Em 2023 o país chegou pela primeira vez à fasquia do Milhão de hóspedes num ano, 95% concentrado nas ilhas do Sal e Boa Vistas. Reino Unido é o principal mercado emissor com 35,3% do total, Bélgica+Países Baixos (11,4%), Alemanha (11,3%), e Portugal com 9,8% - dados INE-CV.
O Ministro do Turismo e Transportes anunciou que a meta de 1,2 M de turistas, inicialmente prevista para 2026, poderá ser alcançada já este ano 2024. Com tendência de crescimento a médio-prazo.
O Governo de Cabo Verde tem em curso o Programa Operacional do Turismo (POT) para o período 2022-2026, com um orçamento de 200 milhões de euros. Este Programa foi desenhado de forma transversal a todos os setores da economia, e engloba, para além da consolidação da oferta turística já existente, a diversificação dos destinos turísticos (descentralizando o turismo da ilha do Sal para outras ilhas) e dos produtos oferecidos (criando produtos e soluções de ecoturismo, turismo cultural, de natureza, turismo de conferências, entre outros).
Com o intuito de atrair mais investimento e aumentar a oferta, o Governo criou Zonas de Desenvolvimento Turístico Integrado (ZDTI) loteadas e infraestruturadas em todas as ilhas do arquipélago. Sujeitas a regulação ambiental específica, as empresas aqui instaladas usufruem de isenção ou redução de IVA, IRPC e taxas aduaneiras, e licenciamento simplificado.
Os acordos aéreos com países europeus têm-se multiplicado com o intuito de atrair mais rotas comerciais. – A EasyJet iniciou em outubro 2024 seis frequências semanais a partir de Lisboa e Porto para o Sal até Verão 2025, e anunciou uma rota Londres-Sal. A Transavia tem anunciado novas rotas entre o Sal e várias cidades francesas.
As novas rotas têm-se concentrado no Sal, mas com a modernização dos restantes aeroportos, geridos pelo Grupo VINCI/ANA Aeroportos, aumenta o potencial de atrair ligações a outras ilhas, apoiando a estratégia de diversificação do Governo. Em 2025, entra em operação a companhia estatal de voos domésticos (LACV), com tarifas subsidiadas de forma a estimular o turismo nas ilhas menos visitadas.
O setor hoteleiro tem acompanhado este crescimento, com a inauguração de novos resorts e hotéis. Cadeias internacionais como RIU (maior empregador privado do país), Hilton e Meliá estão presentes. O grupo Barceló abriu o primeiro hotel 5* na Praia e irá abrir mais 4 hotéis no Sal e Boa Vista. O grupo Piñera vai entrar no mercado. Estão em construção um 4Points by Sheraton e um Golden Tulip em São Vicente. Presença portuguesa conta com o grupo Oásis Atlântico, com 6 unidades em 4 ilhas e planos de expandir. O grupo Pestana tem uma unidade na Praia e o grupo Águas explora um empreendimento no Sal.
O aumento dos voos comerciais (em especial low-cost) fomentará o interesse por projetos de menor escala por parte de pequenos grupos e investidores privados, como lodges ecológicos e alojamentos boutique, bem como o aparecimento de alojamentos locais. A imobiliária turística é um setor em expansão, com investidores estrangeiros a adquirirem segundas residências em condomínios fechados e villas.
O turismo de cruzeiros está a crescer com a construção do terminal de cruzeiros do Mindelo em fase final (obra a ser executada pela Mota-Engil). Outros setores de nicho, como o turismo de caminhada, o turismo náutico e o iatismo têm crescido em Cabo Verde. O Grupo ETE, empresa portuguesa responsável pelo serviço público de transporte interilhas, tem apostado com relativo sucesso no agenciamento de serviços a iates de luxo.
Em suma, a procura turística em Cabo Verde está a aumentar e a diversificar-se, a curto e médio-prazo, gerando oportunidades que vão para além da atividade turística. A oferta irá forçosamente acompanhar este dinamismo para o qual as empresas portuguesas devem estar atentas, cientes das limitações atuais do mercado e da concorrência internacional existente.
Mais informações sobre este setor podem ser obtidas junto da Delegação da AICEP em Cabo Verde.