Entrevista a Miguel Cardoso Pinto - Partner da consultora EY aponta possível incremento de regulação como um risco à captação de IDE. A reduzida dimensão do mercado nacional e a instabilidade política são desafios e constituem também ameaças à atração de investimento estrangeiro, defende.
ESTUDO
«Portugal caiu para a 7a posição no Ranking de Atratividade dos países europeus em2023. Este ano, como tem evoluído a atração de IDE? Apesar da redução no número de intenções de mvestimento face a 2023, do ponto de vista da perce- ção Portugal mantém-se como destino atratívo para IDE. Cons- tate-se que oito em cada dez (84%) investidores inquiridos afirmou planear estabelecer ou expandir as suas operações em Portugal no ano de 2025, um valor superior ao referencial europeu (72%). Aexpectativa de evolução da atratividade nacional é também positiva aos olhos dos investidores, com 77% dos inquiridos a afirmarem esperar que a atratividade nacional evolua positivamente nos próximos três anos. Os investidores são cada vez mais exigentes e criteriosos e, Portugal terá de ter a capacidade de responder aos reptos lançados pelas novas tendências de investimento, da sustentabilidade à digitalrzação.
A atual conjuntura internacional comporta várias incertezas, embora existam sinais positivos como a descida da inflação e dos juros. O que se pode esperar em termos de captação IDE para Portugal num futuro próximo (2025/2026)?
O EYAttractiveness Survey2024 Portugal permite concluir que a conjuntura financeira internacional é, de facto, uma preocupação dos investidores inquiridos. Cerca de 32% afirmam que as elevadas taxas de juro e uma possível conjuntura financeira adversa se qualificam como o principal risco à atratividade nacional. Contudo, no futuro próximo, além das questões conjunturais, Portugal deverá ser capaz de consolidar o ecossistema de atração de investimento, de acordo com a perceção dos investidores, primordialmente através da adaptação da regulação do setor tecnológico e da aposta na Educação e facilitação do acesso ao talento nacional.
Quais as principais dificuldades do país para atrair IDE?
Um primeiro fator destacado é um possível incremento de regulação. Paralelamente, a reduzida dimensão do mercado nacional é vista como um desafio à atratividade futura de Portugal. Por fim, a instabilidade política é simultaneamente apontada como um desafio e como um risco à atratividade nacional.
O programa do atual Governo, nomeadamente a nível fiscal, está a ser bem acolhido pelas empresas estrangeiras?
O inquérito de suporte ao EY Attractiveness Survey2024 Portugal foi realizado previamente à tomada de posse do atual Governo. No entanto, conseguimos concluir que, na perceção dos inquiridos, o ecossistema fiscal português tem vindo a melhorar a sua reputação embora persistam desafios de simplificação e estabilidade fiscal. Um dos principais fatores na tomada de decisão de investimento no país é o ecossistema fiscal de Portugal. 45% dos investidores inquiridos afirmam que o reduzido risco de litígio no ecossistema fiscal, bem como as reduzidas taxas de impostos destinados às empresas são fatores nos quais Portugal se posiciona favoravelmente, na perceção dos inquiridos.
Os recursos humanos disponíveis em Portugal são uma ma is-va I ia para a captação de IDE? E os salários?
Quando inquiridos sobre em que áreas deve Portugal concentrar a sua atuação para reforçar e melhorar a sua posição na economia global, 24% dos inquiridos afirma que o desenvolvimento de um ecossistema educativo robusto e de fácil acesso ao talento nacional é um dos pilares para a economia nacional se afirmar no panorama internacional. No que se refere aos salários, é possível concluir, da perceção dos investidores, que o custo da mão de obra nacional se destaca como um fator diferenciador de Portugal em comparação com outros possíveis destinos de IDE. No entanto, os investidores vão além do custo do talento nacional quando se referem aos seus atrativos: o skill- sete adaptabilidade do talento nacional é também um dos principais elementos associados aos recursos humanos nacionais. Em relação a este tema, é de referenciar a importância da progressiva transformação do modelo económico nacional para uma economia baseada no valor e, consequentemente, da renovação dos fatores de atratividade para o IDE que extravasam a competitividade baseada no custo.
As empresas interessadas em investir em Portugal estão conscientes da fuga de talentos devido aos salários praticadas no país?
Os inquiridos referem que Portugal deverá, entre outras dimensões, concentrar esforços no desenvolvimento da Educação e de competências e promover o acesso a talento, para manter a competitividade no contexto global. Uma economia baseada no valor e com elevados índices de produtividade poderá responder aos desafios da atração e retenção de talento.
