Em 2009 a Bial faturava menos de metade do volume de negócios que em 2023, que foi de 337,4 milhões de euros.
O grande crescimento deve-se a dois medicamentos, Zebinix e Ongentys, que representam 55% da faturação.
"Hoje, na Bial, é claro que só continuamos a crescer, se conseguirmos desenvolver mais produtos inovadores", disse António Portela, que desde 2011 lidera a gestão da Bial. E a inovação com valor acrescentado que permite que os medicamentos da Bial entrem em mercados da Europa, dos Estados Unidos, do Japão, por exemplo. "Só combatemos outras empresas, se pudermos levar um medicamento que tenha valor acrescentado e os médicos reconheçam que é melhor", sublinha António Portela.
O principal pilar desta estratégia está na investigação e desenvolvimento (I&D), onde investe historicamente 20% da faturação, um processo longo e sem certezas de se chegar a um resultado. "No início dos anos 1990, a nossa aposta foi nas neurociências e na área cardiovascular. Há cerca de dois a três anos, fizemos um balanço e uma reflexão estratégica sobre o futuro da Bial nos próximos 10 ou 15 anos. Percebemos que tivemos muito mais sucesso nas neurociências do que na área cardiovascular, em que nenhuma das moléculas conseguiu chegar ao mercado", recorda António Portela.
Foco nas doenças raras
O conhecimento acabou por se concentrar nas neurociências, onde se cumpriram as etapas até ao medicamento, que, no caso do Zebinix foi de 15 anos, até entrar no mercado em 2009, com um investimento de 400 milhões de euros. Seguiu-se o Ongentys em 2020, que atrasa a progressão da doença de Parkinson.
Explica que o desenvolvimento de um medicamento na área cardiovascular é muito intensivo nos investimentos, ao implicar ensaios clínicos com muitos milhares de doentes. "É um investimento demasiado grande para uma empresa do nosso tamanho. Em Portugal somos uma empresa grande, mas no mundo farmacêutico somos uma PME", disse António Portela.
Na reflexão estratégica, em que analisaram competências e capacidades adquiridas nos últimos 30 anos, decidiram manter o foco nas neurociências, e apostar na área das doenças raras. Hoje existem 11 mil doenças raras identificadas, abrangem 300 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais só 5% é que têm algum tipo de tratamento. Há doenças raras em todas as áreas, neurociências, cardiovasculares, respiratórias entre outras.
Novo medicamento
No silo de I&D da Bial está em fase de ensaios clínicos um novo medicamento para a Parkinson, que poderá ver aluz dentro de cinco anos. "É um medicamento para um subtipo de Parkinson, para as pessoas que têm uma mutação genética que se chama GBA-1. Quem tiver esta mutação tem maior probabilidade de desenvolver a doença de Parkinson, e provavelmente antes dos 55 e os 60 anos, que é quando a doença surge", assinala António Portela "Se correr bem, teremos o primeiro medicamento a conseguir atrasar a progressão da doença para estes doentes que têm esta mutação genética. Mas, até hoje tudo tem falhado, é uma área de bastante risco", lembra. Este novo medicamento também ganha importância porque o Zebinix já perdeu a patente na Europa, e, em breve, perderá nos Estados Unidos.
"Queremos posicionar-nos como uma empresa líder nas neurociências na Europa, quer com os nossos medicamentos, quer podendo atrair medicamentos de outras empresas, como americanas ou japonesas, que não estejam na Europa. Continuar a apostar em trazer medicamentos inovadores", afirmou António Portela.
A dupla estratégia de internacionalização
"Falamos mais dos investimentos em l&D, mas a verdade é que, na internacionalização, temos investido dezenas de milhões de euros", sublinha António Portela, CEO da Bial.
Nos anos 1990, a Bial começou a internacionalização por meio de exportações para Africa, nomeadamente, Angola e Moçambique, e América Latina Em 1999 compraram uma empresa em Espanha "Foi um processo muito duro, porque uma coisa é exportar, e outra é passar ater a nossa própria empresa em Espanha com os nossos valores e a nossa cultura Foi uma grande aprendizagem", refere António Portela.
Na sua estratégia, a Bial inscreve o sucesso no desenvolvimento de novos medicamentos com valor acrescentado, que curem doenças. Mas para atingir este objetivo tem de chegar as pessoas, o que implica redes de distribuição e marketing através de uma rede própria ou com parceiros.
