A Revigrés foi constituída em 1977, depois de Adolfo Roque ter aliciado alguns amigos para constituir uma empresa industrial na sua terra natal, Barrô, em Águeda.
"Fez-se um estudo de mercado e percebeu-se que havia uma grande procura por revestimentos e pavimentos cerâmicos e a oferta era escassa. Resolveram então avançar com a Revigrés para a produção de revestimento e pavimentos cerâmicos", recorda Paula Roque, "managing partner" da Revigrés, que faz parte da administração da empresa de cerâmica há quase 15 anos.
O pai, Adolfo Roque, liderou a empresa, que começou a produzir em 1998, durante os primeiros 30 anos, e "foi o grande impulsionador da construção da Revigrés, da atividade da empresa e da imagem de marca que tem desde então", sublinha Paula Roque no "Economia Sem Fonteiras", programa do Negócios transmitido no canal Now. No início, as vendas estavam focadas no mercado nacional, mas em 1981, com a instalação de uma segunda linha de produção, Adolfo Roque procurou dar pequenos passos no mercado internacional para conhecer as necessidades dos clientes e testar os seus produtos em mercados como França, Reino Unido, Escandinávia e Canadá.
União Europeia e Porto
Em 1986, Portugal e a Espanha tornam-se membros da Comunidade Económica Europeia, o que aumentou a concorrência no mercado interno com a entrada de empresas espanholas. "Houve a necessidade de avançar mais para os mercados internacionais e a Revigrés passou a ter uma atividade maior da comercialização no mercado internacional, porque a procura no mercado nacional ainda era bastante grande", considera Paula Roque.
A Revigrés foi buscar a sua inspiração à tradição da azulejaria portuguesa, mas adicionou-lhe modernidade, tecnologia e inovação. Por outro lado, conseguiram reconhecimento internacional, com o patrocínio ao Futebol Clube do Porto, que se iniciou em 1983, e que coincidiu com um dos períodos de ouro deste clube tanto nas competições como nas internacionais.
"Foi a primeira empresa portuguesa a patrocinar um clube de futebol da primeira divisão em Portugal. Um marco histórico, independentemente de qualquer pretensão clubística. Os outros grandes clubes também foram contactados, mas não mostraram interesse. Foi relevante também para a acessibilidade internacional da empresa", refere Paula Roque.
Porcelânico técnico.
Em 1999 a Revigrés decidiu que, para uma maior expansão nos mercados internacionais, deveria basear a sua oferta no "produto mais nobre da cerâmica, o porcelânico técnico", explica Paula Roque. A empresa avançou com um investimento de 40 milhões de euros na instalação de duas unidades fabris para este produto, que hoje representa a principal tipologia de produtos vendidos pela Revigrés.
"Este produto tem um grau de absorção de água quase zero (menos de 0,05%), com características técnicas ótimas, que pode ser aplicado em áreas públicas e climas frios, onde as amplitudes térmicas são elevadas. Este investimento foi decisivo para o sucesso de Revigrés a partir de 2001, quando lançámos as primeiras coleções", disse Paula Roque.
Recentemente fizeram um investimento de 15 milhões de euros na aquisição de uma nova linha de produção completa, integrado em duas agendas mobilizadoras do PRR "É um investimento inovador em Portugal, que nos vai permitir produzir peças de 1,20 mpor 2,78m, da dimensão de uma parede, com espessuras de 6 mm a 20 mm, e com impressão em 3D. Permite uma grande flexibilidade de produção, com maior eficiência energética e com possibilidade de funcionar a hidrogénio", salienta Paula Roque.
Houve a necessidade de avançar mais para os mercados internacionais e a Revigrés passou a ter uma atividade maior da comercialização no mercado internacional, porque a procura no mercado nacional ainda era bastante grande. Paula Roque, "Managing partner" da Revigrés.
Miguel Frasquilho e Marta Dhanis conduziram a entrevista a Paula
"Prevemos que a utilização de cerâmica seja cada vez maior". A empresa tem baseado a sua estratégia na inovação e design, onde tem "o pentacampeonato dos prémios internacionais de design", a flexibilidade, as certificações e a sustentabilidade.
"Os estudos dizem que a cerâmica é um produto com características técnicas e estéticas ótimas com vantagens grandes face a outros produtos alternativos. É um produto natural, inócuo, não liberta substâncias tóxicas, ao contrário de outros produtos, e evita a delapidação dos recursos naturais. Dada a sua relevância, prevemos que a utilização de cerâmica seja cada vez maior", disse Paula Roque, "managing partner" da Revigrés.
