Durão Barroso diz que África devia ocupar "um lugar ainda mais importante" nas prioridades da União Europeia e espera que Portugal reforce o papel de ponte entre os dois continentes. As parcerias devem ser o alicerce das relações, diz o antigo presidente da Comissão Europeia.
Como secretário de Estado da Cooperação, ministro dos Negócios Estrangeiros, primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso foi acumulando conhecimento sobre África Em entrevista, no âmbito do EurAfrican Fórum, o presidente da assembleia geral do Conselho de Diáspora diz que o futuro da Europa também passa por aquele continente.
Qual o lugar que África ocupa no seio da União Europeia?
África ocupa um lugar importante nas prioridades da União Europeia, mas, francamente, deveria ocupar um lugar ainda mais importante. Penso que África é , ou deve ser, o parceiro natural da Europa, e a Europa o parceiro natural de África, por razões óbvias de natureza geográfica e também históricas. É o continente que está mais próximo de nós e historicamente e culturalmente estamos muito ligados a África É verdade que houve uma experiência colonial e por definição o colonialismo é algo de que não podemos orgulhar-nos, mas também é verdade que esse período estabeleceu laços linguísticos, culturais, humanos, que hoje em dia são cada vez mais importantes.
E como é que esta perspetiva se deve concretizar?
Num mundo cada vez mais fragmentado, é importante investir em determinadas relações que eu às vezes, alias, chamo de cumplicidade, ou seja, um sentimento comum em relação a desafios comuns. Por isso, África deve ter um lugar maior nas prioridades da Europa Além do mais, é também um imperativo, por um lado, de solidariedade, porque a verdade é que a África, em geral, não atingiu níveis de desenvolvimento aceitáveis, e a Europa pode e deve ajudar. É um imperativo ético ou moral, mas também é do nosso próprio interesse, porque a África tem um potencial de crescimento imenso. África, como costumo dizer, é a grande reserva para o crescimento futuro da economia mundial, dado que as economias asiáticas, de uma forma geral, estão já a atingir um certo nível de maturidade. Mas África, com a sua demografia que é amais dinâmica do planeta, com o seu potencial humano e em riquezas naturais, com a sua criatividade, com muita coisa ainda que não tem sido possível a desenvolver, é uma reserva de crescimento económico. Portanto, por razões económicas, mas também por razões políticas e culturais, impõe-se uma maior prioridade a África entre as prioridades da Europa.
Que iniciativas considera prioritárias para concretizar essa aproximação?
Bom, em todas as áreas. Na última cimeira entre a União Africana e a União Europeia, que foi em Bruxelas em 2022, foram identificadas áreas do desenvolvimento económico e social, nomeadamente no capítulo social, educação e saúde, que são a meu ver, prioridades importantes. Algumas delas, aliás, não são exclusivamente do âmbito africano. Também há que considerá-las no contexto global. No dia 20 de junho estive a copresidir, em nome da GAVI [Aliança Mundial de Vacinas e Imunização], a uma iniciativa que teve lugar em Paris, com o Presidente Macron, em nome da França e o presidente da Comissão da União Africana, Mohamed Ould Ghazouani, ao Fórum Global para a Soberania Vacinai e Inovação. Além de lançarmos o novo período de financiamento para a GAVI, de 2026 a2030, lançámos a AVMA [African Vaccine Manufacturing Accelerator], ou seja, o acelerador para o fabrico de vacinas em África, que aliás já dotámos com 1.200 milhões de dólares, verbas que vêm da luta contra a covid e não foram utilizadas. Isto é um exemplo concreto, construir em África capacidades para eles próprios desenvolverem o fabrico de vacinas. Isso já está a acontecer na prática Por exemplo, concretamente, a BioNTech, que é uma empresa alemãbasea- da na Alemanha, está a construir no Ruanda uma fábrica para a produção de vacinas. Aliás, o Presidente do Ruanda, também esteve neste fórum, juntamente com os presidente do Gana, Senegal e Botsuana E é uma coincidência, mas não deixa de ser curioso que quem está a construir essa fábrica é uma empresa portuguesa, a Mota-Engil. Há muita coisa a fazer, em concreto, em termos de transferência de tecnologia, de apoio técnico e de desenvolvimento de capacidades em África África tem capacidades, assim saibamos nós, europeus, apoiar o desenvolvimento dessas capacidades.
Falou dos recursos económicos e, de facto, a África tem um potencial incrível e riquezas que parecem inesgotáveis. Na atual configuração do mundo, qual é a importância de ter recursos minerais relevantes, como é o caso do continente africano, e o que é que eles podem aportar para o desenvolvimento de cada um dos países?
