Anne Vogdt alerta que a prioridade é afirmar a German Desk como uma estrutura de referência no apoio a empresas alemãs que investem ou operam em Portugal, e vice-versa.
Anne Vogdt integrou a Proença de Carvalho, na qualidade de of counsel, inaugurando a German Desk. À Advocatus, assume que um dos grandes desafios é garantir que prestam um serviço verdadeiramente adaptado à realidade e às expectativas do investidor alemão. E alerta: a prioridade é afirmar a German Desk como uma estrutura de referência no apoio a empresas alemãs que investem ou operam em Portugal, e vice-versa.
A of counsel assume também que liderar uma German Desk exige versatilidade, visão estratégica, sensibilidade cultural e uma forte capacidade diplomática. Sobre o investimento alemão em Portugal garante que tem vindo a aumentar de forma consistente e diversificada.
Possui uma vasta experiência internacional, nomeadamente em mercados como o dos EUA, Espanha e Alemanha, como é que este know-how a ajudou a moldar a sua visão jurídica e de negócios?
A minha experiência internacional permitiu-me adquirir uma visão transversal e muito prática do mundo jurídico e empresarial. Trabalhar em contextos tão distintos como os EUA, Espanha e Alemanha obrigou-me a adaptar-me rapidamente a diferentes culturas empresariais, estilos de comunicação e exigências regulatórias. Acredito que essa diversidade de contextos me tornou mais ágil e prática na resolução de problemas e ajudou-me a compreender que uma assessoria jurídica de valor vai além da letra da lei, incluindo a compreensão do negócio, a sensibilidade cultural e o pensamento crítico.
Nos EUA, por exemplo, fiquei impressionada com o foco dos advogados na componente prática e no impacto comercial das decisões jurídicas. Muitos têm formações diversificadas, trabalham antes de entrar na faculdade de Direito e trazem uma maturidade e visão transversal muito enriquecedoras. Tento incorporar essa abordagem no meu próprio trabalho: ser uma parceira estratégica que compreende tanto a norma como o negócio e que tenta impulsionar a inovação, o crescimento e uma boa governação.
Recentemente integrou a Proença de Carvalho, o que a motivou a aceitar este novo desafio?
Depois de mais de 15 anos em funções maioritariamente in-house, muitas delas em cargos de liderança jurídica e operacional, senti que era o momento certo para colocar essa experiência de uma forma diferente e mais ampla ao serviço das organizações, agora a partir do exterior. A Proença de Carvalho representa exatamente o tipo de projeto que procurava: um escritório que alia tradição e excelência a uma mentalidade inovadora, oferecendo liberdade para desenvolver novas áreas de prática e atuar de forma transversal.
Este passo representa também o meu regresso a Lisboa, que é, no fundo, um regresso a casa. Penso que regressar com esta experiência internacional me permitirá contribuir de forma diferente para o ecossistema português.
Que valor acrescentado considera que a sua experiência pode trazer aos clientes da Proença de Carvalho?
Acredito que a minha experiência prática e multidisciplinar, tanto na vertente jurídica como operacional, permite oferecer aos clientes uma assessoria mais próxima da realidade dos negócios. Conheço bem os contextos legais, culturais e burocráticos de mercados como o alemão, o português e o norte-americano, e tenho experiência direta em setores como o retalho (alimentar e de mobiliário), a tecnologia e a mobilidade.
Sei o que é liderar equipas, gerir e avaliar crises, bem como desenhar programas de compliance robustos. No entanto, também trabalhei em armazéns, passei muitas horas em fábricas de madeira e participei em hackathons, experiências que me ensinaram a importância de soluções jurídicas que não sejam apenas tecnicamente corretas, mas também exequíveis, eficazes e orientadas para o negócio concreto. É essa diversidade de perspetivas do chão de fábrica ao ambiente digital, da operação à estratégia que procuro trazer para a mesa.
