Portugal, com um mercado interno de pequena dimensão e baixos níveis de riqueza, não tem alternativa senão ter nas exportações o seu principal motor de crescimento.
Portugal, com um mercado interno de pequena dimensão e baixos níveis de riqueza, não tem alternativa senão ter nas exportações o seu principal motor de crescimento.
Segundo projeções do Banco de Portugal no Boletim Económico de dez. 2023, a economia portuguesa deverá crescer 2,1% em 2023, projetando-se um abrandamento em 2024, para 1,2%, e uma recuperação do crescimento nos anos seguintes, para 2,2%, em 2025 e 2,0% em 2026. Acrescentado que a economia estagnou no 2.º e 3.º trimestres de 2023 e deverá manter um crescimento baixo no quarto trimestre.
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No passado recente e curto prazo a economia tem-se ressentido com a fraqueza da procura externa, fruto do contexto internacional adverso, políticas monetárias restritivas e manutenção de taxas de juro elevadas, pouco favoráveis ao incremento de investimento privado e público.
A médio prazo, e apesar do Banco de Portugal acreditar que o crescimento da economia portuguesa deverá ser baseado no dinamismo do investimento e das exportações, as perspetivas são de um crescimento económico tímido.
Desafios prioritários nos domínios social e económico
Qualquer Governo que resulte das próximas eleições legislativas esperará continuidade no escrutínio público generalizado sobre a capacidade de não comprometer o contrato social presente e futuro com o país. Tal não se conseguirá sem reforçar investimento na melhoria da qualidade e acesso a saúde, educação, habitação, transportes, proteção social.
Mas a sustentabilidade do financiamento do Estado Social depende da capacidade da economia crescer e gerar valor a níveis superiores aos conseguidos nas décadas recentes. Para permitir gerar as necessárias receitas para o Estado com níveis de carga fiscal que não comprometam a competitividade e a atratividade do país.
Portugal, com um mercado interno de pequena dimensão e baixos níveis de riqueza, não tem alternativa senão ter nas exportações o seu principal motor de crescimento. Por isso, da esfera privada à pública, deve ser assumido como desígnio nacional a valorização do ecossistema empresarial exportador de base nacional e internacional.
Ideias para alavancar o desenvolvimento económico:
Direcionar políticas públicas na esfera económica, através de programas de apoio a empresas de excelência, em investimentos de diversificação de negócio e expansão internacional focados em construir um melhor futuro, mais inclusivo e sustentável.
A título de exemplo, dinamizar instrumentos de coinvestimento público em new ventures que apostem em setores de futuro privilegiando aqueles em que Portugal tem recursos, know-how, notoriedade e reconhecimento. Por exemplo, na economia digital (serviços digitais, automação, IA), nas energias limpas, em sistemas de comunicação avançados.
Mas também na economia do mar, na investigação em saúde, no turismo aliado à preservação ambiental, a título de exemplos. Ou em setores mais tradicionais como a agricultura, o têxtil, calçado, indústrias do vidro e plástico, inovando nas tecnologias e métodos produtivos, na circularidade e regeneração ambiental.
Inovar os sistemas de taxação fiscal sobre as empresas permitindo transferir benefícios do Estado para os trabalhadores, melhorando os níveis remuneratórios do trabalho jovem e qualificado, a retenção de capital humano e o reforço da atração de talento estrangeiro.
Criar sistemas de incentivos que permitam às empresas adotarem políticas remuneratórias que aumentem significativamente os salários médios no país, aproximando-os rapidamente dos níveis praticados nos países europeus mais avançados. Pode considerar-se o escalonamento das taxas de contribuição para a Segurança Social desagravando a incidência para níveis remuneratórios inferiores a determinados níveis reestruturando as soluções de financiamento da Segurança Social.
Tornar Portugal um destino atrativo para investimento em atividades intensivas em tecnologia, I&D e sustentabilidade.
Criar mecanismos aceleradores de qualificação e incentivos à implementação em Portugal de projetos de investimento que cumpram com critérios que privilegiem setores onde Portugal queira estar na liderança mundial centros de serviços tecnológicos de grande escala (business centres, data centres de última geração, automação, IA, etc.), mobilidade sustentável, regeneração ambiental, investigação em saúde, produção industrial e agrícola sustentável.
Portugal reúne condições que facilitem ser uma plataforma de investigação e teste de soluções inovadoras, e posterior exportação.
Perante estas tendências e desafios, o futuro de Portugal em 2024 será, sem dúvida, moldado não apenas pelas circunstâncias, mas principalmente pela nossa capacidade coletiva de inovação, resiliência e colaboração sabendo que é uma certeza que devemos procurar soluções que nos capacitem a construir um Portugal mais forte, vibrante e a dar cartas em 2024, e nos anos vindouros.

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Portugal não tem alternativa senão ter nas exportações o seu principal motor de crescimento.
Economia
26 abr. 2024
Imprensa Nacional