Os preços do cobre têm vindo a registar fortes subidas, estando a negociar atualmente nos 9.865 dólares por tonelada no Mercado Londrino de Metais (LME), muito perto do patamar dos 10.000 dólares.
Os investidores continuam a gostar do panorama deste metal industrial - alcunhado de Dr. Cobre por ser considerado o único metal com doutoramento em economia, já que é um indicador avançado do crescimento económico - devido à perspetiva de crescentes riscos da oferta, num contexto de esperada retoma mundial da procura.
Do lado da oferta, as empresas mineiras - depois de grandes minas terem registado disrupções, levando as fundições a procurar fornecimentos alternativos - poderão continuar a debater-se para atenderem ao aumento da procura pelo "metal vermelho", o que dará mais força aos preços numa altura em que o consumo vai aumentando. Os sinais de melhoria da atividade industrial em muitas regiões do mundo, como a China, têm animado muitos metais industriais, com o cobre na liderança.
O chamado "termómetro da economia" está assim, lançado para mais um ano de ganhos. E se em 2023 subiu apenas 1,19% (depois de cair mais de 14% no ano precedente), para este ano as fichas estão todas apostadas em valorizações mais altas.
"Os metais são impulsionados por fatores muito particulares, que influenciam tanto o lado da oferta como o da procura. Um fator comum é que a indústria mineira reduziu drasticamente a sua atividade de investimento na última década e deu prioridade à recuperação do seu balanço ou, ao invés, ao pagamento de dividendos. Consequentemente, isso restringiu a capacidade atual de reagir a preços mais elevados e de aumentar a produção", sublinha, a este propósito, David Finger, gestor do fundo Allianz Global Metals and Mining - da Allianz Global Investors (Allianz GI) -, em entrevista por escrito ao Negócios.
Quanto ao cobre, especificamente, David Finger aponta para o "excelente início de ano, já que o mercado reconheceu a escassez do metal". "Do lado da oferta, parece difícil conseguir fornecimento de minas de alta qualidade para as fundições, uma vez que algumas grandes empresas de mineração reduziram os seus volumes de produção. A mina Cobre Panamá foi inclusive fechada temporariamente, o que retirou cerca de 1% a 2% do fornecimento anual", frisa.
Já do lado da procura, "está a tornar-se mais claro que a mobilidade elétrica,bem como os centros de dados de inteligência artificial (LA) da próxima geração e o maior uso de energias alternativas vão requerer grandes quantidades de matérias-primas - em particular, cobre. Isto aponta para uma escassez nos mercados de cobre, que é difícil de resolver a curto prazo", refere o gestor.
No que toca ao atual impulso do setor tecnológico embolsa, especialmente devido ao entusiasmo em torno da inteligência artificial, David Finger é perentório: "O metal preferido é claramente o cobre, pois tem as características críticas de infraestrutura elétrica e de equipamento de refrigeração. Face aos centros de dados convencionais, os 'data centers' de IA usam mais energia e implicam temperaturas mais altas em operação. Há projeções de que, até ao final da década, o uso da IA poderá aumentar até 5% a procura anual de cobre".
E que outros metais industriais poderão destacar-se, também pela positiva, este ano? O gestor da AllianzGI coloca o foco em mais três. "A potencial trajetória de normalização da economia chinesa poderá também dar ímpeto a outras matérias-primas que estão atual mente fora de foco, como o zinco, o níquel e o estanho", considera, acrescentando que "o governo central [da China] parece estar determinado a combater o atual ambiente desinflacionista e a impulsionar a procura".
Já no que respeita ao lítio, que é um metal alcalino utilizado sobretudo na indústria de baterias e ligas metálicas - mas com aplicações noutras áreas, como a farmacêutica-, o chamado "petróleo branco" tem tido um desempenho abaixo do esperado este ano. Mas será apenas devido às vendas mais fracas de veículos elétricos? "O lítio é um bom modelo do clássico liogcycle' [o fenómeno de flutuações cíclicas da oferta e dos preços nos mercados pecuários] nas matérias-primas", salienta David Finger.
"O lítio passou de um nicho de mercado bastante especializado para um mercado massificado em cerca de cinco anos devido ao aumento projetado da procura de veículos elétricos. Após alguns anos nessa situação, o fluxo de oferta está a materializar-se, ao mesmo tempo que a procura de veículos elétricos passa por um período difícil. Em suma, a situação atual fez com que os preços do lítio caíssem acentuadamente e ainda não se sabe onde é possível encontrar o novo equilíbrio de mercado", explica o gestor.