Um dos grandes desafios será garantir que prestamos um serviço verdadeiramente adaptado à realidade e às expectativas do investidor alemão, sem nunca perder de vista as especificidades do contexto jurídico, empresarial e cultural português.
Vai ficar responsável pela German Desk. Quais são os principais desafios inerentes a este cargo?
Um dos grandes desafios será garantir que prestamos um serviço verdadeiramente adaptado à realidade e às expectativas do investidor alemão, sem nunca perder de vista as especificidades do contexto jurídico, empresarial e cultural português. Isso implica não só dominar o quadro jurídico nacional, mas também compreender a forma como os decisores na Alemanha estruturam o risco, negoceiam e comunicam. Trata-se, portanto, de encontrar o equilíbrio certo entre rigor técnico, pragmatismo e adaptação cultural. Ao mesmo tempo, é essencial garantir que as empresas portuguesas que pretendam internacionalizar-se para a Alemanha beneficiem do mesmo nível de apoio estratégico e cultural. A German Desk será uma ponte de dois sentidos.
Outro desafio, e também uma grande ambição, é posicionar o escritório como um verdadeiro parceiro estratégico de longo prazo, indo além do tradicional papel de prestador de serviços jurídicos. Isso implica oferecer uma assessoria jurídica que compreenda o negócio em profundidade, antecipe riscos, proponha soluções práticas e acompanhe o crescimento da empresa em cada etapa. Mais do que resolver problemas pontuais, queremos construir relações duradouras de confiança, assentes num conhecimento profundo dos setores em que os nossos clientes operam e numa presença próxima e proativa.
Quais são as prioridades ou objetivos estratégicos que estabeleceu para a German Desk?
A prioridade é clara: afirmar a German Desk como uma estrutura de referência no apoio a empresas alemãs que investem ou operam em Portugal, e vice-versa. Para isso, queremos ser reconhecidos não só pela qualidade técnica, mas também pela nossa capacidade de compreender o negócio dos nossos clientes e de lhes acrescentar valor em todas as etapas.
Pretendemos também apoiar ativamente a internacionalização de empresas portuguesas, ajudando-as a consolidar os seus produtos e serviços num mercado exigente, mas repleto de oportunidades, como o alemão, oferecendo assessoria jurídica e estratégica que facilita o crescimento e reduz fricções e obstáculos.
Como espera que o German Desk facilite a relação entre empresas alemãs e portuguesas?
Através de uma assessoria jurídica e estratégica que compreende e conhece verdadeiramente ambas as realidades, oferecendo um serviço completo e personalizado. Tendo nascido, vivido e trabalhado na Alemanha, não só falo fluentemente a língua, como conheço a fundo o funcionamento do mercado alemão, o que me permite comunicar de forma eficaz e, sobretudo, traduzir expectativas, prioridades e formas de trabalhar, promovendo alinhamento e confiança mútua.
Pretendemos que a German Desk vá muito além de um serviço de tradução jurídica, estabelecendo-se como um facilitador de relações, de investimento e de crescimento. Um espaço onde as barreiras culturais, linguísticas ou burocráticas deixam de ser um obstáculo e passam a ser geridas de forma natural e eficaz. E ao antever problemas e organizar processos, queremos garantir que a comunicação e a execução sejam mais fluidas e eficientes.
Além disso, temos uma ambição clara de ajudar empresas portuguesas a obter maior visibilidade e tração no mercado alemão. Tenho uma ligação muito próxima a Portugal, tanto a nível pessoal como profissional, e conheço muito bem o valor dos nossos produtos, serviços e talentos. Trabalhei muitos anos no setor do retalho alimentar e, durante todo o curso, colaborei com a empresa de mobiliário da minha mãe, passando muitas horas em fábricas no norte do país. Por isso, sei, por experiência própria, o que Portugal tem para oferecer e acredito que essa oferta merece ser promovida.
