Procura externa dirigida à economia portuguesa retomou valores positivos em agosto. Subida acontece numa altura em que as economias avançadas estão a antecipar importações de bens com receio de constrangimentos futuros. Espanha, Estados Unidos e Reino Unido destacaram-se.
Pela primeiravez este ano, aprocura externa dirigida à economia portuguesa foi positiva em agosto. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados na semana passada, revelam que o indicador que é usado para aferir o desempenho das exportações portuguesas cresceu 1,2% em agosto, pondo fim a uma trajetória de quedas que se prolongou durante 18 meses e penalizou a economia nacional.
Desde fevereiro de 2023 que o indicador de procura externa - que consiste numa média das importações mundiais, que é ponderada de acordo com os principais parceiros comerciais portugueses - não registava valores positivos. Essa evolução negativa foi explicada, em grande medida, por uma conjuntura internacional adversa, com o arrefecimento económico entre as maiores economias europeias, as condições de financiamento mais restritivas, as tensões geopolíticas e os conflitos armados na Ucrânia e no Médio Oriente a prejudicaram as exportações nacionais.
Embora a conjuntura internacional se mantenha adversa, os dados do INE revelam que, em agosto, o indicador de procura externa dirigida à economia portuguesa recuperou, em termos homólogos, 1,2%, o que compara com -1,8% registados no mês anterior. Em parte, essa recuperação poderá ter beneficiado de efeitos-base, já que foi em agosto de 2023 que se registou a maior queda mensal na procura externa (-15,6%).
Porém, essa recuperação da procura externa nacional acontece também numa altura em que se verifica, nas economias avançadas, uma antecipação das importações de bens devido a receios de que as tensões comerciais e geopolíticas se acentuem.
Os dados do INE referentes ao terceiro trimestre evidenciavam precisamente isso: as exportações e importações de bens aumentaram pelo segundo trimestre consecutivo refletindo, "em grande medida, acréscimos significativos nas transações de bens com vista a ou na sequência de trabalhos por encomenda, sem mudança de propriedade", ou seja, sem movimento transfronteiriço de bens.
A essa maior pujança nas transações de bens, junta-se um maior dinamismo ao nível dos serviços, devido acrescente normalização dos padrões de consumo global pós-pandemia, com impacto sobretudo no turismo.
O INE esclarece ao Negócios que o crescimento de 1,2% napro- cura externa em agosto refletiu "as principais evoluções positivas nos dados de Espanha, dos Estados Unidos e do Reino Unido", cujas importações aumentaram, em média, de forma mais significativa Nesse mesmo mês, o valor total das exportações de bens e serviços portugueses foi de 11,5 mil milhões de euros, o que compara com 11,3 mil milhões do ano anterior.
Nos meses anteriores, o INE destaca que se tinham verificado "evoluções negativas na generalidade dos países que compõem o indicador, com destaque para Espanha e França". De notar que, para calcular este indicador, são consideradas as importações dos Estados Unidos, Japão, Espanha, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Bélgica, Suíça e Reino Unido, cujas variações são ajustadas de sazonalidade e de dias úteis.
Expectativa de novos aumentos
As projeções macroeconómicas apontam para que a procura externa dirigida à economia portuguesa acelere até 2026, depois de em 2023 ter sido negativa em 0,5%. Para este ano, as projeções são de que, apesar do arranque menos favorável, a evolução da procura externa na segunda metade do ano permita que o indicador anual retome valores positivos.
A expectativa do Ministério das Finanças é de que a procura externa aumente 0,9% este ano, tal como prevê o Conselho das Finanças Públicas (CFP). Ainda assim, o Governo espera que a procura externa dê um contributo "aproximadamente nulo para o crescimento do PIB em 2024", após ter penalizado o PIB do ano passado com as exportações a cresceram menos do que as importações. Para 2025, a previsão é também de crescimento, mas o contributo da procura externa para o PIB deverá ser igualmente nulo.
Mais otimista, o Banco de Portugal (BdP) prevê que a procura externa cresça 1,1%, mas admite que a evolução das exportações seja condicionada até 2026 "pelo esgotamento do impulso da recuperação pós -pandemia dos serviços, em particular dos associados ao turismo". "A recuperação projetada para a procura externa dirigida à economia portuguesa deverá ser mais lenta do que a do comércio mundial, refletindo um menor dinamismo do comércio intracomunitário", alerta o BdP.
