A multinacional francesa Transdev quer ter licença de exploração de serviços ferroviários de passageiros em Portugal, onde tem atualmente 15 concessões de transporte rodoviário, mas espera vir a concorrer nas linhas urbanas com a CP.
Em entrevista ao Negócios, Antoine Grange, CEO da Transdev Europa, adianta que o pedido de licenciamento como operador ferroviário "é uma das nossas ambições" e "já está a caminho".
A intenção manifestada pelo novo Governo de reduzir as barreiras à entrada de novos concorrentes da CP é, para o responsável, "uma boa ideia e uma boa tendência". "É uma boa combinação ter a autoridade pública, seja nacional ou local, como responsável pela infraestrutura, que é um bem público, mas depois delegar a operação e a manutenção desses ativos para fornecer um alto nível de serviço", afirma.
Antoine Grange assume que a intenção da Transdev em Portugal é operar linhas ferroviárias urbanas, metropolitano e metro ligeiro. Já para a longa distância, ex plica, "além de termos menos experiência, exige um elevado nível de investimento em material circulante". "Tipicamente na Europa é um negócio que está nas mãos de 'players' estatais. Para uma empresa privada é muito difícil financiar o material circulante para essa atividade", explica, acrescentando que "por isso preferimos estar focados no negócio local, que é a mobilidade diária das pessoas".
Desta forma, assegura que a alta velocidade em Portugal não interessa à operadora francesa "Ninguém apanha o comboio de alta velocidade todos os dias", frisa, garantindo que a Transdev não entrará nessa área de negócio.
Já as linhas urbanas em que a CP não tem neste momento concorrência- no âmbito da liberalização do setor do transporte ferroviário de passageiros ficou como operador interno -, o responsável para a Europa diz esperar que esses serviços venham um dia a ser abertos à concorrência.
De olho na Fertagus e no metro do Porto
Relativamente à Fertagus, cujo contrato de concessão terminaria em setembro, mas terá uma prorrogação de prazo - a terceira - para compensar a empresa pelos prejuízos causados pela pandemia, Antoine Grange sublinha que "é do interesse de Portugal e dos portugueses um dia verem alguma concorrência" na operadora do comboio da Ponte 25 de Abril, assegurando que nesse dia a Transdev "vai estudar o processo para ver se pode proporcionar valor acrescentado alinha, ao serviço, ao público e à região". "Se virmos uma oportunidade tentaremos propor os nossos serviços", garante.
Já sobre o metro do Porto, cujo atual contrato de concessão termina em 2025 e que tem já previsto o lançamento de um novo concurso até meados deste ano, Antoine Grange garante que "é um projeto que interessa" ao grupo, que foi responsável pela exploração dessa rede entre 1997 e 2010.
Lembrando que está em curso um "ambicioso projeto de extensão", o responsável afirma que a Transdev quer apresentar uma proposta, mas assume que não se pode "comprometer a 100%", já que "por vezes somos surpreendidos pelo que é esperado pelo cliente e de vez em quando não somos capazes de dar resposta à expectativa ou porque o investimento é muito elevado ou as condições não são sustentáveis para uma empresa privada".
Quanto aos projetos de Bus Rapid Transit (BRT) que estão a ser desenvolvidos em várias cidades portuguesas, para os quais a Transdev já tinha demonstrado interesse, Antoine Grange desvaloriza que possam vir a ser operados por empresas públicas. "É uma escolha dos poderes políticos se querem manter empresas públicas a operar ouse querem abrir à concorrência", afirma"Eu não posso ser dogmático, dizendo que
tudo deve ser privatizado. Deve ser caso a caso, em termos do que se espera de valor acrescentado e das vantagens de ter uma empresa pública ou uma empresa privada", frisa ainda, assegurando o interesse do grupo francês se houver abertura à concorrência.
Faltam 100 mil motoristas
A falta de motoristas na Europa tem sido uma preocupação do setor dos transportes, e a Transdev não é exceção. O responsável adianta que em Portugal esse problema "melhorou um pouco recentemente", mas salienta um estudo que estima que a falta de motoristas a nível europeu seja superior a 100.000. Se a isso se somar o envelhecimento dos condutores, afirma que "este problema não está perto de ser resolvido e provavelmente aumentará novamente nos próximos meses ou anos". "Precisamos de trabalhar para tornar a profissão o mais atrativa possível para preencher essa lacuna", aponta.
Em termos da estratégia para Portugal, onde o grupo francês já investiu "milhões e milhões de euros", o CEO da Transdev Europa diz que o objetivo "é continuar a desenvolver o transporte público, se pudermos em diferentes tipos de modos", e recorda que noutros países o grupo tem operação de autocarros e também de ferries, comboios, metropolitanos ou metros ligeiros. Antoine Grange recorda que noutros Estados, "clientes como autoridades públicas, municípios ou regiões, pedem-nos para desenhar e gerir todo o plano de mobilidade de uma cidade", o que "estamos disponíveis para fazer em Portugal". Na Covilhã a empresa tem já um contrato para operar a mobilidade ligeira, envolvendo bicicletas, trotinetes, elevadores, funicular e estacionamento.