Como avalia o investimento alemão em Portugal? Existem áreas predominantes?
O investimento alemão em Portugal tem vindo a aumentar de forma consistente e diversificada. Além dos setores industriais tradicionais, como o calçado ou os componentes automóveis, há atualmente um interesse crescente em áreas como a tecnologia, as energias renováveis, o turismo e a agricultura sustentável. Esta diversificação reflete uma aposta clara na inovação e na procura de soluções sustentáveis, áreas em que Portugal tem demonstrado uma grande capacidade.
O talento português, altamente qualificado e com uma formação técnica sólida, é um dos fatores mais valorizados pelos investidores alemães. A isso se junta a segurança e estabilidade política, a crescente digitalização da economia, a qualidade de vida e um ecossistema empresarial cada vez mais dinâmico, com startups e centros de investigação de excelência.
A presença de uma delegação alemã na Web Summit 2024 foi um sinal claro da aposta alemã no ecossistema tecnológico português, demonstrando o interesse e a confiança dos alemães neste setor. Portugal é hoje visto como um centro inovador, com uma mentalidade aberta, uma excelente formação técnica e superior, e uma cultura de trabalho colaborativa. Tudo isto faz com que o país seja cada vez mais atrativo para investimento direto estrangeiro, especialmente por parte de empresas alemãs que procuram parceiros ágeis, inovadores e com capacidade de execução.
Comparativamente, como caracteriza o mercado de advocacia alemão e português? Existem muitas diferenças?
Tanto o mercado alemão como o português assentam em tradições jurídicas sólidas e exigentes, com uma forte valorização da técnica e do rigor. No entanto, existem diferenças culturais e estruturais significativas. A advocacia alemã tende a ser mais formalizada, especializada e orientada por processos muito definidos, enquanto a portuguesa, embora igualmente rigorosa, revela maior flexibilidade e criatividade na adaptação a contextos diversos, o que é uma mais-valia num ambiente de negócios em constante mudança.
Do meu ponto de vista, essa agilidade e capacidade de encontrar soluções à medida são características que tornam os advogados portugueses parceiros particularmente valiosos em projetos inovadores e internacionais.
Qual é a principal característica que um advogado deve ter para estar à frente de uma Desk de um escritório?
Liderar uma German Desk exige versatilidade, visão estratégica, sensibilidade cultural e uma forte capacidade diplomática. Mais do que conhecimentos técnicos, penso que é fundamental compreender os diferentes mercados, adaptar a comunicação a perfis diversos e atuar como mediador e verdadeiro parceiro de negócios. A capacidade de mediar expectativas, construir pontes e gerar confiança permite prestar um serviço que alia a excelência jurídica à criação de valor real e duradouro para os clientes.
Quais são as suas perspetivas para a German Desk para daqui a uns anos?
A minha ambição é que a German Desk da Proença de Carvalho se torne uma referência no apoio jurídico e estratégico a empresas alemãs e portuguesas que pretendam desenvolver relações comerciais sustentáveis. Mais do que prestar serviços jurídicos, queremos estabelecer laços de confiança duradouros e ser reconhecidos como um parceiro estratégico em todas as fases de crescimento dos nossos clientes.
O nosso objetivo é crescer de forma sustentada e gerar um impacto real. Acredito que, com dedicação, proximidade e um conhecimento profundo dos dois contextos, a German Desk poderá desempenhar um papel relevante no apoio à internacionalização da economia portuguesa e na atração de investimento alemão para setores com elevado potencial no nosso país.
Qual foi o melhor conselho que lhe deram ao longo da sua carreira?
Nunca se deve ter medo de fazer perguntas. A pior coisa é fingir que se percebeu quando, na verdade, não se percebeu. Admitir dúvidas ou reconhecer que algo não está claro não é sinal de fraqueza, mas sim de responsabilidade. O verdadeiro erro está em avançar sem esclarecer dúvidas e incertezas e correr o risco de prestar um mau aconselhamento.