Na Europa, a Bial começou por licenciar a sua tecnologia, mas mudou de estratégia e montou as suas próprias redes de distribuição e marketing Em Portugal, a Bial tem uma marca muito forte. Em Espanha, na indústria farmacêutica, a Bial está no top 30 com uma faturação de quase 100 milhões de euros. Nos outros mercados não têm marca e, "sendo uma empresa portuguesa, que não tem pergaminhos nem na inovação, nem na indústria farmacêutica, é mais difícil", como confessa António Portela.
A Bial está em países como a Alemanha, a França, a Itália, o Reino Unido, a Irlanda, a Suíça, a Áustria Muitas vezes, as dificuldades começam logo no recrutamento, "porque as pessoas não conhecem a empresa, não associam a inovação farmacêutica a uma empresa portuguesa e Portugal. Por exemplo, no mercado alemão, foi o mercado mais difícil e demorou até termos uma equipa com qualidade", revela António Portela Em Itália tiveram sucesso porque conseguiram logo contratar bons profissionais.
América e Ásia
Para António Portela há mais de safios importantes porque, além da capacidade de atração, é pre ciso fazer a sua retenção. Depois é preciso investir na formação e integração das pessoas, nos valores e na cultura Bial, "para não haver dez 'Biais' espalhadas pela Europa, mas uma Bial, adaptada a cada país".
O mercado dos EUA é o maior a nível mundial, exige fortes investimentos, o que seria demasiado grande para a atual dimensão da Bial, por isso optaram pelo licenciamento da tecnologia e da comercialização. Por sua vez, na Ásia há mercados como o Japão, a China, a Coreia, entre outros, que apresenta desafios diferentes, mas exigentes em termos culturais, de língua, de inter ação com as autoridades, que tem de se fazer no idioma local. Optaram também pelas parcerias de confiança.
A escolha dos parceiros passa pela identificação de empresas na área das neurociências, epilepsia ou Parkinson, as suas competências de distribuição e "networking" médico, conhecimento dos clientes, perceber a cultura da empresa "Se o nosso medicamento vai ser importante dentro do seuportefólio, qual a atenção que eles nos pretendem dar, qual o invés timento prevê em fazer", elencou António Portela.
O grande crescimento deve-se a dois medicamentos, Zebinix e Ongentys, que representam 55% da faturação.
"Hoje, na Bial, é claro que só continuamos a crescer, se conseguirmos desenvolver mais produtos inovadores", disse António Portela, que desde 2011 lidera a gestão da Bial. E a inovação com valor acrescentado que permite que os medicamentos da Bial entrem em mercados da Europa, dos Estados Unidos, do Japão, por exemplo. "Só combatemos outras empresas, se pudermos levar um medicamento que tenha valor acrescentado e os médicos reconheçam que é melhor", sublinha António Portela.
O principal pilar desta estratégia está na investigação e desenvolvimento (I&D), onde investe historicamente 20% da faturação, um processo longo e sem certezas de se chegar a um resultado. "No início dos anos 1990, a nossa aposta foi nas neurociências e na área cardiovascular. Há cerca de dois a três anos, fizemos um balanço e uma reflexão estratégica sobre o futuro da Bial nos próximos 10 ou 15 anos. Percebemos que tivemos muito mais sucesso nas neurociências do que na área cardiovascular, em que nenhuma das moléculas conseguiu chegar ao mercado", recorda António Portela.
Foco nas doenças raras
O conhecimento acabou por se concentrar nas neurociências, onde se cumpriram as etapas até ao medicamento, que, no caso do Zebinix foi de 15 anos, até entrar no mercado em 2009, com um investimento de 400 milhões de euros. Seguiu-se o Ongentys em 2020, que atrasa a progressão da doença de Parkinson.
Explica que o desenvolvimento de um medicamento na área cardiovascular é muito intensivo nos investimentos, ao implicar ensaios clínicos com muitos milhares de doentes. "É um investimento demasiado grande para uma empresa do nosso tamanho. Em Portugal somos uma empresa grande, mas no mundo farmacêutico somos uma PME", disse António Portela.
Na reflexão estratégica, em que analisaram competências e capacidades adquiridas nos últimos 30 anos, decidiram manter o foco nas neurociências, e apostar na área das doenças raras. Hoje existem 11 mil doenças raras identificadas, abrangem 300 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais só 5% é que têm algum tipo de tratamento. Há doenças raras em todas as áreas, neurociências, cardiovasculares, respiratórias entre outras.