Este futuro está a construir-se numa organização que tem tecnologia, mas a que adicionou o design, a inovação, e também da qualidade, a flexibilidade e a personalização, a sustentabilidade. No design a Revigrés tem "o penta campeonato dos prémios internacionais de design, como o German Design Award, iF Design Award, Red Dot Design Award, Good Design Award (em 2015 e 2022) e A Design Award", como sublinha Paula Roque.
Deu ainda um exemplo recente, o fornecimento de produtos para substituir o mura no que está aplicado nos pináculos exteriores e no medalhão central no interior da Basílica da Sagrada Família, em Barcelona Este projeto foi conseguido porque a empresa tem "uma grande flexibilidade de produção e conseguimos desenvolver estes projetos personalizados", disse Paula Roque.
A outra face é a crescente necessidade de ter certificações dos seus produtos. "Na Revigrés temos autonomia para fazer a maioria dos testes, mas, de qualquer forma, validamos sempre no Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro", referiu Paula Roque. Sublinhou ainda que Revigrés é ainda a única empresa portuguesa no setor cerâmico com a quádrupla certificação dos seus sistemas de gestão integrados, e já tem em curso, a certificação energética.
As exigências internacionais
Mas, os mercados internacionais fazem mais exigências. Em França, por exemplo, os produtos são submetidos aos testes UPEC, e, mais recentemente, o FDS (Fichas de Dados de Segurança), que garantem a sustentabilidade dos produtos, e, todos os anos, técnicos da CSTB (Centre Scientifíque et Technique du Bâtiment) fazem testes aleatórios aos produtos. Para a Arábia Saudita é a certificação Saso. "Há de facto, aqui estas restrições grandes para que podermos vender internacionalmente", considera Paula Roque.
Um dos fatores distintivos é a sustentabilidade. Desde 2017, que os produtos da Revigrés têm o Environment Product Declaration, ou seja, a declaração ambiental de produtos certificados, que permitem obter boas classificações em sistemas internacionais de certificação ambiental e de edifícios como Leed e Breeam.
A Revigrés tem os produtos em plataformas como BIM (Building Information Modeling), que "torna mais fácil para o artista e para o arquiteto trabalhar numa biblioteca, onde está a informação toda centralizada".
A Revigrés tem uma valorização de 98% dos resíduos que resultam do processo produtivo, incorporados na produção e outros processos fabris. "Utilizamos a 100% de todos os cacos-crus, reutilizamos a 100% das águas residuais industriais", afirma Paula Roque. No domínio da energia, fizeram uma parceria com uma empresa que vai instalar na fábrica um equipamento para a produção de hidrogénio que, à partida, irá suprir cerca de 50% das necessidades.
O PROGRAMA. "Economia Sem Fronteiras" é um programa do Negócios no canal Now, na posição 9 das operadoras de televisão. É conduzido pelo economista e antigo presidente da AICEP Miguel Frasquilho e pela apresentadora Marta Dhanis. O próximo convidado será o presidente executivo do Millennium Bcp, Miguel Maya.
Uma aposta na sustentabilidade
Portugal é um pequeno país à escala global, e a Revigrés é uma pequena empresa à escala global, com 40 milhões de euros de faturação e cerca de 350 trabalhadores e está presente em mais de 50 países. Mas isto, por outro lado, tem permitido ser flexível, e, portanto, poder acompanhar com grande assertividade as tendências do setor da cerâmica, desde a sua internacionalização e as especificidades culturais dos países, dos mercados e das regiões onde opera O setor cerâmico, hoje, enfrenta desafios grandes, como a automação e tecnologias de impressão 3D, que permitem designs personalizados, enquanto a sustentabilidade e eficiência energética são também áreas extremamente importantes em termos de investimento, com foco na redução do CO2.
A Revigrés alinha-se com estas tendências, e, nos últimos dois anos, tem investido cerca de 25% da sua faturação na inovação, sustentabilidade e novos processos produtivos, que promovem a economia circular. São exemplos o Revisense, que é uma tecnologia sensitiva em cerâmica, ou a central fotovoltaica inaugurada em 2023, que evita cerca de 1.800 toneladas de CO2 por ano. A Revigrés também está presente nas principais feiras mundiais, como, por exemplo, a Cersaie, em Bolonha, a Coverings, nos Estados Unidos, ou a Equiphotel, em Paris. Isto reforça a sua presença global, mas também a capacidade de acompanhar as tendências do mercado.
