França continua a preferir Portugal e vai voltar ao topo.
IDE É o terceiro maior investidor do ranking em termos do stock de Investimento Direto Estrangeiro. Apoiado, ainda, pelo número crescente de franceses a optarem por viver em Portugal. E com a compra do Novobanco vai ganhar posição.
O stock de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) francês em Portugal representa atualmente cerca de 16,6 mil milhões de euros (dados referentes ao primeiro trimestre de 2025), tornando a França o terceiro maior investidor estrangeiro no país. A França responde assim, segundo dados fornecidos ao JE pela Embaixada francesa em Portugal, por 8,2% do stock total de IDE, agora ultrapassada pelo Reino Unido - que assim conseguiu tomar o segundo lugar francês - mas será com certeza por pouco tempo: quando a compra do Novobanco entrar nas contas (só em 2026), haverá com certeza mexidas no topo do ranking.
Para a Embaixada, a instabilidade política explicaria uma desaceleração dos investimentos franceses em Portugal, cujo stock cresceu apenas 2,8% em um ano (contra 8,7% para o stock de IDE britânico).
Mesmo assim, os 16,6 mil milhões do primeiro trimestre de 2025 são ligeiramente mais que os 16,4 mil milhões do trimestre anterior e principalmente que os 16,1 mil milhões do período homólogo de 2024 - mas os crescimentos têm sido muito ligeiros, salienta aquela fonte.
Os franceses que por cá andam
Numa altura em que a imprensa fala com insistência da transformação de alguns bairros lisboetas em verdadeiros 'quartiers' - talvez vivam em Portugal entre 50 mil a 60 mil franceses - as empresas do país de origem têm mais um incentivo a investirem no país de onde saíram uma parte importante das 'travailleurs domestiques' que povoaram os lares parisienses nas décadas de 60 e 70 do século passado - e que um embaixador português em Paris convenceu alguns franceses, num jantar celebrado num dia 1 de abril, que faziam parte de um contingente de espias arregimentadas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Segundo os dados coligidos pela Embaixada, existem cerca de 1.200 filiais portuguesas de grupos franceses. Quase todas as grandes empresas fizeram essa viagem: aqui estão 38 das 40 empresas do CAC 40, o mais importante índice da Bolsa de Paris. Estas filiais dão trabalho a cerca de 104 mil empregados em Portugal, tomando a França o primeiro empregador estrangeiro no país, à frente da Espanha.
As empresas francesas do setor automóvel são um dos grupos mais importantes em Portugal. Empresas como o fabricante de equipamentos Faurecia ou a Stellantis, que possui um centro de produção de veículos ligeiros, ou a entidade Horse (do grupo Renault), que mantém a produção de componentes automóveis, estão presentes no país há várias décadas e empregam centenas de pessoas. Estas duas empresas automóveis estão a converter-se à mobilidade sustentável em Portugal, com veículos elétricos para a Stellantis e motores híbridos para a Horse.
No setor das infraestmturas (energia e transportes), a aceleração da transição energética de Portugal gerou oportunidades para empresas francesas como a Neoen, a Vol- talia ou a Akuo, nomeadamente na mobilidade elétrica e na energia solar. Com mais de 600 empregados em Portugal, a Engie representa uma boa parte do setor das energias renováveis em Portugal. A entidade entrou em 2019 numa parceria estratégica para a criação de uma joint venture no setor eólico offshore (Ocean Winds). Os investimentos franceses estão também nos setores da aeronáutica, com o grupo Vinci, a Airbus, a Meca- chrome e a Lauak. A França continua também a participar em grandes projetos de infraestruturas em Portugal, nomeadamente ferroviários com a Alstom. Vale a pena não esquerer que, quando o presidente francês, Emmanuel Macron, fez uma visita de Estado a Portugal, em março passado, disse publicamente e mais de uma vez que a Framça quer ter uma palavra a dizer na privatização da TAP.
O setor das telecomunicações e o digital também é importante para os franceses, desde logo com a a Altice, proprietária da Meo. Portugal atrai cada vez mais empresas e start-ups francesas do setor digital: a French Tech Lisboa foi lançada em 2017 e várias empresas francesas de grande valor estão ativas no país, como a Lydia, a Qonto, a Blablacar e a Backmarket. O país é também um destino privilegiado para as atividades de TIC de grandes grupos como a Capgemini ou a Téléperformance.
Setor financeiro gaulês em Portugal muito antes de comprar o Novobanco
Nos últimos anos, várias empresas francesas ligadas ao setor financeiro escolheram o país como base para criar centros de tecnologia de informação e transferir outras atividades.
O BNP Paribas escolheu Lisboa para implantar parte das suas atividades e conta com mais de 1.800 empregados no país. A Euronext, gestora das bolsas de Paris, Amesterdão, Bruxelas e Lisboa, também investe em Portugal, através da criação de um centro tecnológico no Porto, que começou a funcionar em 2017.
O banco de investimento
francês Natixis está presente no Porto desde 2017, sendo muito ativo no capítulo do emprego de qualidade.
Recentemente, o BPCE, segundo maior grupo bancário francês, adquiriu o quarto maior banco português, o Novobanco, por 6,4 mil milhões de euros. Este investimento maciço é o maior no setor bancário da zona euro nos últimos 10 anos. É também o maior investimento francês em Portugal. Permitirá ao BPCE passar para mais de sete mil funcionários em Portugal. E fará com que o stock de IDE francês no país dispare no próximo ano.
