Acordo abre portas de um mercado jovem, em crescente e até agora altamente protegido, apesar dos desafios criados. Pela posição geográfica, laços históricos e baixa base exportadora, Portugal tem bastante a ganhar.
A concretização do acordo Mercosul-UE trará mais vantagens do que desvantagens para as economias envolvidas e, em particular, para a economia portuguesa": a expectativa é de Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), resumindo a posição dos empresários nacionais após largos anos de avanços e recuos na obtenção de um acordo comercial entre a UE e a Mercosul.
O acordo abre caminho para a fixação de empresas europeias nas quatro economias que constituem o bloco sul-americano, mas também levanta barreiras noutros sectores onde a concorrência vinda do outro lado do Atlântico tende a ter vantagens competitivas.
Um princípio de acordo entre os dois blocos até já tinha sido alcançado em 2019, mas oposição interna no seio da Europa, sobretudo do sector agroalimen- tar francês, levou a atrasos na sua implementação no Velho Continente, enquanto as tendências pro- tecionistas no Brasil e na Argentina tiveram igual impacto na América do Sul. Passados cinco anos e num ambiente geopolítico e económico bastante distinto, ambos os grupos atribuíram a este assunto uma prioridade crescente.
Na prática, o acordo significa o levantamento de tarifas em cerca de 90% do comércio bilateral entre os dois blocos, o que corresponde a uma poupança de 4 mil milhões de euros anuais para os produtores europeus, segundo os cálculos do Centro para Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS), "abrindo o muito protegido mercado sul-ame- ricano às empresas europeias".
Mais, as matérias-primas altamente relevantes para a transição energética e digital na UE que o Mercosul exporta (e às quais o bloco europeu perdeu acesso na sequência da invasão russa da Ucrânia) serão agora mais acessíveis ao sector produtivo europeu, isto em troca da redução das tarifas associadas a sectores chave sul-americanos como o agrícola.
A UE contribuirá ainda com 1,8 mil milhões de euros anuais para apoiar a transição verde e digital no Mercosul, salvaguardando também o cumprimento dos princípios do Acordo de Paris e métricas relativas à desflores- tação, dois pontos que os europeus sublinharam repetidas vezes.
Por cá, a AEP "acredita que a concretização do acordo Merco- sul-UE trará mais vantagens do que desvantagens para as economias envolvidas e, em particular, para a economia portuguesa, não só pela sua proximidade aos mercados, mas pela necessidade de obter um crescimento económico sustentável e sustentado, entre outros fatores, como pela diversificação de mercados", argumenta Luís Miguel Ribeiro, presidente da associação.
O bloco europeu é o segundo parceiro comercial mais relevante do Mercosul, ultrapassado apenas pela China, pesando 16,9% no volume total de trocas dos quatro países; em sentido inverso, o grupo sul-americano foi o décimo parceiro no comércio de bens com a UE em 2023.
No caso português, as exportações de bens em 2023 para estes quatro países (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) representaram apenas 1,44% do total, chegando a pouco mais de 1,1 mil milhões de euros, dos quais 93,5% são da exclusiva responsabilidade do mercado brasileiro - destino para o qual Portugal exportou mais de mil milhões de euros. A título comparativo, as exportações para o Paraguai pouco passaram de 10 milhões de euros, enquanto as para o Uruguai chegaram a 15,7 milhões.
Radar
4
Mil milhões de euros poupados anualmente pelos produtores europeus com o fim das tarifas impostas pelo bloco do Mercosul.
Mil milhões de euros em
bens exportados por Portugal para os países do Mercosul em 2023.
93,5
Percentagem das exportações de bens nacionais para o Mercosul que teve como destino o Brasil.
91
Percentagem dos bens exportados pela UE para o Mercosul que deixam agora de estar sujeitos a tarifas, segundo a Comissão Europeia.
A concretização do acordo Mercosul-UE trará mais vantagens do que desvantagens para as economias envolvidas e, em particular, para a economia portuguesa": a expectativa é de Luís Miguel Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), resumindo a posição dos empresários nacionais após largos anos de avanços e recuos na obtenção de um acordo comercial entre a UE e a Mercosul.
O acordo abre caminho para a fixação de empresas europeias nas quatro economias que constituem o bloco sul-americano, mas também levanta barreiras noutros sectores onde a concorrência vinda do outro lado do Atlântico tende a ter vantagens competitivas.
Um princípio de acordo entre os dois blocos até já tinha sido alcançado em 2019, mas oposição interna no seio da Europa, sobretudo do sector agroalimen- tar francês, levou a atrasos na sua implementação no Velho Continente, enquanto as tendências pro- tecionistas no Brasil e na Argentina tiveram igual impacto na América do Sul. Passados cinco anos e num ambiente geopolítico e económico bastante distinto, ambos os grupos atribuíram a este assunto uma prioridade crescente.
Na prática, o acordo significa o levantamento de tarifas em cerca de 90% do comércio bilateral entre os dois blocos, o que corresponde a uma poupança de 4 mil milhões de euros anuais para os produtores europeus, segundo os cálculos do Centro para Estudos Estratégicos Internacionais (CSIS), "abrindo o muito protegido mercado sul-ame- ricano às empresas europeias".
Mais, as matérias-primas altamente relevantes para a transição energética e digital na UE que o Mercosul exporta (e às quais o bloco europeu perdeu acesso na sequência da invasão russa da Ucrânia) serão agora mais acessíveis ao sector produtivo europeu, isto em troca da redução das tarifas associadas a sectores chave sul-americanos como o agrícola.
A UE contribuirá ainda com 1,8 mil milhões de euros anuais para apoiar a transição verde e digital no Mercosul, salvaguardando também o cumprimento dos princípios do Acordo de Paris e métricas relativas à desflores- tação, dois pontos que os europeus sublinharam repetidas vezes.
Por cá, a AEP "acredita que a concretização do acordo Merco- sul-UE trará mais vantagens do que desvantagens para as economias envolvidas e, em particular, para a economia portuguesa, não só pela sua proximidade aos mercados, mas pela necessidade de obter um crescimento económico sustentável e sustentado, entre outros fatores, como pela diversificação de mercados", argumenta Luís Miguel Ribeiro, presidente da associação.
O bloco europeu é o segundo parceiro comercial mais relevante do Mercosul, ultrapassado apenas pela China, pesando 16,9% no volume total de trocas dos quatro países; em sentido inverso, o grupo sul-americano foi o décimo parceiro no comércio de bens com a UE em 2023.
No caso português, as exportações de bens em 2023 para estes quatro países (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) representaram apenas 1,44% do total, chegando a pouco mais de 1,1 mil milhões de euros, dos quais 93,5% são da exclusiva responsabilidade do mercado brasileiro - destino para o qual Portugal exportou mais de mil milhões de euros. A título comparativo, as exportações para o Paraguai pouco passaram de 10 milhões de euros, enquanto as para o Uruguai chegaram a 15,7 milhões.
Radar
4
Mil milhões de euros poupados anualmente pelos produtores europeus com o fim das tarifas impostas pelo bloco do Mercosul.
Mil milhões de euros em
bens exportados por Portugal para os países do Mercosul em 2023.
93,5
Percentagem das exportações de bens nacionais para o Mercosul que teve como destino o Brasil.
91
Percentagem dos bens exportados pela UE para o Mercosul que deixam agora de estar sujeitos a tarifas, segundo a Comissão Europeia.