O mercado de trabalho mantém uma evolução favorável, com um aumento anual do emprego de 0,9% até 2026. A taxa de desemprego permanece em 6,6%.
O padrão de crescimento da atividade, caraterizado pelo dinamismo das exportações e do investimento, é consistente com a manutenção de equilíbrios macroeconómicos fundamentais, com destaque para o excedente das contas externas. São, também, estes fatores que permitem que a economia portuguesa cresça acima da área do euro (0,9 pp em média).
Identificam-se riscos equilibrados para a atividade. O contexto internacional, associado às tensões geopolíticas, pode originar uma evolução mais desfavorável da procura externa. A evolução da política monetária fora da área do euro e da economia chinesa constituem fatores de incerteza. Mas o crescimento do rendimento disponível real poderá ser mais forte e transmitir-se mais acentuadamente ao consumo, com reflexos positivos na evolução do PIB. No caso da inflação, há riscos em alta. O agravamento de conflitos bélicos pode implicar um aumento dos preços de algumas matérias-primas e a recente evolução do preço dos serviços sugere cautela sobre a persistência do ciclo inflacionista.
O Boletim Económico de junho inclui projeções orçamentais. O saldo orçamental deverá deteriorar-se nos próximos anos. Projeta-se que o excedente de 1,2% do PIB em 2023 (1,6% sem medidas extraordinárias) recue para 1% em 2024, 0,8% em 2025 e 0,6% em 2026.
Após o fecho da informação, ocorreu o anúncio e aprovação de várias medidas de política com impacto orçamental relevante e permanente que não estão consideradas.
O rácio da dívida pública, que se fixou em 99,1% do PIB em 2023, continuará a diminuir, sendo inferior à média da área do euro a partir de 2025. No entanto, cenários desfavoráveis – envolvendo crescimento mais baixo ou regresso a défices orçamentais – interromperiam essa trajetória, impedindo o cumprimento do requisito mínimo de redução do rácio da dívida previsto nas novas regras orçamentais da União Europeia.
As novas regras orçamentais europeias colocam a ênfase na evolução da despesa primária líquida de receitas discricionárias, pelo que, apesar do excedente de 2023 e da diminuição do endividamento público, não existe margem para aumentos de despesa ou reduções de impostos que não sejam compensados orçamentalmente.