Novo medicamento
No silo de I&D da Bial está em fase de ensaios clínicos um novo medicamento para a Parkinson, que poderá ver aluz dentro de cinco anos. "É um medicamento para um subtipo de Parkinson, para as pessoas que têm uma mutação genética que se chama GBA-1. Quem tiver esta mutação tem maior probabilidade de desenvolver a doença de Parkinson, e provavelmente antes dos 55 e os 60 anos, que é quando a doença surge", assinala António Portela "Se correr bem, teremos o primeiro medicamento a conseguir atrasar a progressão da doença para estes doentes que têm esta mutação genética. Mas, até hoje tudo tem falhado, é uma área de bastante risco", lembra. Este novo medicamento também ganha importância porque o Zebinix já perdeu a patente na Europa, e, em breve, perderá nos Estados Unidos.
"Queremos posicionar-nos como uma empresa líder nas neurociências na Europa, quer com os nossos medicamentos, quer podendo atrair medicamentos de outras empresas, como americanas ou japonesas, que não estejam na Europa. Continuar a apostar em trazer medicamentos inovadores", afirmou António Portela.
A dupla estratégia de internacionalização
"Falamos mais dos investimentos em l&D, mas a verdade é que, na internacionalização, temos investido dezenas de milhões de euros", sublinha António Portela, CEO da Bial.
Nos anos 1990, a Bial começou a internacionalização por meio de exportações para Africa, nomeadamente, Angola e Moçambique, e América Latina Em 1999 compraram uma empresa em Espanha "Foi um processo muito duro, porque uma coisa é exportar, e outra é passar ater a nossa própria empresa em Espanha com os nossos valores e a nossa cultura Foi uma grande aprendizagem", refere António Portela.
Na sua estratégia, a Bial inscreve o sucesso no desenvolvimento de novos medicamentos com valor acrescentado, que curem doenças. Mas para atingir este objetivo tem de chegar as pessoas, o que implica redes de distribuição e marketing através de uma rede própria ou com parceiros.
Na Europa, a Bial começou por licenciar a sua tecnologia, mas mudou de estratégia e montou as suas próprias redes de distribuição e marketing Em Portugal, a Bial tem uma marca muito forte. Em Espanha, na indústria farmacêutica, a Bial está no top 30 com uma faturação de quase 100 milhões de euros. Nos outros mercados não têm marca e, "sendo uma empresa portuguesa, que não tem pergaminhos nem na inovação, nem na indústria farmacêutica, é mais difícil", como confessa António Portela.
A Bial está em países como a Alemanha, a França, a Itália, o Reino Unido, a Irlanda, a Suíça, a Áustria Muitas vezes, as dificuldades começam logo no recrutamento, "porque as pessoas não conhecem a empresa, não associam a inovação farmacêutica a uma empresa portuguesa e Portugal. Por exemplo, no mercado alemão, foi o mercado mais difícil e demorou até termos uma equipa com qualidade", revela António Portela Em Itália tiveram sucesso porque conseguiram logo contratar bons profissionais.
América e Ásia
Para António Portela há mais de safios importantes porque, além da capacidade de atração, é pre ciso fazer a sua retenção. Depois é preciso investir na formação e integração das pessoas, nos valores e na cultura Bial, "para não haver dez 'Biais' espalhadas pela Europa, mas uma Bial, adaptada a cada país".
O mercado dos EUA é o maior a nível mundial, exige fortes investimentos, o que seria demasiado grande para a atual dimensão da Bial, por isso optaram pelo licenciamento da tecnologia e da comercialização. Por sua vez, na Ásia há mercados como o Japão, a China, a Coreia, entre outros, que apresenta desafios diferentes, mas exigentes em termos culturais, de língua, de inter ação com as autoridades, que tem de se fazer no idioma local. Optaram também pelas parcerias de confiança.
A escolha dos parceiros passa pela identificação de empresas na área das neurociências, epilepsia ou Parkinson, as suas competências de distribuição e "networking" médico, conhecimento dos clientes, perceber a cultura da empresa "Se o nosso medicamento vai ser importante dentro do seuportefólio, qual a atenção que eles nos pretendem dar, qual o invés timento prevê em fazer", elencou António Portela.