IDE É o terceiro maior investidor do ranking em termos do stock de Investimento Direto Estrangeiro. Apoiado, ainda, pelo número crescente de franceses a optarem por viver em Portugal. E com a compra do Novobanco vai ganhar posição.
O stock de Investimento Direto Estrangeiro (IDE) francês em Portugal representa atualmente cerca de 16,6 mil milhões de euros (dados referentes ao primeiro trimestre de 2025), tornando a França o terceiro maior investidor estrangeiro no país. A França responde assim, segundo dados fornecidos ao JE pela Embaixada francesa em Portugal, por 8,2% do stock total de IDE, agora ultrapassada pelo Reino Unido - que assim conseguiu tomar o segundo lugar francês - mas será com certeza por pouco tempo: quando a compra do Novobanco entrar nas contas (só em 2026), haverá com certeza mexidas no topo do ranking.
Para a Embaixada, a instabilidade política explicaria uma desaceleração dos investimentos franceses em Portugal, cujo stock cresceu apenas 2,8% em um ano (contra 8,7% para o stock de IDE britânico).
Mesmo assim, os 16,6 mil milhões do primeiro trimestre de 2025 são ligeiramente mais que os 16,4 mil milhões do trimestre anterior e principalmente que os 16,1 mil milhões do período homólogo de 2024 - mas os crescimentos têm sido muito ligeiros, salienta aquela fonte.
Os franceses que por cá andam
Numa altura em que a imprensa fala com insistência da transformação de alguns bairros lisboetas em verdadeiros 'quartiers' - talvez vivam em Portugal entre 50 mil a 60 mil franceses - as empresas do país de origem têm mais um incentivo a investirem no país de onde saíram uma parte importante das 'travailleurs domestiques' que povoaram os lares parisienses nas décadas de 60 e 70 do século passado - e que um embaixador português em Paris convenceu alguns franceses, num jantar celebrado num dia 1 de abril, que faziam parte de um contingente de espias arregimentadas ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Segundo os dados coligidos pela Embaixada, existem cerca de 1.200 filiais portuguesas de grupos franceses. Quase todas as grandes empresas fizeram essa viagem: aqui estão 38 das 40 empresas do CAC 40, o mais importante índice da Bolsa de Paris. Estas filiais dão trabalho a cerca de 104 mil empregados em Portugal, tomando a França o primeiro empregador estrangeiro no país, à frente da Espanha.
As empresas francesas do setor automóvel são um dos grupos mais importantes em Portugal. Empresas como o fabricante de equipamentos Faurecia ou a Stellantis, que possui um centro de produção de veículos ligeiros, ou a entidade Horse (do grupo Renault), que mantém a produção de componentes automóveis, estão presentes no país há várias décadas e empregam centenas de pessoas. Estas duas empresas automóveis estão a converter-se à mobilidade sustentável em Portugal, com veículos elétricos para a Stellantis e motores híbridos para a Horse.
No setor das infraestmturas (energia e transportes), a aceleração da transição energética de Portugal gerou oportunidades para empresas francesas como a Neoen, a Vol- talia ou a Akuo, nomeadamente na mobilidade elétrica e na energia solar. Com mais de 600 empregados em Portugal, a Engie representa uma boa parte do setor das energias renováveis em Portugal. A entidade entrou em 2019 numa parceria estratégica para a criação de uma joint venture no setor eólico offshore (Ocean Winds). Os investimentos franceses estão também nos setores da aeronáutica, com o grupo Vinci, a Airbus, a Meca- chrome e a Lauak. A França continua também a participar em grandes projetos de infraestruturas em Portugal, nomeadamente ferroviários com a Alstom. Vale a pena não esquerer que, quando o presidente francês, Emmanuel Macron, fez uma visita de Estado a Portugal, em março passado, disse publicamente e mais de uma vez que a Framça quer ter uma palavra a dizer na privatização da TAP.
O setor das telecomunicações e o digital também é importante para os franceses, desde logo com a a Altice, proprietária da Meo. Portugal atrai cada vez mais empresas e start-ups francesas do setor digital: a French Tech Lisboa foi lançada em 2017 e várias empresas francesas de grande valor estão ativas no país, como a Lydia, a Qonto, a Blablacar e a Backmarket. O país é também um destino privilegiado para as atividades de TIC de grandes grupos como a Capgemini ou a Téléperformance.
Setor financeiro gaulês em Portugal muito antes de comprar o Novobanco
Nos últimos anos, várias empresas francesas ligadas ao setor financeiro escolheram o país como base para criar centros de tecnologia de informação e transferir outras atividades.
O BNP Paribas escolheu Lisboa para implantar parte das suas atividades e conta com mais de 1.800 empregados no país. A Euronext, gestora das bolsas de Paris, Amesterdão, Bruxelas e Lisboa, também investe em Portugal, através da criação de um centro tecnológico no Porto, que começou a funcionar em 2017.
O banco de investimento
francês Natixis está presente no Porto desde 2017, sendo muito ativo no capítulo do emprego de qualidade.
Recentemente, o BPCE, segundo maior grupo bancário francês, adquiriu o quarto maior banco português, o Novobanco, por 6,4 mil milhões de euros. Este investimento maciço é o maior no setor bancário da zona euro nos últimos 10 anos. É também o maior investimento francês em Portugal. Permitirá ao BPCE passar para mais de sete mil funcionários em Portugal. E fará com que o stock de IDE francês no país dispare no próximo ano.