Num contexto global marcado por pressões crescentes sobre os sistemas energéticos, a transição para modelos mais eficientes, resilientes e sustentáveis tornou-se uma prioridade estratégica. A indústria, responsável por uma fatia significativa do consumo energético europeu, enfrenta hoje o desafio de responder a uma procura crescente ao mesmo tempo que reduz emissões e aumenta a competitividade. É precisamente neste cruzamento entre necessidade e oportunidade que surge a operação SCINERGY WHR – Waste Heat Recover, promovida pela SCIVEN – Desenvolvimento e Exploração de Sistemas de Energia, Lda., e cofinanciada pelo COMPETE 2030.
A oportunidade por explorar: o calor residual industrial
Todos os anos, enormes quantidades de energia térmica são desperdiçadas em processos industriais, sobretudo em segmentos que operam abaixo dos 300 °C e 1 MW – uma escala onde até hoje não existiam soluções tecnicamente viáveis e economicamente competitivas. A operação SCINERGY WHR propõe-se mudar este paradigma, desenvolvendo uma solução integrada baseada em tecnologia de Ciclo Orgânico de Rankine (ORC), capaz de converter calor residual em eletricidade de forma eficiente, segura e descarbonizada. Ao fazê-lo, desbloqueia um potencial de redução significativa de emissões e de custos operacionais, reforçando a resiliência energética das empresas.
Como realça Eduardo Costa, CEO da SCIVEN, “o projeto SCINERGY-WHR visa uma abordagem disruptiva no aproveitamento da energia, até agora intrinsecamente desperdiçada em processos industriais”. Esta visão traduz-se numa ambição clara: transformar desperdício em valor económico e ambiental.
Investigação, desenvolvimento e criação de tecnologia portuguesa
O foco tecnológico e científico da operação é um dos seus pilares. Pretende-se criar um novo conceito de recuperação e gestão de energia térmica, gerar tecnologia proprietária e proteger propriedade intelectual através de pelo menos uma patente. Ao mesmo tempo, o projeto irá reforçar as capacidades de I&D das empresas do consórcio, nomeadamente da SCIVEN, que prevê a contratação de novos recursos altamente qualificados e a valorização das equipas já existentes.
Eduardo Costa sublinha a importância desta cooperação: “O consórcio combina a experiência e o saber-fazer para que este projecto se materialize e estes desperdícios de energia possam ser transformados em fontes de receita – por via da geração de energia eléctrica, tornando estes processos industriais mais resilientes, competitivos e descarbonizados.”
A colaboração entre as empresas do consórcio — SCIVEN, Silva & Ventura Lda. e Induzir Lda. — em articulação com entidades do Sistema Científico e Tecnológico Nacional, como a Universidade de Coimbra e o Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, reforça o carácter inovador e estruturante do projeto, potenciando uma transferência de conhecimento sólida e orientada para a criação de soluções de elevado valor acrescentado.
Mercado e impacto económico
A solução visa um mercado global de enorme dimensão, especialmente nos setores cerâmico, metalomecânico, alimentar, químico, do vidro, entre muitos outros, onde se estima que entre 20% e 50% da energia consumida seja perdida sob a forma de calor. A ausência de soluções adequadas para esta gama de temperaturas e potências torna o SCINERGY WHR particularmente promissor.
A SCIVEN projeta um crescimento significativo nas vendas e prestação de serviços associados às soluções desenvolvidas no âmbito desta operação, incluindo uma presença crescente em mercados internacionais. A partir de 2030, antecipa-se a continuação de um ritmo robusto de expansão, refletindo o elevado potencial de maturação tecnológica e comercial do projeto.
Transição verde impulsionada pela inovação
O COMPETE 2030 posiciona a investigação e desenvolvimento como elemento central para acelerar a transição energética e climática. A operação SCINERGY WHR exemplifica este alinhamento, ao desenvolver tecnologia de ponta que permite simultaneamente melhorar a eficiência energética das indústrias, reduzir emissões de gases com efeito de estufa e criar valor económico sustentável.
Através desta solução disruptiva, Portugal reforça a sua posição na frente da inovação para a transição verde, num percurso em que o conhecimento científico, a engenharia avançada e a competitividade industrial caminham lado a lado.
Como sintetiza Eduardo Costa, “estes desperdícios de energia podem ser transformados em fontes de receita” – uma afirmação que traduz a essência da operação: inovar para transformar desafios ambientais em oportunidades concretas de crescimento sustentável.
