A Noruega é líder mundial no setor da aquacultura. Com uma longa costa, que proporciona boas condições para o funcionamento de atividades de aquacultura marinha, infraestruturas bem desenvolvidas e um regime regulamentar claro e eficiente, o país tem feito um esforço, desde 1970, para ser pioneiro em tecnologia, investigação e desenvolvimento (I&D) e práticas ambientalmente sustentáveis.
Para as empresas portuguesas, há um vasto potencial de cooperação no desenvolvimento de tecnologias e processos que aumentem a eficiência da produção e reduzam os impactos ambientais, incluindo a otimização de subprodutos, o aproveitamento de recursos marinhos inexplorados e a inovação em equipamentos para a aquacultura.
A Noruega é reconhecida como o principal produtor mundial de salmão e cultiva também truta arco-íris, bacalhau, alabote, salvelino ártico (artic char), algas marinhas, mexilhões e outras espécies. O setor da aquacultura norueguês, orientado para a exportação, tem crescido sempre nos últimos 20 anos e contribui de forma significativa para a economia do país. A estrutura da indústria é variada, com algumas grandes empresas e muitas de pequena e média dimensão, sobretudo concentradas na costa Oeste até Nordland.
No entanto, à medida que o setor cresce, surgem também novos desafios. Embora a Noruega continue a manter a sua posição de líder na produção de salmão, tem vindo desde 2012 a enfrentar problemas de piolhos marítimos (Lepeophtheirus salmonis) e de saúde dos peixes, em combinação com restrições de produção impostas pelo governo norueguês, introduzidas em 2017. Em 2023, foi ainda introduzido um novo imposto sobre a renda dos recursos naturais, criando incerteza para os produtores e afetando potenciais investimentos.
Por Miguel Fontoura, Diretor das Delegações dos Mercados Nórdicos da AICEP, e Denil Pinto, Técnico da AICEP em Oslo