Os investidores continuam a gostar do panorama deste metal industrial - alcunhado de Dr. Cobre por ser considerado o único metal com doutoramento em economia, já que é um indicador avançado do crescimento económico - devido à perspetiva de crescentes riscos da oferta, num contexto de esperada retoma mundial da procura.
Do lado da oferta, as empresas mineiras - depois de grandes minas terem registado disrupções, levando as fundições a procurar fornecimentos alternativos - poderão continuar a debater-se para atenderem ao aumento da procura pelo "metal vermelho", o que dará mais força aos preços numa altura em que o consumo vai aumentando. Os sinais de melhoria da atividade industrial em muitas regiões do mundo, como a China, têm animado muitos metais industriais, com o cobre na liderança.
O chamado "termómetro da economia" está assim, lançado para mais um ano de ganhos. E se em 2023 subiu apenas 1,19% (depois de cair mais de 14% no ano precedente), para este ano as fichas estão todas apostadas em valorizações mais altas.
"Os metais são impulsionados por fatores muito particulares, que influenciam tanto o lado da oferta como o da procura. Um fator comum é que a indústria mineira reduziu drasticamente a sua atividade de investimento na última década e deu prioridade à recuperação do seu balanço ou, ao invés, ao pagamento de dividendos. Consequentemente, isso restringiu a capacidade atual de reagir a preços mais elevados e de aumentar a produção", sublinha, a este propósito, David Finger, gestor do fundo Allianz Global Metals and Mining - da Allianz Global Investors (Allianz GI) -, em entrevista por escrito ao Negócios.
Quanto ao cobre, especificamente, David Finger aponta para o "excelente início de ano, já que o mercado reconheceu a escassez do metal". "Do lado da oferta, parece difícil conseguir fornecimento de minas de alta qualidade para as fundições, uma vez que algumas grandes empresas de mineração reduziram os seus volumes de produção. A mina Cobre Panamá foi inclusive fechada temporariamente, o que retirou cerca de 1% a 2% do fornecimento anual", frisa.
Já do lado da procura, "está a tornar-se mais claro que a mobilidade elétrica,bem como os centros de dados de inteligência artificial (LA) da próxima geração e o maior uso de energias alternativas vão requerer grandes quantidades de matérias-primas - em particular, cobre. Isto aponta para uma escassez nos mercados de cobre, que é difícil de resolver a curto prazo", refere o gestor.
No que toca ao atual impulso do setor tecnológico embolsa, especialmente devido ao entusiasmo em torno da inteligência artificial, David Finger é perentório: "O metal preferido é claramente o cobre, pois tem as características críticas de infraestrutura elétrica e de equipamento de refrigeração. Face aos centros de dados convencionais, os 'data centers' de IA usam mais energia e implicam temperaturas mais altas em operação. Há projeções de que, até ao final da década, o uso da IA poderá aumentar até 5% a procura anual de cobre".
E que outros metais industriais poderão destacar-se, também pela positiva, este ano? O gestor da AllianzGI coloca o foco em mais três. "A potencial trajetória de normalização da economia chinesa poderá também dar ímpeto a outras matérias-primas que estão atual mente fora de foco, como o zinco, o níquel e o estanho", considera, acrescentando que "o governo central [da China] parece estar determinado a combater o atual ambiente desinflacionista e a impulsionar a procura".
Já no que respeita ao lítio, que é um metal alcalino utilizado sobretudo na indústria de baterias e ligas metálicas - mas com aplicações noutras áreas, como a farmacêutica-, o chamado "petróleo branco" tem tido um desempenho abaixo do esperado este ano. Mas será apenas devido às vendas mais fracas de veículos elétricos? "O lítio é um bom modelo do clássico liogcycle' [o fenómeno de flutuações cíclicas da oferta e dos preços nos mercados pecuários] nas matérias-primas", salienta David Finger.
"O lítio passou de um nicho de mercado bastante especializado para um mercado massificado em cerca de cinco anos devido ao aumento projetado da procura de veículos elétricos. Após alguns anos nessa situação, o fluxo de oferta está a materializar-se, ao mesmo tempo que a procura de veículos elétricos passa por um período difícil. Em suma, a situação atual fez com que os preços do lítio caíssem acentuadamente e ainda não se sabe onde é possível encontrar o novo equilíbrio de mercado", explica o gestor.