Em entrevista ao Negócios, Antoine Grange, CEO da Transdev Europa, adianta que o pedido de licenciamento como operador ferroviário "é uma das nossas ambições" e "já está a caminho".
A intenção manifestada pelo novo Governo de reduzir as barreiras à entrada de novos concorrentes da CP é, para o responsável, "uma boa ideia e uma boa tendência". "É uma boa combinação ter a autoridade pública, seja nacional ou local, como responsável pela infraestrutura, que é um bem público, mas depois delegar a operação e a manutenção desses ativos para fornecer um alto nível de serviço", afirma.
Antoine Grange assume que a intenção da Transdev em Portugal é operar linhas ferroviárias urbanas, metropolitano e metro ligeiro. Já para a longa distância, ex plica, "além de termos menos experiência, exige um elevado nível de investimento em material circulante". "Tipicamente na Europa é um negócio que está nas mãos de 'players' estatais. Para uma empresa privada é muito difícil financiar o material circulante para essa atividade", explica, acrescentando que "por isso preferimos estar focados no negócio local, que é a mobilidade diária das pessoas".
Desta forma, assegura que a alta velocidade em Portugal não interessa à operadora francesa "Ninguém apanha o comboio de alta velocidade todos os dias", frisa, garantindo que a Transdev não entrará nessa área de negócio.
Já as linhas urbanas em que a CP não tem neste momento concorrência- no âmbito da liberalização do setor do transporte ferroviário de passageiros ficou como operador interno -, o responsável para a Europa diz esperar que esses serviços venham um dia a ser abertos à concorrência.
De olho na Fertagus e no metro do Porto
Relativamente à Fertagus, cujo contrato de concessão terminaria em setembro, mas terá uma prorrogação de prazo - a terceira - para compensar a empresa pelos prejuízos causados pela pandemia, Antoine Grange sublinha que "é do interesse de Portugal e dos portugueses um dia verem alguma concorrência" na operadora do comboio da Ponte 25 de Abril, assegurando que nesse dia a Transdev "vai estudar o processo para ver se pode proporcionar valor acrescentado alinha, ao serviço, ao público e à região". "Se virmos uma oportunidade tentaremos propor os nossos serviços", garante.
Já sobre o metro do Porto, cujo atual contrato de concessão termina em 2025 e que tem já previsto o lançamento de um novo concurso até meados deste ano, Antoine Grange garante que "é um projeto que interessa" ao grupo, que foi responsável pela exploração dessa rede entre 1997 e 2010.
Lembrando que está em curso um "ambicioso projeto de extensão", o responsável afirma que a Transdev quer apresentar uma proposta, mas assume que não se pode "comprometer a 100%", já que "por vezes somos surpreendidos pelo que é esperado pelo cliente e de vez em quando não somos capazes de dar resposta à expectativa ou porque o investimento é muito elevado ou as condições não são sustentáveis para uma empresa privada".
Quanto aos projetos de Bus Rapid Transit (BRT) que estão a ser desenvolvidos em várias cidades portuguesas, para os quais a Transdev já tinha demonstrado interesse, Antoine Grange desvaloriza que possam vir a ser operados por empresas públicas. "É uma escolha dos poderes políticos se querem manter empresas públicas a operar ouse querem abrir à concorrência", afirma"Eu não posso ser dogmático, dizendo que
tudo deve ser privatizado. Deve ser caso a caso, em termos do que se espera de valor acrescentado e das vantagens de ter uma empresa pública ou uma empresa privada", frisa ainda, assegurando o interesse do grupo francês se houver abertura à concorrência.
Faltam 100 mil motoristas
A falta de motoristas na Europa tem sido uma preocupação do setor dos transportes, e a Transdev não é exceção. O responsável adianta que em Portugal esse problema "melhorou um pouco recentemente", mas salienta um estudo que estima que a falta de motoristas a nível europeu seja superior a 100.000. Se a isso se somar o envelhecimento dos condutores, afirma que "este problema não está perto de ser resolvido e provavelmente aumentará novamente nos próximos meses ou anos". "Precisamos de trabalhar para tornar a profissão o mais atrativa possível para preencher essa lacuna", aponta.
Em termos da estratégia para Portugal, onde o grupo francês já investiu "milhões e milhões de euros", o CEO da Transdev Europa diz que o objetivo "é continuar a desenvolver o transporte público, se pudermos em diferentes tipos de modos", e recorda que noutros países o grupo tem operação de autocarros e também de ferries, comboios, metropolitanos ou metros ligeiros. Antoine Grange recorda que noutros Estados, "clientes como autoridades públicas, municípios ou regiões, pedem-nos para desenhar e gerir todo o plano de mobilidade de uma cidade", o que "estamos disponíveis para fazer em Portugal". Na Covilhã a empresa tem já um contrato para operar a mobilidade ligeira, envolvendo bicicletas, trotinetes, elevadores, funicular e estacionamento.