Frederico Pedreira, Jornalista
Anne Vogdt integrou a Proença de Carvalho, na qualidade de of counsel, inaugurando a German Desk. À Advocatus, assume que um dos grandes desafios é garantir que prestam um serviço verdadeiramente adaptado à realidade e às expectativas do investidor alemão. E alerta: a prioridade é afirmar a German Desk como uma estrutura de referência no apoio a empresas alemãs que investem ou operam em Portugal, e vice-versa.
A of counsel assume também que liderar uma German Desk exige versatilidade, visão estratégica, sensibilidade cultural e uma forte capacidade diplomática. Sobre o investimento alemão em Portugal garante que tem vindo a aumentar de forma consistente e diversificada.
Possui uma vasta experiência internacional, nomeadamente em mercados como o dos EUA, Espanha e Alemanha, como é que este know-how a ajudou a moldar a sua visão jurídica e de negócios?
A minha experiência internacional permitiu-me adquirir uma visão transversal e muito prática do mundo jurídico e empresarial. Trabalhar em contextos tão distintos como os EUA, Espanha e Alemanha obrigou-me a adaptar-me rapidamente a diferentes culturas empresariais, estilos de comunicação e exigências regulatórias. Acredito que essa diversidade de contextos me tornou mais ágil e prática na resolução de problemas e ajudou-me a compreender que uma assessoria jurídica de valor vai além da letra da lei, incluindo a compreensão do negócio, a sensibilidade cultural e o pensamento crítico.
Nos EUA, por exemplo, fiquei impressionada com o foco dos advogados na componente prática e no impacto comercial das decisões jurídicas. Muitos têm formações diversificadas, trabalham antes de entrar na faculdade de Direito e trazem uma maturidade e visão transversal muito enriquecedoras. Tento incorporar essa abordagem no meu próprio trabalho: ser uma parceira estratégica que compreende tanto a norma como o negócio e que tenta impulsionar a inovação, o crescimento e uma boa governação.
Recentemente integrou a Proença de Carvalho, o que a motivou a aceitar este novo desafio?
Depois de mais de 15 anos em funções maioritariamente in-house, muitas delas em cargos de liderança jurídica e operacional, senti que era o momento certo para colocar essa experiência de uma forma diferente e mais ampla ao serviço das organizações, agora a partir do exterior. A Proença de Carvalho representa exatamente o tipo de projeto que procurava: um escritório que alia tradição e excelência a uma mentalidade inovadora, oferecendo liberdade para desenvolver novas áreas de prática e atuar de forma transversal.
Este passo representa também o meu regresso a Lisboa, que é, no fundo, um regresso a casa. Penso que regressar com esta experiência internacional me permitirá contribuir de forma diferente para o ecossistema português.
Que valor acrescentado considera que a sua experiência pode trazer aos clientes da Proença de Carvalho?
Acredito que a minha experiência prática e multidisciplinar, tanto na vertente jurídica como operacional, permite oferecer aos clientes uma assessoria mais próxima da realidade dos negócios. Conheço bem os contextos legais, culturais e burocráticos de mercados como o alemão, o português e o norte-americano, e tenho experiência direta em setores como o retalho (alimentar e de mobiliário), a tecnologia e a mobilidade.
Sei o que é liderar equipas, gerir e avaliar crises, bem como desenhar programas de compliance robustos. No entanto, também trabalhei em armazéns, passei muitas horas em fábricas de madeira e participei em hackathons, experiências que me ensinaram a importância de soluções jurídicas que não sejam apenas tecnicamente corretas, mas também exequíveis, eficazes e orientadas para o negócio concreto. É essa diversidade de perspetivas do chão de fábrica ao ambiente digital, da operação à estratégia que procuro trazer para a mesa.