É essencial. Hoje em dia há uma situação geopolítica cada vez mais polarizada e difícil e uma preocupação em dar prioridade a considerações de segurança nacional, a relações que anteriormente eram vistas mais de um ponto de vista puramente económico ou de mercado. Ou seja, há uma preocupação em assegurar as cadeias de abastecimento. Há uma competição por algumas matérias-primas, por exemplo, as chamadas terras raras, essenciais para o desenvolvimento da nova economia, nomeadamente da economia verde ou da economia digital. E é importante também aqui termos uma relação equilibrada Compete, obviamente, aos africanos desenvolverem as suas políticas, mas é importante que a Europa assegure uma posição de parceria à medida da relação tão importante que temos com África Mas não vamos ser ingénuos, há aqui uma competição cada vez mais acesa, e acho que, no respeito pleno pelas soberanias africanas e as suas prioridades, é importante que a Europa esteja mais presente também nesse capítulo.
Ou seja, é importante que a Europa participe mais no desenvolvimento económico de África, como um todo?
Acho que isso está a ser, hoje em dia, considerado. Uma das posições que ocupei no Governo português já há muitos anos, entre 87 e 92, foi a de secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação. Aliás, foi aí que comecei uma atividade política mais intensa, e depois continuei como ministro dos Negócios Estrangeiros. Já estive em 35 países africanos, e não posso dizer que conheço bem porque é um continente imenso e de grande diversidade, mas conheço alguma coisa da África E posso comparar a situação de hoje com a que encontrei naquela altura Por exemplo, Angola, na altura, enfrentava uma terrível guerra civil, e agora, com certeza tem algumas dificuldades, mas é um país muito mais estável, seguro de si e muito mais ativo também no plano internacional.
Portanto, a África de hoje é diferente da África de há 20 ou 30 anos.
E também a nossa parceria hoje tem tomado formas diferentes. É cada vez mais uma parceria, cada vez menos uma relação simples de doador e beneficiário. Os africanos também estão muito mais conscientes do seu potencial e dos seus direitos. Acho que apa- lavra dignidade é chave para encarar essa nossa parceria Se o soubermos fazer com inteligência e sensibilidade, continuo a achar que ninguém estará mais bem colocado do que a Europa e os europeus.
Como avalia a forma como Portugal se tem relacionado com o continente africano e, sobretudo, os chamados Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)?
Portugal é um dos países, e as sim é visto, que faz parte daquilo a que eu chamo o partido africano. Quando, por exemplo, na Europa se reflete ou escuta África , Portugal é naturalmente um dos países que toma a palavra e tem algum contributo a dar. Isso, em larga medida, por causa da sua relação mais íntima com cinco países africanos que fazem parte da comunidade dos países de língua portuguesa, e também pela história e pelo conhecimento que foi desenvolvido em Portugal. Na União Europeia há aquilo a que muitas vezes chamo uma certa especialização diplomática Em África, pelo menos em alguns países e algumas questões, podemos considerar que temos algum valor acrescentado. E isso é importante para a nossa própria identidade diplomática Espero que Portugal mantenha e reforce esse seu papel de ponte entre a Europa e a África.
Que espera, em concreto, que resulte da realização de mais este EurAfrican Fórum?
É o sétimo. O que já é um bom indicador. E reunimos líderes que, na sua maioria, são pessoas vindas de África Com, obviamente, uma importante presença portuguesa, mas também com outros europeus e também com pessoas que vêm da América e da Ásia Como de costume, o nosso Presidente Honorário, que é o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participa numa conversa com um chefe de Estado convidado. Vamos discutir temas como investimento, educação, digitalização, infraestruturas, geopolítica, saúde e até desporto, como uma forma de aproximar também as populações. Sou presidente deste evento, também na minha qualidade de presidente da assembleia geral do Conselho de Diáspora Portuguesa, e acho que é uma iniciativamuito interessante, na medida em que sai do Conselho de Diáspora Portuguesa, mas com uma perspetiva de abertura ao mundo, neste caso, a um continente que nos é tão próximo e tão caro. Um objetivo deste fórum, como aliás foi das seis realizações anteriores, é, além das conferências elas próprias, das opiniões que se trocam, é também 'networking', é estabelecer relações económicas e às vezes até pessoais que podem ser interessantes para o futuro.
"É importante que a Europa assegure uma posição de parceria à medida da relação que temos com África."
''Portugal é um dos países que faz parte daquilo a que chamo o partido africano."
Manter relevância no atual contexto
O ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu ontem, no "Euro African Fórum 2024", que "África tem de continuar relevante no cenário geopolítico" e que "não reconhecer a ligação entre África e Europa é negar a história" que os dois blocos partilham. Paulo Rangel, na foto ao lado de António Calçada de Sá, presidente do Conselho da Diáspora, e de Durão Barroso, que lidera o EurAfrican Fórum, abriu ontem o primeiro de dois dias de conferência.