"Fez-se um estudo de mercado e percebeu-se que havia uma grande procura por revestimentos e pavimentos cerâmicos e a oferta era escassa. Resolveram então avançar com a Revigrés para a produção de revestimento e pavimentos cerâmicos", recorda Paula Roque, "managing partner" da Revigrés, que faz parte da administração da empresa de cerâmica há quase 15 anos.
O pai, Adolfo Roque, liderou a empresa, que começou a produzir em 1998, durante os primeiros 30 anos, e "foi o grande impulsionador da construção da Revigrés, da atividade da empresa e da imagem de marca que tem desde então", sublinha Paula Roque no "Economia Sem Fonteiras", programa do Negócios transmitido no canal Now. No início, as vendas estavam focadas no mercado nacional, mas em 1981, com a instalação de uma segunda linha de produção, Adolfo Roque procurou dar pequenos passos no mercado internacional para conhecer as necessidades dos clientes e testar os seus produtos em mercados como França, Reino Unido, Escandinávia e Canadá.
União Europeia e Porto
Em 1986, Portugal e a Espanha tornam-se membros da Comunidade Económica Europeia, o que aumentou a concorrência no mercado interno com a entrada de empresas espanholas. "Houve a necessidade de avançar mais para os mercados internacionais e a Revigrés passou a ter uma atividade maior da comercialização no mercado internacional, porque a procura no mercado nacional ainda era bastante grande", considera Paula Roque.
A Revigrés foi buscar a sua inspiração à tradição da azulejaria portuguesa, mas adicionou-lhe modernidade, tecnologia e inovação. Por outro lado, conseguiram reconhecimento internacional, com o patrocínio ao Futebol Clube do Porto, que se iniciou em 1983, e que coincidiu com um dos períodos de ouro deste clube tanto nas competições como nas internacionais.
"Foi a primeira empresa portuguesa a patrocinar um clube de futebol da primeira divisão em Portugal. Um marco histórico, independentemente de qualquer pretensão clubística. Os outros grandes clubes também foram contactados, mas não mostraram interesse. Foi relevante também para a acessibilidade internacional da empresa", refere Paula Roque.
Porcelânico técnico.
Em 1999 a Revigrés decidiu que, para uma maior expansão nos mercados internacionais, deveria basear a sua oferta no "produto mais nobre da cerâmica, o porcelânico técnico", explica Paula Roque. A empresa avançou com um investimento de 40 milhões de euros na instalação de duas unidades fabris para este produto, que hoje representa a principal tipologia de produtos vendidos pela Revigrés.
"Este produto tem um grau de absorção de água quase zero (menos de 0,05%), com características técnicas ótimas, que pode ser aplicado em áreas públicas e climas frios, onde as amplitudes térmicas são elevadas. Este investimento foi decisivo para o sucesso de Revigrés a partir de 2001, quando lançámos as primeiras coleções", disse Paula Roque.
Recentemente fizeram um investimento de 15 milhões de euros na aquisição de uma nova linha de produção completa, integrado em duas agendas mobilizadoras do PRR "É um investimento inovador em Portugal, que nos vai permitir produzir peças de 1,20 mpor 2,78m, da dimensão de uma parede, com espessuras de 6 mm a 20 mm, e com impressão em 3D. Permite uma grande flexibilidade de produção, com maior eficiência energética e com possibilidade de funcionar a hidrogénio", salienta Paula Roque.
Houve a necessidade de avançar mais para os mercados internacionais e a Revigrés passou a ter uma atividade maior da comercialização no mercado internacional, porque a procura no mercado nacional ainda era bastante grande. Paula Roque, "Managing partner" da Revigrés.
Miguel Frasquilho e Marta Dhanis conduziram a entrevista a Paula
"Prevemos que a utilização de cerâmica seja cada vez maior". A empresa tem baseado a sua estratégia na inovação e design, onde tem "o pentacampeonato dos prémios internacionais de design", a flexibilidade, as certificações e a sustentabilidade.
"Os estudos dizem que a cerâmica é um produto com características técnicas e estéticas ótimas com vantagens grandes face a outros produtos alternativos. É um produto natural, inócuo, não liberta substâncias tóxicas, ao contrário de outros produtos, e evita a delapidação dos recursos naturais. Dada a sua relevância, prevemos que a utilização de cerâmica seja cada vez maior", disse Paula Roque, "managing partner" da Revigrés.
