que terá de ser a Alemanha, pela sua dimensão e peso, a liderar este processo.
*A jornalista viajou a convite da Comissão Europeia