O Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) distinguiu a organização portuguesa Oikos pela qualidade e eficácia de modelos de construção adaptados às alterações climáticas em Moçambique e pela inclusão comunitária no processo.
"As distinções reconhecem a qualidade técnica e eficácia de modelos de construção adaptados ao risco climático, desenvolvidos com forte envolvimento comunitário e impacto social", refere-se num comunicado da Oikos, consultado pela Lusa.
A Organização Não Governamental (ONG) portuguesa recebeu dois certificados de excelência entregues pelas Nações Unidas e pelo Projeto de Restauração da Gorongosa, tendo sido distinguida nas categorias de melhor infraestrutura em materiais mistos e melhor processo de inclusão e participação comunitária, pelo trabalho realizado em duas escolas da província de Sofala, no centro de Moçambique. "Quando trabalhamos lado a lado com as comunidades, geramos mudanças duradouras. Continuaremos a lutar para que todas as crianças e professores tenham condições dignas para aprender, ensinar e sonhar, mesmo num contexto de crescente risco climático", disse Dinis Chembene, coordenador de programas da Oikos, citado no documento.
Entre as ações da ONG que se destacam está a escola de Mapangapanga, que foi edificada num dos locais mais remotos da Serra da Gorongosa, a cerca de mil metros de altitude e próxima da última base da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) a ser desativada, sendo atualmente um "símbolo de estabilidade e futuro para a comunidade".
A ONU também destacou o envolvimento comunitário e participação de cerca de 40% de mulheres na mão de obra local, o que, segundo a ONG, fortaleceu a "apropriação do projeto pela população". "A intervenção desenvolvida abrangeu seis distritos da zona de desenvolvimento sustentável da Gorongosa e resultou na construção de 22 escolas, incluindo 127 salas de aula, e na capacitação técnica de comunidades em práticas de construção resiliente, beneficiando mais de 15.000 alunos e 140 professores em 28 comunidades", lê-se no comunicado, no qual se acrescenta que o trabalho foi desenvolvido com o apoio do Projeto de Restauração da Gorongosa e assistência técnica do UN-Habitat.
Para a Oikos, a experiência em Moçambique demonstra que o investimento em inclusão comunitária, construção resiliente e formação local são essenciais para redução dos impactos dos riscos associados às mudanças climáticas. "Portugal tem mantido um papel ativo no apoio humanitário e na cooperação em Moçambique, através de Organizações com presença prolongada no terreno. É essencial continuar a apoiar as populações na preparação e gestão do risco, com soluções preventivas e duradouras", conclui-se no documento.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas globais, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril. Os eventos extremos provocaram pelo menos 1016 mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.
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ONU distingue portuguesa Oikos
Modelos de construção adaptados às alterações climáticas em Moçambique.
Jornal de Notícias
18/12/2025
Imprensa Nacional