Este futuro está a construir-se numa organização que tem tecnologia, mas a que adicionou o design, a inovação, e também da qualidade, a flexibilidade e a personalização, a sustentabilidade. No design a Revigrés tem "o penta campeonato dos prémios internacionais de design, como o German Design Award, iF Design Award, Red Dot Design Award, Good Design Award (em 2015 e 2022) e A Design Award", como sublinha Paula Roque.
Deu ainda um exemplo recente, o fornecimento de produtos para substituir o mura no que está aplicado nos pináculos exteriores e no medalhão central no interior da Basílica da Sagrada Família, em Barcelona Este projeto foi conseguido porque a empresa tem "uma grande flexibilidade de produção e conseguimos desenvolver estes projetos personalizados", disse Paula Roque.
A outra face é a crescente necessidade de ter certificações dos seus produtos. "Na Revigrés temos autonomia para fazer a maioria dos testes, mas, de qualquer forma, validamos sempre no Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro", referiu Paula Roque. Sublinhou ainda que Revigrés é ainda a única empresa portuguesa no setor cerâmico com a quádrupla certificação dos seus sistemas de gestão integrados, e já tem em curso, a certificação energética.
As exigências internacionais
Mas, os mercados internacionais fazem mais exigências. Em França, por exemplo, os produtos são submetidos aos testes UPEC, e, mais recentemente, o FDS (Fichas de Dados de Segurança), que garantem a sustentabilidade dos produtos, e, todos os anos, técnicos da CSTB (Centre Scientifíque et Technique du Bâtiment) fazem testes aleatórios aos produtos. Para a Arábia Saudita é a certificação Saso. "Há de facto, aqui estas restrições grandes para que podermos vender internacionalmente", considera Paula Roque.
Um dos fatores distintivos é a sustentabilidade. Desde 2017, que os produtos da Revigrés têm o Environment Product Declaration, ou seja, a declaração ambiental de produtos certificados, que permitem obter boas classificações em sistemas internacionais de certificação ambiental e de edifícios como Leed e Breeam.
A Revigrés tem os produtos em plataformas como BIM (Building Information Modeling), que "torna mais fácil para o artista e para o arquiteto trabalhar numa biblioteca, onde está a informação toda centralizada".
A Revigrés tem uma valorização de 98% dos resíduos que resultam do processo produtivo, incorporados na produção e outros processos fabris. "Utilizamos a 100% de todos os cacos-crus, reutilizamos a 100% das águas residuais industriais", afirma Paula Roque. No domínio da energia, fizeram uma parceria com uma empresa que vai instalar na fábrica um equipamento para a produção de hidrogénio que, à partida, irá suprir cerca de 50% das necessidades.
O PROGRAMA. "Economia Sem Fronteiras" é um programa do Negócios no canal Now, na posição 9 das operadoras de televisão. É conduzido pelo economista e antigo presidente da AICEP Miguel Frasquilho e pela apresentadora Marta Dhanis. O próximo convidado será o presidente executivo do Millennium Bcp, Miguel Maya.
Uma aposta na sustentabilidade
Portugal é um pequeno país à escala global, e a Revigrés é uma pequena empresa à escala global, com 40 milhões de euros de faturação e cerca de 350 trabalhadores e está presente em mais de 50 países. Mas isto, por outro lado, tem permitido ser flexível, e, portanto, poder acompanhar com grande assertividade as tendências do setor da cerâmica, desde a sua internacionalização e as especificidades culturais dos países, dos mercados e das regiões onde opera O setor cerâmico, hoje, enfrenta desafios grandes, como a automação e tecnologias de impressão 3D, que permitem designs personalizados, enquanto a sustentabilidade e eficiência energética são também áreas extremamente importantes em termos de investimento, com foco na redução do CO2.
A Revigrés alinha-se com estas tendências, e, nos últimos dois anos, tem investido cerca de 25% da sua faturação na inovação, sustentabilidade e novos processos produtivos, que promovem a economia circular. São exemplos o Revisense, que é uma tecnologia sensitiva em cerâmica, ou a central fotovoltaica inaugurada em 2023, que evita cerca de 1.800 toneladas de CO2 por ano. A Revigrés também está presente nas principais feiras mundiais, como, por exemplo, a Cersaie, em Bolonha, a Coverings, nos Estados Unidos, ou a Equiphotel, em Paris. Isto reforça a sua presença global, mas também a capacidade de acompanhar as tendências do mercado.