Pela primeiravez este ano, aprocura externa dirigida à economia portuguesa foi positiva em agosto. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados na semana passada, revelam que o indicador que é usado para aferir o desempenho das exportações portuguesas cresceu 1,2% em agosto, pondo fim a uma trajetória de quedas que se prolongou durante 18 meses e penalizou a economia nacional.
Desde fevereiro de 2023 que o indicador de procura externa - que consiste numa média das importações mundiais, que é ponderada de acordo com os principais parceiros comerciais portugueses - não registava valores positivos. Essa evolução negativa foi explicada, em grande medida, por uma conjuntura internacional adversa, com o arrefecimento económico entre as maiores economias europeias, as condições de financiamento mais restritivas, as tensões geopolíticas e os conflitos armados na Ucrânia e no Médio Oriente a prejudicaram as exportações nacionais.
Embora a conjuntura internacional se mantenha adversa, os dados do INE revelam que, em agosto, o indicador de procura externa dirigida à economia portuguesa recuperou, em termos homólogos, 1,2%, o que compara com -1,8% registados no mês anterior. Em parte, essa recuperação poderá ter beneficiado de efeitos-base, já que foi em agosto de 2023 que se registou a maior queda mensal na procura externa (-15,6%).
Porém, essa recuperação da procura externa nacional acontece também numa altura em que se verifica, nas economias avançadas, uma antecipação das importações de bens devido a receios de que as tensões comerciais e geopolíticas se acentuem.
Os dados do INE referentes ao terceiro trimestre evidenciavam precisamente isso: as exportações e importações de bens aumentaram pelo segundo trimestre consecutivo refletindo, "em grande medida, acréscimos significativos nas transações de bens com vista a ou na sequência de trabalhos por encomenda, sem mudança de propriedade", ou seja, sem movimento transfronteiriço de bens.
A essa maior pujança nas transações de bens, junta-se um maior dinamismo ao nível dos serviços, devido acrescente normalização dos padrões de consumo global pós-pandemia, com impacto sobretudo no turismo.
O INE esclarece ao Negócios que o crescimento de 1,2% napro- cura externa em agosto refletiu "as principais evoluções positivas nos dados de Espanha, dos Estados Unidos e do Reino Unido", cujas importações aumentaram, em média, de forma mais significativa Nesse mesmo mês, o valor total das exportações de bens e serviços portugueses foi de 11,5 mil milhões de euros, o que compara com 11,3 mil milhões do ano anterior.
Nos meses anteriores, o INE destaca que se tinham verificado "evoluções negativas na generalidade dos países que compõem o indicador, com destaque para Espanha e França". De notar que, para calcular este indicador, são consideradas as importações dos Estados Unidos, Japão, Espanha, Alemanha, França, Itália, Países Baixos, Bélgica, Suíça e Reino Unido, cujas variações são ajustadas de sazonalidade e de dias úteis.
Expectativa de novos aumentos
As projeções macroeconómicas apontam para que a procura externa dirigida à economia portuguesa acelere até 2026, depois de em 2023 ter sido negativa em 0,5%. Para este ano, as projeções são de que, apesar do arranque menos favorável, a evolução da procura externa na segunda metade do ano permita que o indicador anual retome valores positivos.
A expectativa do Ministério das Finanças é de que a procura externa aumente 0,9% este ano, tal como prevê o Conselho das Finanças Públicas (CFP). Ainda assim, o Governo espera que a procura externa dê um contributo "aproximadamente nulo para o crescimento do PIB em 2024", após ter penalizado o PIB do ano passado com as exportações a cresceram menos do que as importações. Para 2025, a previsão é também de crescimento, mas o contributo da procura externa para o PIB deverá ser igualmente nulo.
Mais otimista, o Banco de Portugal (BdP) prevê que a procura externa cresça 1,1%, mas admite que a evolução das exportações seja condicionada até 2026 "pelo esgotamento do impulso da recuperação pós -pandemia dos serviços, em particular dos associados ao turismo". "A recuperação projetada para a procura externa dirigida à economia portuguesa deverá ser mais lenta do que a do comércio mundial, refletindo um menor dinamismo do comércio intracomunitário", alerta o BdP.