Na cidade do Porto vai ter até 2027 uma escola de gastronomia e negócios – a Porto Culinary Arts and Business Academy – inspirada na conceituada Basque Culinary Center (BCC), no País Basco (Espanha), conhecida por formar chefs estrela Michelin, avança ao ECO/Local Online o vereador da Economia do município portuense, Ricardo Valente. O objetivo é formar e fixar talento na região Norte, posicionando-a ao nível gastronómico e vinícola, além de contribuir para desenvolvimento económico, turístico e sustentável.
A futura academia de ensino, formação e inovação que, numa fase mais avançada poderá ter uma licenciatura em Ciências Gastronómicas, assim como mestrados e pós-graduações, “estará a laborar em edifício próprio até 2027”, num espaço municipal ou noutro imóvel construído de raiz num terreno cedido pela câmara do Porto, assegura Ricardo Valente. O assunto ainda está em estudo assim como a futura localização da academia.
Apesar deste arrojado projeto ainda não ter saído do papel, já foram dados alguns passos significativos recentemente. “A Câmara Municipal do Porto, a Turismo do Porto e Norte de Portugal (TPNP) e a BCC já assinaram o memorando de entendimento para a criação desta escola”, avança o vereador da autarquia portuense. Sem contudo adiantar valores do investimento necessário para erguer um projeto desta envergadura, Ricardo Valente refere que está a ser formalizada uma candidatura a fundos comunitários.
Os signatários já estabeleceram como meta o ano de 2025 para “fechar toda a componente programática e a figura jurídica da escola, ou seja, se vai ser uma fundação ou uma associação” como é o caso da Porto Business School que conta com a participação do município. Cabe à BCC ajudar na criação de todos os programas desta academia enquanto a autarquia se responsabiliza pela instalação da escola na cidade.
Apesar de estar no horizonte 2027 para o funcionamento da academia, o presidente da TPNP, Luís Pedro Martins, acredita, por sua vez, que os primeiros eventos de promoção e divulgação poderão já acontecer em 2025.
Por tudo isto, o vereador da câmara portuense não tem dúvidas de que este será “um projeto marcante, uma vez que vai criar uma fileira ligada à cozinha de Portugal com recurso aos produtos locais“, envolvendo a comunidade e criando um ecossistema empresarial nos setores primário, secundário e terciário. A formação em gastronomia e negócios dos futuros alunos “vai contribuir para que a cozinha portuguesa não perca a sua identidade, valorizando os produtos endógenos e os pratos gastronómicos desta região”, sustenta. E, por consequência, vai alavancar ainda mais o turismo “que é uma indústria de grande relevo do ponto de vista do país e da região”, criando valor.
“Acreditamos que com esta academia poderemos provocar uma revolução muito positiva naquilo que será o futuro da gastronomia na região e no país“, completa, por seu turno, o presidente da TPNP, outro dos “pais” deste projeto juntamente com Ricardo Valente. “Poderemos dar um grande contributo para o posicionamento da gastronomia do país e, obviamente, esta escola não servirá apenas o Norte, porque queremos atrair talento de todo o país e até do estrangeiro”, assinala Luís Pedro Martins.
Entre os objetivos desta academia de gastronomia e negócios constam a qualificação dos postos de trabalho do setor, contribuindo diretamente para a sofisticação do setor da gastronomia e do turismo, assim como o desenvolvimento socioeconómico da região mediante a promoção do desenvolvimento da cadeia de valor da gastronomia, cultura e recursos endógenos.
Academia poderá ter licenciaturas e mestrados
Numa primeira fase, esta academia dará formação especializada, com diferentes conteúdos temáticos, além de workshops para profissionais e formação online avulsa ou modular. Posteriormente está prevista a criação de uma licenciatura em Ciências Gastronómicas, assim como mestrados e pós-graduações em áreas de especialização relevantes à semelhança do que acontece na academia do País Basco que serve de referência para este projeto. “No futuro, os alunos também sairão com títulos académicos”, frisa o presidente da TPNP.
A futura instituição de ensino e formação em gastronomia e negócios de “elevada qualidade” assenta em “três pilares: a educação e o talento; a inovação, investigação e o empreendedorismo; e, por fim, a promoção de eventos”, resume Luís Pedro Martins. Além do ensino e da formação, esta escola terá um restaurante aberto à comunidade e a turistas, assim como deverá disponibilizar serviços de catering.
Ainda estão a ser analisadas várias possibilidades, mas já está na calha o desenvolvimento de projetos de investigação, desenvolvimento e inovação (I&D), mediante a criação de um laboratório que suporte a atividade de investigação e apoie o desenvolvimento de serviços de I&D às empresas.
Partindo do pressuposto de que esta região é um destino de excelência do turismo enogastronómico, principalmente devido à riqueza gastronómica e aos vinhos mundialmente reconhecidos, os mentores deste projeto entendem que esta academia vem, por isso, preencher uma lacuna na região nortenha.
Nesse sentido, o município encomendou um estudo a uma consultora internacional que concluiu pela viabilidade da concretização deste projeto depois de analisar e comparar algumas grandes escolas deste setor. A “faculdade de ciências gastronómicas de excelência”, no País Basco, foi a que reuniu maior consenso. “É uma referência porque mudou o País Basco e é conhecida por formar várias estrelas Michelin”, afirma o autarca. As expectativas para a academia nortenha são semelhantes e, a correr tudo sob rodas, os primeiros pratos gastronómicos serão dados a provar em 2027 e confecionados com produtos locais de olhos postos na sustentabilidade e na economia circular.