Como secretário de Estado da Cooperação, ministro dos Negócios Estrangeiros, primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso foi acumulando conhecimento sobre África Em entrevista, no âmbito do EurAfrican Fórum, o presidente da assembleia geral do Conselho de Diáspora diz que o futuro da Europa também passa por aquele continente.
Qual o lugar que África ocupa no seio da União Europeia?
África ocupa um lugar importante nas prioridades da União Europeia, mas, francamente, deveria ocupar um lugar ainda mais importante. Penso que África é , ou deve ser, o parceiro natural da Europa, e a Europa o parceiro natural de África, por razões óbvias de natureza geográfica e também históricas. É o continente que está mais próximo de nós e historicamente e culturalmente estamos muito ligados a África É verdade que houve uma experiência colonial e por definição o colonialismo é algo de que não podemos orgulhar-nos, mas também é verdade que esse período estabeleceu laços linguísticos, culturais, humanos, que hoje em dia são cada vez mais importantes.
E como é que esta perspetiva se deve concretizar?
Num mundo cada vez mais fragmentado, é importante investir em determinadas relações que eu às vezes, alias, chamo de cumplicidade, ou seja, um sentimento comum em relação a desafios comuns. Por isso, África deve ter um lugar maior nas prioridades da Europa Além do mais, é também um imperativo, por um lado, de solidariedade, porque a verdade é que a África, em geral, não atingiu níveis de desenvolvimento aceitáveis, e a Europa pode e deve ajudar. É um imperativo ético ou moral, mas também é do nosso próprio interesse, porque a África tem um potencial de crescimento imenso. África, como costumo dizer, é a grande reserva para o crescimento futuro da economia mundial, dado que as economias asiáticas, de uma forma geral, estão já a atingir um certo nível de maturidade. Mas África, com a sua demografia que é amais dinâmica do planeta, com o seu potencial humano e em riquezas naturais, com a sua criatividade, com muita coisa ainda que não tem sido possível a desenvolver, é uma reserva de crescimento económico. Portanto, por razões económicas, mas também por razões políticas e culturais, impõe-se uma maior prioridade a África entre as prioridades da Europa.
Que iniciativas considera prioritárias para concretizar essa aproximação?
Bom, em todas as áreas. Na última cimeira entre a União Africana e a União Europeia, que foi em Bruxelas em 2022, foram identificadas áreas do desenvolvimento económico e social, nomeadamente no capítulo social, educação e saúde, que são a meu ver, prioridades importantes. Algumas delas, aliás, não são exclusivamente do âmbito africano. Também há que considerá-las no contexto global. No dia 20 de junho estive a copresidir, em nome da GAVI [Aliança Mundial de Vacinas e Imunização], a uma iniciativa que teve lugar em Paris, com o Presidente Macron, em nome da França e o presidente da Comissão da União Africana, Mohamed Ould Ghazouani, ao Fórum Global para a Soberania Vacinai e Inovação. Além de lançarmos o novo período de financiamento para a GAVI, de 2026 a2030, lançámos a AVMA [African Vaccine Manufacturing Accelerator], ou seja, o acelerador para o fabrico de vacinas em África, que aliás já dotámos com 1.200 milhões de dólares, verbas que vêm da luta contra a covid e não foram utilizadas. Isto é um exemplo concreto, construir em África capacidades para eles próprios desenvolverem o fabrico de vacinas. Isso já está a acontecer na prática Por exemplo, concretamente, a BioNTech, que é uma empresa alemãbasea- da na Alemanha, está a construir no Ruanda uma fábrica para a produção de vacinas. Aliás, o Presidente do Ruanda, também esteve neste fórum, juntamente com os presidente do Gana, Senegal e Botsuana E é uma coincidência, mas não deixa de ser curioso que quem está a construir essa fábrica é uma empresa portuguesa, a Mota-Engil. Há muita coisa a fazer, em concreto, em termos de transferência de tecnologia, de apoio técnico e de desenvolvimento de capacidades em África África tem capacidades, assim saibamos nós, europeus, apoiar o desenvolvimento dessas capacidades.
Falou dos recursos económicos e, de facto, a África tem um potencial incrível e riquezas que parecem inesgotáveis. Na atual configuração do mundo, qual é a importância de ter recursos minerais relevantes, como é o caso do continente africano, e o que é que eles podem aportar para o desenvolvimento de cada um dos países?