Um dos grandes desafios será garantir que prestamos um serviço verdadeiramente adaptado à realidade e às expectativas do investidor alemão, sem nunca perder de vista as especificidades do contexto jurídico, empresarial e cultural português.
Vai ficar responsável pela German Desk. Quais são os principais desafios inerentes a este cargo?
Um dos grandes desafios será garantir que prestamos um serviço verdadeiramente adaptado à realidade e às expectativas do investidor alemão, sem nunca perder de vista as especificidades do contexto jurídico, empresarial e cultural português. Isso implica não só dominar o quadro jurídico nacional, mas também compreender a forma como os decisores na Alemanha estruturam o risco, negoceiam e comunicam. Trata-se, portanto, de encontrar o equilíbrio certo entre rigor técnico, pragmatismo e adaptação cultural. Ao mesmo tempo, é essencial garantir que as empresas portuguesas que pretendam internacionalizar-se para a Alemanha beneficiem do mesmo nível de apoio estratégico e cultural. A German Desk será uma ponte de dois sentidos.
Outro desafio, e também uma grande ambição, é posicionar o escritório como um verdadeiro parceiro estratégico de longo prazo, indo além do tradicional papel de prestador de serviços jurídicos. Isso implica oferecer uma assessoria jurídica que compreenda o negócio em profundidade, antecipe riscos, proponha soluções práticas e acompanhe o crescimento da empresa em cada etapa. Mais do que resolver problemas pontuais, queremos construir relações duradouras de confiança, assentes num conhecimento profundo dos setores em que os nossos clientes operam e numa presença próxima e proativa.
Quais são as prioridades ou objetivos estratégicos que estabeleceu para a German Desk?
A prioridade é clara: afirmar a German Desk como uma estrutura de referência no apoio a empresas alemãs que investem ou operam em Portugal, e vice-versa. Para isso, queremos ser reconhecidos não só pela qualidade técnica, mas também pela nossa capacidade de compreender o negócio dos nossos clientes e de lhes acrescentar valor em todas as etapas.
Pretendemos também apoiar ativamente a internacionalização de empresas portuguesas, ajudando-as a consolidar os seus produtos e serviços num mercado exigente, mas repleto de oportunidades, como o alemão, oferecendo assessoria jurídica e estratégica que facilita o crescimento e reduz fricções e obstáculos.
Como espera que o German Desk facilite a relação entre empresas alemãs e portuguesas?
Através de uma assessoria jurídica e estratégica que compreende e conhece verdadeiramente ambas as realidades, oferecendo um serviço completo e personalizado. Tendo nascido, vivido e trabalhado na Alemanha, não só falo fluentemente a língua, como conheço a fundo o funcionamento do mercado alemão, o que me permite comunicar de forma eficaz e, sobretudo, traduzir expectativas, prioridades e formas de trabalhar, promovendo alinhamento e confiança mútua.
Pretendemos que a German Desk vá muito além de um serviço de tradução jurídica, estabelecendo-se como um facilitador de relações, de investimento e de crescimento. Um espaço onde as barreiras culturais, linguísticas ou burocráticas deixam de ser um obstáculo e passam a ser geridas de forma natural e eficaz. E ao antever problemas e organizar processos, queremos garantir que a comunicação e a execução sejam mais fluidas e eficientes.
Além disso, temos uma ambição clara de ajudar empresas portuguesas a obter maior visibilidade e tração no mercado alemão. Tenho uma ligação muito próxima a Portugal, tanto a nível pessoal como profissional, e conheço muito bem o valor dos nossos produtos, serviços e talentos. Trabalhei muitos anos no setor do retalho alimentar e, durante todo o curso, colaborei com a empresa de mobiliário da minha mãe, passando muitas horas em fábricas no norte do país. Por isso, sei, por experiência própria, o que Portugal tem para oferecer e acredito que essa oferta merece ser promovida.
Como avalia o investimento alemão em Portugal? Existem áreas predominantes?
