A industria textil e do vestuario vive um momento exigente, com custos de producao elevados, retracao da procura, instabilidade geopolitica e a concorrencia das plataformas de ultra fast fashion. Para Mario Jorge Machado, presidente da Associacao Textil e Vestuario de Portugal (ATP), estes sao alguns dos obstaculos enfrentados por um setor que, no caso portugues, apresenta diversas vantagens competitivas. “Temos um cluster integrado, concentrado geograficamente, flexivel, com forte know-how e praticas de sustentabilidade reconhecidas”
A ATP agrega cerca de 500 empresas. Como e que a associacao tem apoiado a industria portuguesa do textil e do vestuario?
A ATP representa toda a fileira têxtil e vestuário portuguesa, reunindo empresas de todas as dimensões e segmentos - fiações, tecelagens, tricotagens, tinturarias, acabamentos, vestuário, têxteis técnicos e têxteis-lar. Esta abrangência confere-lhe representatividade e legitimidade, nacional e europeia, para atuar junto de autoridades, decisores políticos, parceiros sociais e stakeholders internacionais. Nos últimos anos, a ATP tem-se afirmado pela visão estratégica e capacidade técnica, combinando intervenção política, informação económica, desenvolvimento de projetos, promoção internacional e apoio técnico às empresas. Envolve-se em iniciativas de internacionalização e digitalização, ou de formação, sustentabilidade e circularidade. Defende uma política industrial europeia alinhada com a autonomia estratégica e a transição sustentável.
Quais sao os principais desafios que o setor enfrenta? E quais as vantagens competitivas que distinguem a industria portuguesa?
Vivemos um momento exigente, com custos de produção elevados, retração da procura, dificuldades de financiamento, instabilidade geopolítica e sobrecarga regulatória.É também um período de investimentos sem precedentes na transição sustentável e digital.As PME, que são a maioria do setor, enfrentam obstáculos acrescidos: escala reduzida, acesso limitado a financiamento e incentivos e dificuldade em atrair e reter talento, a par de rigidez laboral e fiscalidade pouco competitiva.A concorrência de países terceiros, com plataformas de ultra fast fashion que não cumprem regras ambientais, sociais ou fiscais, distorce o mercado e penaliza quem produz com responsabilidade.
Há risco de desaparecerem elos da fileira, comprometendo uma das maiores vantagens de Portugal: ter um cluster integrado, concentrado geograficamente, que assegura proximidade, rapidez e flexibilidade, aliado a forte know-how e engenharia de produto, ética e responsabilidade social, práticas de sustentabilidade reconhecidas, relações de confiança com clientes internacionais e uma oferta de qualidade e inovação, com produção complementada por serviços de alto valor acrescentado.
Leia a entrevista completa na Portugalglobal.