É essencial. Hoje em dia há uma situação geopolítica cada vez mais polarizada e difícil e uma preocupação em dar prioridade a considerações de segurança nacional, a relações que anteriormente eram vistas mais de um ponto de vista puramente económico ou de mercado. Ou seja, há uma preocupação em assegurar as cadeias de abastecimento. Há uma competição por algumas matérias-primas, por exemplo, as chamadas terras raras, essenciais para o desenvolvimento da nova economia, nomeadamente da economia verde ou da economia digital. E é importante também aqui termos uma relação equilibrada Compete, obviamente, aos africanos desenvolverem as suas políticas, mas é importante que a Europa assegure uma posição de parceria à medida da relação tão importante que temos com África Mas não vamos ser ingénuos, há aqui uma competição cada vez mais acesa, e acho que, no respeito pleno pelas soberanias africanas e as suas prioridades, é importante que a Europa esteja mais presente também nesse capítulo.
Ou seja, é importante que a Europa participe mais no desenvolvimento económico de África, como um todo?
Acho que isso está a ser, hoje em dia, considerado. Uma das posições que ocupei no Governo português já há muitos anos, entre 87 e 92, foi a de secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação. Aliás, foi aí que comecei uma atividade política mais intensa, e depois continuei como ministro dos Negócios Estrangeiros. Já estive em 35 países africanos, e não posso dizer que conheço bem porque é um continente imenso e de grande diversidade, mas conheço alguma coisa da África E posso comparar a situação de hoje com a que encontrei naquela altura Por exemplo, Angola, na altura, enfrentava uma terrível guerra civil, e agora, com certeza tem algumas dificuldades, mas é um país muito mais estável, seguro de si e muito mais ativo também no plano internacional.
Portanto, a África de hoje é diferente da África de há 20 ou 30 anos.
E também a nossa parceria hoje tem tomado formas diferentes. É cada vez mais uma parceria, cada vez menos uma relação simples de doador e beneficiário. Os africanos também estão muito mais conscientes do seu potencial e dos seus direitos. Acho que apa- lavra dignidade é chave para encarar essa nossa parceria Se o soubermos fazer com inteligência e sensibilidade, continuo a achar que ninguém estará mais bem colocado do que a Europa e os europeus.
Como avalia a forma como Portugal se tem relacionado com o continente africano e, sobretudo, os chamados Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)?
Portugal é um dos países, e as sim é visto, que faz parte daquilo a que eu chamo o partido africano. Quando, por exemplo, na Europa se reflete ou escuta África , Portugal é naturalmente um dos países que toma a palavra e tem algum contributo a dar. Isso, em larga medida, por causa da sua relação mais íntima com cinco países africanos que fazem parte da comunidade dos países de língua portuguesa, e também pela história e pelo conhecimento que foi desenvolvido em Portugal. Na União Europeia há aquilo a que muitas vezes chamo uma certa especialização diplomática Em África, pelo menos em alguns países e algumas questões, podemos considerar que temos algum valor acrescentado. E isso é importante para a nossa própria identidade diplomática Espero que Portugal mantenha e reforce esse seu papel de ponte entre a Europa e a África.
Que espera, em concreto, que resulte da realização de mais este EurAfrican Fórum?
É o sétimo. O que já é um bom indicador. E reunimos líderes que, na sua maioria, são pessoas vindas de África Com, obviamente, uma importante presença portuguesa, mas também com outros europeus e também com pessoas que vêm da América e da Ásia Como de costume, o nosso Presidente Honorário, que é o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participa numa conversa com um chefe de Estado convidado. Vamos discutir temas como investimento, educação, digitalização, infraestruturas, geopolítica, saúde e até desporto, como uma forma de aproximar também as populações. Sou presidente deste evento, também na minha qualidade de presidente da assembleia geral do Conselho de Diáspora Portuguesa, e acho que é uma iniciativamuito interessante, na medida em que sai do Conselho de Diáspora Portuguesa, mas com uma perspetiva de abertura ao mundo, neste caso, a um continente que nos é tão próximo e tão caro. Um objetivo deste fórum, como aliás foi das seis realizações anteriores, é, além das conferências elas próprias, das opiniões que se trocam, é também 'networking', é estabelecer relações económicas e às vezes até pessoais que podem ser interessantes para o futuro.
"É importante que a Europa assegure uma posição de parceria à medida da relação que temos com África."
''Portugal é um dos países que faz parte daquilo a que chamo o partido africano."
Manter relevância no atual contexto
O ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu ontem, no "Euro African Fórum 2024", que "África tem de continuar relevante no cenário geopolítico" e que "não reconhecer a ligação entre África e Europa é negar a história" que os dois blocos partilham. Paulo Rangel, na foto ao lado de António Calçada de Sá, presidente do Conselho da Diáspora, e de Durão Barroso, que lidera o EurAfrican Fórum, abriu ontem o primeiro de dois dias de conferência.