ESTUDO
«Portugal caiu para a 7a posição no Ranking de Atratividade dos países europeus em2023. Este ano, como tem evoluído a atração de IDE? Apesar da redução no número de intenções de mvestimento face a 2023, do ponto de vista da perce- ção Portugal mantém-se como destino atratívo para IDE. Cons- tate-se que oito em cada dez (84%) investidores inquiridos afirmou planear estabelecer ou expandir as suas operações em Portugal no ano de 2025, um valor superior ao referencial europeu (72%). Aexpectativa de evolução da atratividade nacional é também positiva aos olhos dos investidores, com 77% dos inquiridos a afirmarem esperar que a atratividade nacional evolua positivamente nos próximos três anos. Os investidores são cada vez mais exigentes e criteriosos e, Portugal terá de ter a capacidade de responder aos reptos lançados pelas novas tendências de investimento, da sustentabilidade à digitalrzação.
A atual conjuntura internacional comporta várias incertezas, embora existam sinais positivos como a descida da inflação e dos juros. O que se pode esperar em termos de captação IDE para Portugal num futuro próximo (2025/2026)?
O EYAttractiveness Survey2024 Portugal permite concluir que a conjuntura financeira internacional é, de facto, uma preocupação dos investidores inquiridos. Cerca de 32% afirmam que as elevadas taxas de juro e uma possível conjuntura financeira adversa se qualificam como o principal risco à atratividade nacional. Contudo, no futuro próximo, além das questões conjunturais, Portugal deverá ser capaz de consolidar o ecossistema de atração de investimento, de acordo com a perceção dos investidores, primordialmente através da adaptação da regulação do setor tecnológico e da aposta na Educação e facilitação do acesso ao talento nacional.
Quais as principais dificuldades do país para atrair IDE?
Um primeiro fator destacado é um possível incremento de regulação. Paralelamente, a reduzida dimensão do mercado nacional é vista como um desafio à atratividade futura de Portugal. Por fim, a instabilidade política é simultaneamente apontada como um desafio e como um risco à atratividade nacional.
O programa do atual Governo, nomeadamente a nível fiscal, está a ser bem acolhido pelas empresas estrangeiras?
O inquérito de suporte ao EY Attractiveness Survey2024 Portugal foi realizado previamente à tomada de posse do atual Governo. No entanto, conseguimos concluir que, na perceção dos inquiridos, o ecossistema fiscal português tem vindo a melhorar a sua reputação embora persistam desafios de simplificação e estabilidade fiscal. Um dos principais fatores na tomada de decisão de investimento no país é o ecossistema fiscal de Portugal. 45% dos investidores inquiridos afirmam que o reduzido risco de litígio no ecossistema fiscal, bem como as reduzidas taxas de impostos destinados às empresas são fatores nos quais Portugal se posiciona favoravelmente, na perceção dos inquiridos.
Os recursos humanos disponíveis em Portugal são uma ma is-va I ia para a captação de IDE? E os salários?
Quando inquiridos sobre em que áreas deve Portugal concentrar a sua atuação para reforçar e melhorar a sua posição na economia global, 24% dos inquiridos afirma que o desenvolvimento de um ecossistema educativo robusto e de fácil acesso ao talento nacional é um dos pilares para a economia nacional se afirmar no panorama internacional. No que se refere aos salários, é possível concluir, da perceção dos investidores, que o custo da mão de obra nacional se destaca como um fator diferenciador de Portugal em comparação com outros possíveis destinos de IDE. No entanto, os investidores vão além do custo do talento nacional quando se referem aos seus atrativos: o skill- sete adaptabilidade do talento nacional é também um dos principais elementos associados aos recursos humanos nacionais. Em relação a este tema, é de referenciar a importância da progressiva transformação do modelo económico nacional para uma economia baseada no valor e, consequentemente, da renovação dos fatores de atratividade para o IDE que extravasam a competitividade baseada no custo.
As empresas interessadas em investir em Portugal estão conscientes da fuga de talentos devido aos salários praticadas no país?
Os inquiridos referem que Portugal deverá, entre outras dimensões, concentrar esforços no desenvolvimento da Educação e de competências e promover o acesso a talento, para manter a competitividade no contexto global. Uma economia baseada no valor e com elevados índices de produtividade poderá responder aos desafios da atração e retenção de talento.