O investimento alemão em Portugal tem vindo a aumentar de forma consistente e diversificada. Além dos setores industriais tradicionais, como o calçado ou os componentes automóveis, há atualmente um interesse crescente em áreas como a tecnologia, as energias renováveis, o turismo e a agricultura sustentável. Esta diversificação reflete uma aposta clara na inovação e na procura de soluções sustentáveis, áreas em que Portugal tem demonstrado uma grande capacidade.
O talento português, altamente qualificado e com uma formação técnica sólida, é um dos fatores mais valorizados pelos investidores alemães. A isso se junta a segurança e estabilidade política, a crescente digitalização da economia, a qualidade de vida e um ecossistema empresarial cada vez mais dinâmico, com startups e centros de investigação de excelência.
A presença de uma delegação alemã na Web Summit 2024 foi um sinal claro da aposta alemã no ecossistema tecnológico português, demonstrando o interesse e a confiança dos alemães neste setor. Portugal é hoje visto como um centro inovador, com uma mentalidade aberta, uma excelente formação técnica e superior, e uma cultura de trabalho colaborativa. Tudo isto faz com que o país seja cada vez mais atrativo para investimento direto estrangeiro, especialmente por parte de empresas alemãs que procuram parceiros ágeis, inovadores e com capacidade de execução.
Comparativamente, como caracteriza o mercado de advocacia alemão e português? Existem muitas diferenças?
Tanto o mercado alemão como o português assentam em tradições jurídicas sólidas e exigentes, com uma forte valorização da técnica e do rigor. No entanto, existem diferenças culturais e estruturais significativas. A advocacia alemã tende a ser mais formalizada, especializada e orientada por processos muito definidos, enquanto a portuguesa, embora igualmente rigorosa, revela maior flexibilidade e criatividade na adaptação a contextos diversos, o que é uma mais-valia num ambiente de negócios em constante mudança.
Do meu ponto de vista, essa agilidade e capacidade de encontrar soluções à medida são características que tornam os advogados portugueses parceiros particularmente valiosos em projetos inovadores e internacionais.
Qual é a principal característica que um advogado deve ter para estar à frente de uma Desk de um escritório?
Liderar uma German Desk exige versatilidade, visão estratégica, sensibilidade cultural e uma forte capacidade diplomática. Mais do que conhecimentos técnicos, penso que é fundamental compreender os diferentes mercados, adaptar a comunicação a perfis diversos e atuar como mediador e verdadeiro parceiro de negócios. A capacidade de mediar expectativas, construir pontes e gerar confiança permite prestar um serviço que alia a excelência jurídica à criação de valor real e duradouro para os clientes.
Quais são as suas perspetivas para a German Desk para daqui a uns anos?
A minha ambição é que a German Desk da Proença de Carvalho se torne uma referência no apoio jurídico e estratégico a empresas alemãs e portuguesas que pretendam desenvolver relações comerciais sustentáveis. Mais do que prestar serviços jurídicos, queremos estabelecer laços de confiança duradouros e ser reconhecidos como um parceiro estratégico em todas as fases de crescimento dos nossos clientes.
O nosso objetivo é crescer de forma sustentada e gerar um impacto real. Acredito que, com dedicação, proximidade e um conhecimento profundo dos dois contextos, a German Desk poderá desempenhar um papel relevante no apoio à internacionalização da economia portuguesa e na atração de investimento alemão para setores com elevado potencial no nosso país.
Qual foi o melhor conselho que lhe deram ao longo da sua carreira?
Nunca se deve ter medo de fazer perguntas. A pior coisa é fingir que se percebeu quando, na verdade, não se percebeu. Admitir dúvidas ou reconhecer que algo não está claro não é sinal de fraqueza, mas sim de responsabilidade. O verdadeiro erro está em avançar sem esclarecer dúvidas e incertezas e correr o risco de prestar um mau aconselhamento.
Frederico Pedreira, Jornalista